Tarcísio prevê que TIC será vetor de desenvolvimento de macrometrópole

A implantação do Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte, que teve a autorização de assinatura de contrato sancionada ontem, será o vetor de uma nova fase de desenvolvimento econômico da macrometrópole formada pelas regiões de Campinas, São Paulo e Jundiaí, beneficiando 11 cidades onde residem 15 milhões de pessoas. A avaliação foi feita pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao participar de solenidade na Estação Cultura, que trouxe a Campinas uma comitiva do governo chinês, deputados estaduais e federais, prefeitos e outros políticos paulistas. Ocontrato de concessão do serviço do governo para o consórcio sino-brasileiro C2 Mobilidade sobre Trilhos, vendedor da licitação internacional do TIC, será efetivado na segunda-feira (3) e prevê investimento de R$ 14,2 bilhões, com a geração de 10,5 mil empregos diretos, indiretos e induzidos.

De acordo com Tarcísio de Freitas, o impacto inicial será no mercado imobiliário, com as pessoas sendo estimuladas a morar mais longe de onde trabalham, e depois estimulará a instalação de novas empresas de vários segmentos, inclusive indústrias. De acordo com ele, o projeto "muda a dinâmica de ocupação territorial".

"Isso mexe com o mercado imobiliário, são mais empreendimentos, mais construções, mais obras. As atividades vão se desenvolvendo ao longo do tempo. Vale a pena você ter a sua planta (indústria) num local que será atendido pelo trem, porque terá transporte para seus funcionários”, disse o governador.

O Trem Intercidades marca a retomada dos investimentos em transporte ferroviário de passageiros no Estado e é o primeiro projeto do Programa São Paulo nos Trilhos, lançado nessa quarta-feira, que prevê R$ 190 milhões em investimentos em cerca de 40 propostas que utilizarão 2,5 mil quilômetros de ferrovias, dos quais 1 mil km de novos trilhos. Entre os projetos futuros, estão duas novas linhas de Veículo Leves sobre Trilhos (VLT) em Campinas, uma com destino ao Aeroporto Internacional de Viracopos e a outra conectando o município a Hortolândia e Sumaré. 

O programa inclui ainda a instalação de outros trens intercidades, VLTs, expansão das linhas do metrô paulistano e da Companhia Paulista de Trens Metropolitano (CPTM). De acordo com o governador, a chinesa CRRC, sócia do grupo brasileiro Comporte no projeto do TIC São Paulo-Campinas, já estuda a instalação de uma fábrica de equipamentos ferroviários para atender a nova demanda que está surgindo.

ATRAÇÃO

“Quando você dá esse passo importante no setor ferroviário, vai ter o Trem Intercidades São Paulo-Campinas, o Trem Intercidades São Paulo-Sorocaba, o Trem Intercidades São Paulo-São José dos Campos, São Paulo-Santos, o que uma empresa como a CRRC já começa a pensar? Poxa, vou fazer uma planta de material rodante no Brasil, não vou apenas importar. Essa conversa já está acontecendo, já está adiantada”, disse o governador. Ele citou ainda que o país é um dos maiores produtores de minério de ferro do mundo e uma potência siderúrgica, mas não tem uma fábrica de trilhos. “Não tem porque não tinha demanda. A partir que o transporte ferroviário vai crescendo, vai gerando essa demanda”, argumentou Tarcísio de Freitas.

O presidente da CRRC, Sun Yongcai, que veio ao Brasil para participar da solenidade, afirmou que o TIC Eixo Norte será “uma solução, uma referência tecnológica, com uso da Inteligência Artificial no transporte ferroviário”. A estatal é maior fabricante de material ferroviário do mundo, conta com 46 subsidiárias e produz locomotivas e vagões usados por operadores de metrôs, bondes e outros veículos. A empresa investe em novas tecnologias, incluindo trens de metrô da próxima geração, trens Maglev (rodam por levitação magnética) e locomotivas híbridas de célula a combustível de hidrogênio.

O cônsul-geral da China em São Paulo, Yu Peng, que integrou a comitiva, disse que o projeto do TIC aproxima o país do Brasil, com o acordo de cooperação mútua tendo 50 anos. De acordo com ele, 40 empresas chinesas listadas entre as 500 maiores do mundo já operam no Brasil, atuando em áreas como infraestrutura, agricultura e logística.
 

PROJETO

A sócia da CRRC no TIC é a Comporte Participações, conglomerado que reúne várias empresas de ônibus de linhas regulares e de fretamento. A empresa opera o Metrô de Belo Horizonte (MG) e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista, no litoral paulista, através da concessionária BR Mobilidade. O grupo atua em cerca de 700 cidades em 13 unidades federativas, incluindo o Distrito Federal, contando com uma frota de 7,2 mil ônibus entre urbanos, suburbanos, fretamento e rodoviários. A Comporte é da família do fundador da Gol Linhas Aéreas, Nenê Constantino.

Para implantar o Trem Intercidades, o consórcio formou a empresa TIC Trens S.A., que construirá e operará o projeto. A partir de agora, ela passará a elaborar o projeto executivo do empreendimento e iniciará o projeto de transição para assumir, em 18 meses, a operação da Linha 7-Rubi, mantida hoje pela CPTM e que também fez parte da concorrência pública.

A licitação prevê a implantação de outros dois serviços com o uso de trens elétricos. O primeiro a entrar em operação, o que está previsto para 2029, é o Trem Intermetropolitano (TIM), que circulará entre Campinas e Jundiaí com paradas em Valinhos, Vinhedo e Louveira. Outro é o Trem Intercidades São Paulo-Campinas, com uma parada em Jundiaí, programado para entrar em circulação em 2031. De acordo com Tarcísio de Freitas, a expansão do transporte ferroviário de passageiros prevista no São Paulo nos Trilhos são projetos estruturantes que preparam o Estado para futuro, com empreendimentos programados até 2045.

“Muitos projetos nós não vamos ver ficar prontos, mas são necessários porque a chegada a São Paulo está cada vez mais congestionada”, disse o governador, referindo-se à inauguração dos projetos e ressaltando a importância dos governos futuros darem continuidade a eles.

O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), disse que foi duas vezes para São Paulo nesta semana. Segundo ele, a viagem de carro chegou a levar três horas por causa dos congestionamentos, que começam já em Jundiaí. “Se não houver investimento ferroviário, nós vamos parar”, afirmou. Para ele, que completa 61 anos hoje, os projetos do TIC e VLT “são os maiores presentes do aniversário de 250 anos de Campinas”, que será em 14 de julho.

Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (CDRMC) e prefeito de Jaguariúna, Gustavo Reis (MDB), os projetos ferroviários são “um marco significativo para o desenvolvimento regional”. As novas linhas de VLT, que preveem um investimento de R$ 2,6 bilhões, serão integradas ao TIC, com o ponto de embarque e desembarque sendo na Estação Cultura (antiga Fepasa), no Centro. “Os investimentos refletem a seriedade e o comprometimento do governo com o progresso da nossa região”, completou ele.

Como o Correio Popular antecipou, o governo deu início aos estudos para o Veículo Leve sobre Trilhos, com o edital de concorrência pública previsto para sair no início de 2026. O leilão para escolha da empresa que executará o empreendimento deverá ocorrer em 2027, com a expectativa de implantação dentro de oito anos.

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