EM CAMPINAS

Saúde confirma morte de gestante por dengue e reforça orientações

Grávidas e mulheres que pariram há menos de 14 dias são mais vulneráveis às complicações da doença

Eliane Santos/Eliane.santos@rac.com.br
08/06/2024 às 08:33.
Atualizado em 08/06/2024 às 08:33
Os centros de saúde de Campinas disponibilizam repelentes gratuitamente para as grávidas; em 2024, 83 precisaram ser hospitalizadas por causa da doença (Alessandro Torres)

Os centros de saúde de Campinas disponibilizam repelentes gratuitamente para as grávidas; em 2024, 83 precisaram ser hospitalizadas por causa da doença (Alessandro Torres)

A pior epidemia de dengue em Campinas, que atingiu ontem 104.755 casos, fez a primeira vítima gestante deste ano. A morte foi anunciada na última quinta-feira junto a outros quatro óbitos, entre eles de um adolescente de 17 anos. Ela tinha 30 anos e estava com 22 semanas, o que corresponde a pouco mais de cinco meses de gestação. A Prefeitura reforça a necessidade de alguns cuidados para esse público especifico, lembrando, inclusive, que os centros de saúde (CS) disponibilizam repelentes para grávidas.

A vítima não tinha comorbidade, foi atendida na rede pública e era moradora da área de abrangência do CS DIC I. Ela teve início dos sintomas em 16 de abril e o óbito ocorreu em 23 do mesmo mês. Agora o município totaliza 35 mortes pela doença e tem ainda 2.494 infecções com sinal de alarme e 148 casos graves.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde, do total de casos confirmados até ontem, 818 são gestantes, o que representa 0,8 %, sendo que 83 precisaram ser hospitalizadas em unidades públicas e particulares. A Saúde lembra que nem toda hospitalização representa um caso grave. Isso porque, neste ano houve, uma mudança de critério pelo Ministério da Saúde e as indicações para internação hospitalar são para situações de presença de sinais de alarme ou de choque. Entre eles estão sangramento grave ou comprometimento grave de órgão, recusa à ingestão de alimentos e líquidos, comprometimento respiratório, como dor torácica, dificuldade respiratória, diminuição do murmúrio vesicular ou outros sinais de gravidade, impossibilidade de seguimento ou retorno à unidade de saúde por condições clínicas ou sociais, comorbidades descompensadas ou de difícil controle, como diabetes mellitus, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, uso de dicumarínicos, crise asmática e anemia falciforme, e, por último, outras situações a critério clínico.

Para o médico ginecologista e obstetra do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, André Pampanini Melo, é importante que as gestantes e as puérperas de até 14 dias não desprezem alguns sintomas da dengue, como dor de cabeça, enjoo e febre.

"Vale destacar que as gestantes e puérperas, especialmente até 14 dias pós-parto, são mais suscetíveis às complicações e evolução para as formas mais graves da dengue. A prevenção com uso de repelentes, diagnóstico oportuno e a vigilância clínica diária da gestante com suspeita ou confirmação de dengue se mostram como estratégias fundamentais para evitar complicações da doença nesse grupo da população”, disse, Melo. “Alguns sintomas da dengue se assemelham aos da gravidez. Por isso é essencial que a grávida fique atenta e procure o serviço médico.”

Além da eliminação de criadouros do mosquito, o ginecologista dá dicas para aumentar a proteção das grávidas contra a doença. Entre elas usar repelentes (icaridina, IR 3535 ou DEET), por cima de filtro solar e/ou maquiagem, aplicando várias vezes de acordo com a transpiração, usar roupas de cores clara (a fêmea é atraída por cores escuras), tentar cobrir membros inferiores e superiores e, conforme a textura do tecido aplicar repelente por cima da roupa.

As gestantes podem ter acesso aos repelentes contra mosquitos nas farmácias de todos os 68 centros de saúde da cidade. Para ter direito, ela precisa apresentar o cartão pré-natal para retirar o produto. Ontem, Gabriely da Silva, de 19 anos, que está de 39 semanas, estava no CS São Cristóvão ontem retirando o repelente. Ela afirmou que não descuida da sua saúde e a do bebê.

“Passo repelente de três em três horas. Ele não faz mal para o meu bebê e nem para mim. Chego a pegar de dois em dois e sempre fui orientada, durante as consultas, a usar o repelente. Apesar de não ser uma doença transmissível de pessoa para pessoa, se eu for picada e outro mosquito me picar, ele será infectado e espalhará a doença”, disse Gabriely.

MORTES

Os cinco últimos óbitos anunciados na quinta-feira em Campinas ocorreram entre 11 de abril e 9 de maio. Além da gestante, faleceram um homem de 62 anos, sem comorbidade, atendido na rede pública e morador da área de abrangência do CS Tancredo Neves, com início dos sintomas em 21 de abril e o óbito ono dia 24 mesmo mês; outra vítima do sexo masculino, 17 anos, com comorbidades, atendido na rede pública e morador da área de abrangência do CS Lisa, com início dos sintomas em 6 de abril e óbito no dia 11 do mesmo mês; e mais um homem de 91 anos, com comorbidades, atendido na rede privada e morador da área de abrangência do CS Barão Geraldo, que teve início dos sintomas em 15 de abril e morreu no dia 24 do mesmo mês. A quinta vítima era mulher, de 79 anos, com comorbidade. Ela foi atendida na rede privada após sentir sintomas em 4 de maio. Ela faleceu no dia 9 do mesmo mês e era moradora da área de abrangência do CS Paranapanema.

A Secretaria de Saúde reitera o alerta feito desde 2023 com objetivo de sensibilizar a população para tentar reduzir casos e óbitos: a melhor forma de prevenção contra a dengue é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d'água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.

“Os dados parciais do Painel de Monitoramento de Arboviroses indicam que a curva de transmissão começou a cair a partir de 5 de maio. Com a queda acentuada das temperaturas desde a semana passada, esperamos que os casos diminuam ainda mais. Por outro lado, é preciso alertar que as medidas de prevenção à dengue devem ser contínuas e realizadas o ano todo”, destacou o coordenador do Programa de Arboviroses, Fausto de Almeida Marinho Neto. O pico de transmissão da epidemia de dengue ocorreu no período entre 7 e 13 de abril.

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