BALANÇO

RMC tem 4ª melhor mês de março em exportações desde 2013

As 20 cidades da região somaram R$ 2 bilhões em vendas, desempenho bom historicamente, mas inferior aos R$ 2,57 bilhões de março de 2023

Edimarcio A. Monteiro/ edimarcio.augusto@rac.com.br
06/04/2024 às 08:41.
Atualizado em 06/04/2024 às 08:41
Crise na Argentina e menos dias úteis no mês de março de 2024 explicariam desempenho deste ano, na visão de especialistas; maior fabricante de fitas adesivas do país, sediada em Sumaré, atualmente exporta para 11 nações, entre elas Uruguai, Estados Unidos, Espanha e Austrália (Divulgação)

Crise na Argentina e menos dias úteis no mês de março de 2024 explicariam desempenho deste ano, na visão de especialistas; maior fabricante de fitas adesivas do país, sediada em Sumaré, atualmente exporta para 11 nações, entre elas Uruguai, Estados Unidos, Espanha e Austrália (Divulgação)

As exportações da Região Metropolitana de Campinas (RMC) em março somaram US$ 399,04 milhões (R$ 2,01 bilhões), o quarto melhor resultado para o mês desde 2013. É o que revela o Comex Stat, plataforma com dados da balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O desempenho representa uma queda de 21,69% em comparação aos US$ 509,55 milhões (R$ 2,57 bilhões) de março de 2023, que é o recorde da série histórica, e também é inferior aos US$ 465,84 milhões (R$ 2,35 bilhões) de igual período de 2022 e dos US$ 420,31 milhões (R$ 2,12 bilhões) de 2018.

Para o economista Luiz Eduardo Bastos, o resultado das empresas da RMC acompanhou o verificado nas exportações nacionais e está relacionado a dois fatores: menor número de dias úteis no mês passado, em virtude do feriado da Semana Santa, e a crise econômica argentina. “A Argentina passa por uma alta inflação, aumento do índice de pobreza, queda do poder aquisitivo, queda do consumo e adotou medidas para dificultar as importações”, afirmou. O país ainda tem uma posição de destaque nas exportações da Região Metropolitana, mas a participação vem caindo.

Em março de 2021, ele ocupava o primeiro lugar no ranking dos que mais compravam produtos das empresas regionais, com participação de 21,54% do valor total. Agora, a Argentina está na segunda colocação e representa entre 17% e 18% do montante. Atualmente, a liderança é dos Estados Unidos, com algo em torno de 19%, que subiu da segunda posição. O México aparece em terceiro lugar, com 7%.

ALTERNATIVAS

A redução das exportações para o mercado argentino afetou as empresas de todo o país. Segundo o MDIC, as exportações para a Argentina caíram 27,9% em março e somaram US$ 1,11 bilhão (R$ 5,6 bilhões). As importações aumentaram 2,8% e totalizaram US$ 1,22 bilhão (R$ 6,15 bilhões). Com isso, a balança comercial com a Argentina apresentou déficit de US$ 110 milhões (R$ 555,39 milhões). A corrente de comércio diminuiu 14,5% alcançando US$ 2,32 bilhões (R$ 11,72 bilhões). 

“A alternativa para as empresas de um modo geral, inclusive as da Região Metropolitana de Campinas que perderam vendas para a Argentina é buscar novos mercados, mas isso exige investimento e leva tempo”, disse Bastos. Esse é o caminho seguido pela maior fabricante de fitas adesivas do país, sediada em Sumaré. A empresa exporta atualmente para 11 países, entre eles Uruguai, Estados Unidos, Espanha e Austrália.

A indústria inaugurou esta semana uma expansão para dobrar a sua capacidade produtiva. Foram investidos R$ 25 milhões. O parque fabril passou a ter 30 mil metros quadrados (m²) de área construída, com os recursos sendo destinados também para um novo laboratório mais moderno. “O laboratório de desenvolvimento é equipado com máquina piloto, o que proporciona maior qualidade e segurança em novos projetos”, afirmou o presidente da indústria, Luís Gustavo Dias. 

Com a ampliação, a empresa 100% nacional, que está completando 57 anos, pretende aumentar em 13% o número de funcionários ao longo de 2024. Atualmente, ela emprega 340 pessoas. Além da unidade em Sumaré, que ocupa uma área de 150 mil m², a empresa tem filiais em Recife (PE) e Novo Hamburgo (RS).

DÉFICIT

De acordo com os dados do Comex Stat, as importações da Região Metropolitana em março foram de US$ 1,19 bilhão (R$ 6 bilhões), queda de 10,53% em relação ao US$ 1,33 bilhão (R$ 6,71 bilhões) de igual mês de 2023. Com isso, a balança comercial da RMC apresentou déficit de US$ 797,06 milhões (R$ 4,02 bilhões), queda de 3,2% em relação ao saldo negativo de US$ 823,36 milhões do ano passado.

No acumulado do primeiro trimestre, as exportações da RMC totalizam US$ 1,12 bilhão (R$ 5,65 bilhões), redução de 14,5% no comparativo com o US$ 1,31 bilhão (R$ 6,61 bilhões) de janeiro a março de 2023. As importações somaram R$ 3,52 bilhões (R$ 17,77 bilhões), redução de 2,5% em relação aos US$ 3,61 bilhões (R$ 18,22 bilhões) dos primeiros três meses de 2023. Já o déficit da balança comercial apresentou alta de 4,37%, passando de US$ 2,29 bilhões (R$ 11,56 bilhões) no ano passado para US$ 2,39 bilhões (R$ 12,06 bilhões) em 2024.

Os três setores que mais exportaram em março foram tratores, medicamentos e automóveis. Campinas foi a cidade da Região Metropolitana que mais exportou no mês passado, com o valor de US$ 85,46 milhões (R$ 431,48 milhões), de acordo o com o Comex Stat. O valor representou queda de 22,35% diante do US$ 1,1 bilhão (R$ 55 bilhões) de março de 2023. Os outros quatro municípios da RMC que mais exportaram foram Paulínia (US$ 65,25 milhões), Indaiatuba (US$ 57,2 milhões), Vinhedo (US$ 35,44 milhões) e Sumaré (US$ 33,96 milhões).

NOVA LICENÇA

O Aeroporto de Viracopos, em Campinas, se tornou o primeiro do país autorizado pela Receita Federal a realizar operações de multimodalidade de transshipment, que é a baldeação internacional de carga, passando a operar integrado com os modais aéreo, marítimo e rodoviário. Agora, as cargas que chegarem no Porto de Santos, por exemplo, podem ser trazidas para Viracopos onde embarcarão para um destino internacional sem a necessidade de obtenção de nova documentação. 

A nova operação inclui também o recebimento de cargas perigosas e da linha farmacêutica. O novo serviço possibilita realizar todas as transferências de carga internacional para qualquer empresa aérea. “O fluxo de transshipment (transbordo) internacional de carga potencializa a criação de rotas alternativas para companhias aéreas, freight forwarders (agentes de carga) e consignatários movimentarem cargas de forma mais rápida e eficiente, sendo de extrema importância para fortalecer o comércio exterior no Brasil e para que Viracopos continue a exercer uma posição de liderança nacional”, divulgou, em nota, a Aeroportos Brasil Viracopos (ABV), concessionária do aeroporto.

O novo fluxo está disponível somente para as empresas que exerçam a atividade de agente de carga no Brasil e estejam regularmente habilitadas, e somente após deferimento pela Receita Federal da solicitação de autorização para adotar o procedimento de baldeação internacional. O Terminal de Carga (Teca) ocupa uma área total de 90 mil m², contando com sistema de monitoramento de segurança, sistema de transelevadores, instalações específicas para cargas vivas e posições estratégicas para aeronaves cargueiras.

Atualmente, o terminal processa cerca de um terço de todas as cargas importadas no país pelo modal aéreo. Em 2023, o aeroporto registrou a terceira maior movimentação de carga (em peso) da história. Viracopos processou um total de 300 mil toneladas de carga no ano passado somadas as áreas de importação, exportação, remessas expressas (courier) e cargas nacionais. 

Ele é finalista na categoria Aeroporto de Carga do Ano na edição de 2024 da Air Cargo Week World Air Cargo Awards, premiação que será realizada no Novo Centro Internacional de Exposições de Xangai, na China, no próximo dia 26 de junho. Viracopos é o único aeroporto brasileiro a disputar o prêmio. A World Air Cargo Awards é uma das principais premiações mundiais na área de logística aérea e reconhece companhias aéreas, aeroportos, agentes de carga, despachantes, agentes de vendas em geral e prestadores de serviços logísticos.

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