OBSERVATÓRIO PUC-CAMPINAS

RMC exporta US$ 1,96 bilhão até maio, terceiro melhor resultado em 12 anos

Montante foi inferior aos anos de 2023 e 2022; saldo em pouco mais de três anos é de 65% de crescimento

Edimarcio A. Monteiro/edimarcio.augusto@rac.com.br
21/06/2024 às 08:17.
Atualizado em 21/06/2024 às 09:49
Terminal de Carga do Aeroporto Internacional de Viracopos é umdos mais importantes emovimentados do Brasil; a RMC teve participação de 6,24% nas exportações do Estado de São Paulo no mês passado, o menor índice dos últimos quatro anos (Kamá Ribeiro)

Terminal de Carga do Aeroporto Internacional de Viracopos é umdos mais importantes emovimentados do Brasil; a RMC teve participação de 6,24% nas exportações do Estado de São Paulo no mês passado, o menor índice dos últimos quatro anos (Kamá Ribeiro)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) registrou no acumulado dos primeiros cinco meses de 2024 o 3º melhor resultado em exportações em 12 anos ao atingir o total de US$ 1,96 bilhão (R$ 10,61 bilhões), de acordo com estudo divulgado pelo Observatório PUC-Campinas. O desempenho ocorreu apesar da queda de 14,78% na comparação com as vendas ao exterior ocorridas entre janeiro e maio do ano passado, quando a soma atingiu R$ 2,3 bilhões (R$ 12,45 bilhões), recorde desde 2013, início dos dados da série histórica disponível. O segundo maior montante nos primeiros cinco meses do ano foi em 2022, US$ 2,18 bilhões (R$ 11,8 bilhões).

“As exportações brasileiras vêm tendo um desempenho excepcional nos últimos anos. Do final de 2020 até o início de 2024, acumularam um crescimento de 65%, em que pese o fato de que parte desse crescimento representou a recuperação das perdas registradas em função da pandemia de covid-19”, afirmou a economista Mônica Mora y Araujo.

Apesar do resultado positivo, “é preciso ter uma perspectiva bem cautelosa quanto ao desempenho futuro das exportações, em função de alguns fatores que podem limitar sua expansão nos próximos anos”, completou. Para ela, os fatores possivelmente de maior impacto são os relacionados ao fato de que o mundo atravessa um momento de grande instabilidade e de profundas transformações, tanto no âmbito econômico quanto nas esferas social, tecnológica, ambiental e geopolítica, contexto que tem implicações importantes sobre o comércio mundial.

DÉFICIT NA BALANÇA COMERCIAL

Em relação às importações, no período de janeiro a maio deste ano foram US$ 6,2 bilhões acumulados, alta de 3,16% em comparação aos US$ 6,02 bilhões (R$ 32,61 bilhões) de 2023, mantendo a sinalização de retomada da atividade industrial. Isso em função das empresas serem dependentes da compra de insumos adquiridos no exterior para a fabricação de seus produtos. Com isso, o saldo da balança comercial apresentou déficit de US$ 4,24 bilhões (R$ 22,96 bilhões) nos primeiros cinco meses de 2024, aumento de 3,1% em relação aos US$ 3,73 bilhões (R$ 20,2 bilhões) do ano anterior.

REFLEXOS

Maior operação ferroviária da América do Sul, uma fabricante de vagões de carga e truque ferroviário de Hortolândia está em fase de retomada de crescimento após andar de lado desde 2020, ou seja, sem tendência de queda e aumento. A empresa exporta para diversos países e acompanha o desempenho do setor. A expectativa do segmento é produzir 2 mil vagões neste ano, alta de 33,33% em relação aos 1,5 mil do ano passado. “Estamos chegando em 2024 a um patamar razoável, com previsão de crescimento contínuo e de chegar a 3 a 4 mil vagões por ano”, afirmou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, executivo da indústria regional.

Além da elevação dos pedidos das empresas de transporte ferroviário nacionais, ele apontou encomendas recebidas de Guiné-Bissau, África Ocidental e Chile. “As perspectivas são positivas para o mercado ferroviário. Apesar de a fase ainda não ser a melhor, existe previsão de melhora. E as renovações vêm se consolidando cada vez mais”, afirmou Vicente Abate.

A indústria concluiu em abril investimento de R$ 1,5 milhão em eficiência energética na fábrica de Hortolândia. A empresa instalou uma usina solar fotovoltaica para produção de energia elétrica e fez a troca de parte da iluminação do parque industrial, passando a utilizar lâmpadas de LED, que são mais econômicas e eficientes. A economia anual estimada com a nova usina é de 1.511,12 MWh, o suficiente para suprir o consumo de 637 residências por mês. “A utilização de energia solar e iluminação LED nos permite reduzir nossos custos de energia em longo prazo ao mesmo tempo em que aumentamos nossa eficiência operacional”, afirmou o CEO da empresa, Eduardo Scolari.

DESEMPENHO

De acordo com o estudo do Observatório PUC-Campinas, realizado com base em dados do Ministério de Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, nos últimos 12 meses o destaque das exportações regionais foi para o setor de bombas de ar, com alta de 47,73%, sangue humano e animal para uso terapêutico e produção de vacinas (33,82%) e preparações e conservações de carne (14,3%). Por outro lado, tiveram queda nas vendas ao exterior os setores de pneus (-24,87%), partes de motores (-23,62%) e óleos de petróleo ou de minerais betuminosos (-11,96%).

Os cinco principais países compradores de itens da região são Estados Unidos, Argentina, México, Chile e Alemanha. O levantamento da unidade de pesquisa da PUCCampinas apontou ainda crescimento das importações de medicamentos (7,93%), circuitos eletrônicos (1,44%) e partes e acessórios de máquinas de escritório (1,13%). As maiores quedas foram de compostos heterocíclicos, usados pela indústria de química sintética (-56,36%), ácidos nucleicos e seus sais, também utilizados por esse segmento (-25,75%), e aparelhos telefônicos (-2,36%). A China segue como principal fornecedor de produtos para as empresas da RMC, com participação nos últimos 12 meses de 23,34% do total. Depois aparecem, na ordem, Estados Unidos, Alemanha, Índia e Coreia do Sul.

No mês de maio, as exportações das empresas da Região Metropolitana de Campinas foram de US$ 419,44 milhões (R$ 2,27 bilhões), queda de 19,89% em comparação aos US$ 523,6 milhões (R$ 2,83 bilhões) de igual mês de 2023. De acordo com o relatório do Observatório PUCCampinas, “maio é tradicionalmente um mês de relativa alta volatilidade nos valores históricos das exportações”, com a redução estando dentro de um quadro considerado normal.

Com isso, a RMC teve uma participação de 6,24% nas exportações do Estado de São Paulo, o menor índice dos últimos quatro anos, voltando ao patamar de maio de 2020. Nesse período, a maior participação foi em 2022, quando chegou a 8,31% do total. A porcentagem de participação já havia caído para 7,71% no ano passado. Já as importações representaram 22,42% do resultado paulista, maior índice desde maio de 2021, quando foi de 21,91%. No ano passado, a RMC respondia por 18,86% das importações. 

“As análises mais recentes do Observatório PUC-Campinas apontam para um ano de aumento nas importações (variação de 9,35%) e de expressiva queda das exportações (-10,81%)”, disse o relatório da unidade de pesquisas, com os levantamentos da balança comercial sendo conduzidos pelo economista Paulo Ricardo da Silva Oliveira, também professor da PUCCampinas. “Em relação às últimas previsões, nota-se que os dados de exportação do mês de abril indicaram uma certa estabilização tanto na taxa de variação das exportações (a varição anterior era de -10,53%) quanto das importações, que apresentou uma pequena piora (10,04%)”, acrescentou o documento.

Para o Observatório, “a redução das importações previstas pode estar relacionada à queda no valor importado tanto de bens acabados como bens intermediários”. De acordo com o levantamento, houve aumento dos valores importados para quase todas as diferentes categorias de complexidade, exceto para a categoria de baixa complexidade, que apresentou redução de 22,6%. A maior alta foi para produtos de média-baixa complexidade, 26,99%.

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