INTERVENÇÃO URBANA

Revitalização da Campos Sales é objeto de altas expectativas

Requalificação impõe transtornos, mas promete resultado promissor

Ronnie Romanini/ ronnie.filho@correiopopular.com.br
18/02/2023 às 10:29.
Atualizado em 18/02/2023 às 10:29
Segundo a Prefeitura de Campinas, o projeto contou com o apoio e a participação da população e dos comerciantes, “imprescindíveis para que a requalificação e seu resultado sejam relevantes” (Kamá Ribeiro)

Segundo a Prefeitura de Campinas, o projeto contou com o apoio e a participação da população e dos comerciantes, “imprescindíveis para que a requalificação e seu resultado sejam relevantes” (Kamá Ribeiro)

Comerciantes e população que frequentam diariamente a Avenida Campos Sales, em Campinas, começam a sentir um misto de apreensão e empolgação com o início do projeto "Viva Campos Sales", que integra o Plano de Requalificação da Área Central de Campinas (PRAC). Embora outras obras menores já tenham sido executadas no Centro - inclusive na própria Campos Sales, que em uma primeira etapa ainda no ano passado passou por intervenções aéreas mais simples - esse pode ser considerado o início de uma ação mais efetiva, de grande porte e com um período maior de duração dentro do Plano de Requalificação que é um dos principais projetos da gestão de Dário Saadi (Republicanos).

De acordo com a Emdec, as obras estão na fase de abertura de valas, para que a tubulação das redes elétricas e de telefonia seja colocada pelas equipes. Mesmo que o recapeamento seja realizado apenas depois das obras, a ideia é a de que, depois das valas serem fechadas, os carros possam voltar a circular. 

"É preciso bastante coragem, porque não é tarefa simples concretizar esse tipo de obra. As intervenções não são fáceis e a responsabilidade é maior ainda, porque na (Avenida Francisco) Glicério - que tem extensão maior - deu certo. Então, a Campos Sales tem que dar certo em um prazo menor", pondera o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Vinicius Riverete. 

Alvo de revitalização ainda durante a gestão do ex-prefeito e atual deputado federal Jonas Donizette (PSB), a extensão da Glicério, que passou por obras compreendeu 1,4 quilômetro, enquanto na Campos Sales, a extensão total é de 920 metros.

Atualmente, a Emdec está em fase de licitação para que o próximo local-alvo de intervenções de requalificação seja a Rua José Paulino, como revelou o prefeito em entrevista ao Correio Popular em janeiro, o que foi confirmado na sexta-feira (17) pelo presidente da Emdec. "Também estamos licitando a reforma da Rua José Paulino. Acho muito interessante levar vida para o Centro e oferecer à população mais um ambiente agradável, com melhor iluminação." 

Por fim, Riverete ressaltou a importância da participação dos comerciantes ainda durante a fase pré-intervenções e agora, com elas acontecendo. "Foram extremamente relevantes as reuniões da ACIC e a participação dos comerciantes. A população apoiou o projeto de certa maneira, fez alguns comentários sobre as suas preocupações, mas, em relação ao projeto, a participação popular e dos comerciantes é imprescindível para que tudo dê certo. É uma obra de todos, em conjunto." 

Movimentação no local No quarteirão da intervenção, neste momento, algumas dificuldades são visíveis. Em visita a alguns estabelecimentos comerciais foi possível observar que o acesso está prejudicado em alguns locais com terra e valas, enquanto em outros, a solução foi colocar uma tábua para evitar que a terra vire um lamaçal quando chove, possibilitando que os pedestres possam passar sem sujar tanto os seus calçados. 

"Eu venho aqui há algum tempo e quando passei de carro, nas últimas duas vezes, achei que estava fechado, mas não estava. De carro eu não conseguia ver direito, tinham algumas placas muito altas na frente. Pelo visto, vai demorar para arrumar a calçada e isso dificulta um pouco a circulação de pessoas. Hoje consegui ver que estava aberto", contou a atendente de telemarketing, Lilian Silva, enquanto aguardava para cortar o cabelo. 

Ao mesmo tempo em que notou a dificuldade, Lilian gostou da parte do projeto que prevê que os fios serão subterrâneos. Ela acredita que dessa maneira é melhor e avaliou que isso pode ser benéfico até para as árvores, lembrando que Campinas tem tido um número muito grande de ocorrências de quedas e que a manutenção não é fácil.Embora esteja um pouco escorregadia a entrada pelo piso utilizado no comércio e pela terra que se espalha, aparentemente, o pior já passou para o estabelecimento. 

"Agora até que está tranquilo. Antes, eram umas placas grandes que estavam em pé e as pessoas não conseguiam sequer ver que a gente estava aberto. Estavam vindo alguns clientes, mas não podiam entrar, mas a gente dava um jeito", contou Edmar da Costa, que trabalha na barbearia. 

Um pouco mais abaixo, uma lanchonete achou uma solução improvisada, mas que ajudou um pouco a deixar a entrada do local mais acessível. João Almeida colocou algumas tábuas em cima dos buracos e da terra e avalia que isso amenizou o problema. Entretanto, o comerciante sentiu o efeito no bolso durante esta semana em que as ações estão sendo realizadas no quarteirão.

"O movimento caiu quase que totalmente, mais de 90%. Ninguém quer pisar em terra para entrar. E vai ser a mesma coisa do outro lado da rua, quando forem fazer as intervenções lá. Os clientes, então, passarão a vir para cá, mas ainda não nos deram uma previsão de quando vão finalizar este quarteirão."

Ele comentou que alguns clientes até o abordam dizendo que deve estar sendo um momento difícil. Na visão dele, as pessoas querem ficar ao ar livre, na calçada, tomando uma cerveja e comendo uma porção. Entretanto, na atual situação, o estabelecimento dele não permite que isso aconteça. "Por mim, eles poderiam vir e fazer as obras em frente a uma das três entradas, deixando duas livres. Depois, liberava uma e ia para a próxima, mas pegaram direto as três entradas. Senti bastante no bolso em três dias", contou Almeida, que logo acrescentou: "E eu gostei muito do projeto original, muito mesmo." 

O comerciante tem todo o projeto no WhatsApp e comentou que participou de debates sobre a requalificação da Campos Sales. Com o projeto aprovado, ele espera que, realmente, as mudanças acarretem em uma melhora para todos os comerciantes do local, trazendo o movimento da população de volta. Almeida chegou da Bahia há cerca de 30 anos e lembra com nostalgia: "Há 30 anos, com o fluxo de clientes que vinha para o Centro, o que você colocava para vender, vendia". 

Chuvas não interferiram 

A intervenção na via Campos Sales estava prevista para iniciar em agosto, mas, por conta dos custos e da necessidade de reduzi-los e, ainda, aliviar o impacto das obras sobre as vendas do comércio na região, houve um primeiro adiamento para outubro. Na época da prorrogação do início da requalificação, o prefeito Dário Saadi afirmou que as readequações eram necessárias e que mudanças são comuns em qualquer projeto de grande porte. 

No dia 26 de janeiro, início efetivo das obras na Campos Sales, o prefeito Dário reuniu a imprensa no Palácio dos Jequitibás para fornecer detalhes sobre o "Viva Campos Sales". As intervenções, que exigirão investimentos da ordem de R$ 36 milhões, deverão ser concluídas em 12 meses. O presidente da Emdec afirmou que as fortes chuvas não atrapalharam o cronograma e a previsão de término ainda este ano está mantida. 

A evolução dos trabalhos se dará por quadras. A primeira a ser trabalhada é a da Avenida Andrade Neves e a Rua Onze de Agosto. Na sequência, as obras chegarão ao trecho compreendido entre a Onze de Agosto e a Rua Saldanha Marinho. A modernização da Av. Campos Sales, destacou Dário, integra o plano de requalificação da área central e de resgate de espaços públicos. 

A iniciativa vem sendo tratada pela Prefeitura como uma espécie de gatilho indutor de novas ações com o mesmo objetivo. Uma delas é a requalificação do antigo Pátio Ferroviário da cidade, que deverá servir à instalação de projetos imobiliários e à implantação de um hub de tecnologia e inovação. 

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