Aplicação das doses, que pode ser feita simultaneamente, acontecerá na presença dos pais ou responsáveis (Kamá Ribeiro)
Diante da baixa adesão de alguns grupos à vacinação contra a gripe e das crianças contra o sarampo, as secretarias municipais de Saúde e Educação estabeleceram uma pareceria para realizar a aplicação do imunizante dentro das creches públicas de Campinas a partir desta segunda-feira (23) e, desta forma, ampliar a cobertura vacinal contra os vírus causadores dessas doenças. Ação semelhante já aconteceu antes com a vacina da covid-19, parceria que à época também contou com a Secretaria Estadual de Educação. Desta vez, a intenção é que a ação atinja até 60 unidades de educação do município até o dia 3 de junho, data em que está previsto o fim das campanhas em todo o país.
A aplicação das doses, que pode ser feita simultaneamente, acontecerá na presença dos pais ou responsáveis. Caso o comparecimento não seja possível, será necessário encaminhar um termo de consentimento por escrito. O primeiro local a receber a ação de vacinação nesta segunda-feira (23) será o Centro de Educação Infantil (CEI) Brígida Chinalia Costa, às 16h, no horário de saída. A imunização será feita por profissionais do Centro de Saúde Paranapanema.
A tentativa de novas estratégias de vacinação leva em conta a baixa adesão de alguns grupos. As crianças a partir de seis meses e menores de cinco anos de idade e as gestantes são os grupos com menor índice de imunização contra a gripe até o momento, com 24% e 22%. Em relação às crianças, 15.806 doses foram aplicadas, enquanto o mesmo aconteceu em 2.378 gestantes. Também é baixa a adesão das puérperas, com apenas 593, ou 33%, vacinadas. A cobertura nos idosos está em 76%, e, nos profissionais de saúde, em 50%.
No comunicado divulgando a parceria entre as Secretarias, a coordenadora do Programa Municipal de Imunização, Chaula Vizelli, lembrou que a chegada de estações mais frias favorece a circulação dos vírus respiratórios. "É fundamental que as crianças sejam vacinadas contra a gripe e contra o sarampo o mais rápido possível porque, durante o inverno, a população fica mais suscetível. E, depois de aplicada, a vacina leva alguns dias para atingir o efeito desejado e proteger o organismo. Por isso, resolvemos fazer essa parceria com a Secretaria de Educação e levar as vacinas até as creches, que concentram grande número de crianças na faixa etária elegível da campanha. Queremos facilitar o acesso."
Contra o sarampo, a vacinação também está longe do ideal. A cobertura das crianças da faixa etária entre seis meses e menores de cinco anos está em 21%, ainda menor que a da gripe. Foram 13.785 doses aplicadas até quinta-feira (confirmar). Para elas, a vacinação é indiscriminada, ou seja, todas as crianças deste grupo estão elegíveis para receber a dose independente da situação vacinal. Para a infectologista da Unicamp e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Raquel Stucchi, a iniciativa de levar a vacinação para dentro das creches é importante.
"Vacina nas creches, escolas, centros comerciais, a ampliação do horário de funcionamento de unidades básicas para a vacinação são iniciativas que devem ser tomadas. Quanto mais a gente facilitar para as famílias, maior será a adesão."
Entretanto, ela atribuiu o baixo índice de adesão à falta de comunicação efetiva dos gestores na divulgação das campanhas. "Isso se soma à campanha antivacina que foi feita no último ano pelo Governo Federal. É uma campanha que foi contra a vacinação da covid-19, mas que também reflete nas outras vacinas, trazendo desconfiança e insegurança às famílias. Falta uma campanha mais clara do Ministério da Saúde, e também do município, sobre a vacinação contra a gripe e sarampo que está acontecendo."
A vacina contra a gripe foi aplicada na quinta-feira em 150 pessoas em situação de vulnerabilidade. A ação, promovida pela Secretaria de Saúde, por meio do Consultório na Rua e da Vigilância em Saúde, aconteceu na Casa da Cidadania. Além de promover a imunização dos mais vulneráveis, o objetivo também foi o de realizar busca ativa para averiguar quem está com sintomas respiratórios. De acordo com a coordenadora do Consultório na Rua, Alcyone Januzzi, caso a médica que faz as avaliações suspeite de doença, uma amostra é coletada para exame de diagnóstico de tuberculose.
De acordo com o divulgado, em caso de resultado positivo o Centro de Saúde de referência do paciente buscará localizá-lo para que o tratamento seja iniciado.
A ação deve passar por todas as regiões de Campinas. Depois da Sul, nesta semana, a ideia é ir para a região Noroeste a partir desta segunda-feira, nas proximidades do CS Perseu. Na terça, o Consultório na Rua circula pelo Balão do Laranja. Na quarta, próximo ao CS Valença e, na quinta, ao CS Integração. As regiões Norte, Leste e Sudoeste serão contempladas nas três semanas seguintes. O Consultório na Rua é um equipamento conveniado do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira e realiza a vacinação em parceria com os Centros de Saúde de referência dos territórios.