População está aprendendo a conviver com o vírus, diz infectologista (Wagner Souza/AAN)
O governo do Estado vai expandir para 100 cidades o monitoramento e rastreamento de pessoas que, nas duas últimas semanas, tiveram contato de pelo menos 15 minutos com pessoas infectadas pelo novo coronavírus. O projeto piloto, que inicia agora, já teve uma fase em três cidades voluntárias, Araraquara, São Bernardo do Campo e Bauru. “Vamos expandir essa cobertura para 1,4 milhão de pessoas e orientar o isolamento da população que teve contato com infectados”, disse a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen. Campinas, segundo a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Campinas (Devisa), Andrea Von Zuben, vai aderir ao projeto. O rastreamento dessas pessoas, segundo o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, ocorrerá mediante adesão dos municípios — o protocolo de adesão, disse, será divulgado nos próximos dias. “A gente pede que as prefeituras possam cada vez mais aderir a esse processo para podermos fazer um grande projeto de rastreamento e isolamento social no Estado”, disse. Vinholi pediu apoio das prefeituras na mobilização das equipes de vigilância, agentes comunitários e profissionais de saúde para a busca ativa de infectados pelo coronavírus. Patrícia Ellen observou que 98% dos municípios já realizam monitoramento de contactantes e, em função disso, nos últimos 15 dias, mais de meio milhão de pessoas foram isoladas e monitoradas pelas equipes de saúde. “Vamos melhorar o resultado desse trabalho que hoje é feito por profissionais de saúde, com ferramentas, protocolos e os dados trabalhados de forma descentralizada. Para que possamos dar o próximo salto, nós estamos hoje criando uma ferramenta tecnológica para que os municípios aumentem o número de pessoas monitoradas e aumentem a eficiência desse monitoramento”, afirmou. Os protocolos, disse, passam a ser mais abrangentes para uma cobertura mais segura dos contatos. A infectologista e virologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Nancy Belei, observou que a população está no início do aprendizado de como conviver com esse vírus. “É possível que em alguns momentos a gente tenha recrudescência de internações e óbitos de forma muito irregular no Estado e no País. Boa parte das transmissões aconteceu em domicílios e a partir do momento que pequenas unidades funcionam como domicílios (trabalho, escritórios), se não tivermos as mesmas medidas e preocupações de isolamento, vamos voltar a ver aumento do número de casos", afirmou. Campinas já rastreia, mas vai aderir ao projeto Campinas já rastreia e monitora pessoas que tiveram contato com pessoas infectadas pelo coronavírus, e vai aderir ao projeto do Estado de rastreamento e monitoramento de contactantes. A expectativa da diretora da Devisa, Andrea Von Zuben, é que o Estado disponibilize uma ferramenta tecnológica para facilitar o trabalho dos profissionais da saúde que atuam nesse rastreamento. O método utilizado pela Secretaria de Saúde é trabalhoso. Diariamente, pessoas que estiveram próximas de infectados são contatados, por telefone, para relatar se estão com febre, dificuldade de respirar ou outro sintoma indicativo da Covid-19. Em caso positivo, são orientadas a procurar uma unidade de saúde. Cerca de mil pessoas, em média, por dia, são acompanhadas. O acompanhamento dos contactantes é feito durante 14 dias.