BOM DESEMPENHO

Ranking de Competitividade coloca sete cidades da RMC entre as 100 melhores do país

Campinas foi a melhor colocada da região, na 8ª posição nacional e 4ª estadual; classificação considera 65 indicadores, entre eles inovação e dinamismo econômico

Edimarcio A. Monteiro edimarcio.augusto@rac.com.br
22/08/2024 às 08:02.
Atualizado em 22/08/2024 às 09:45

Barracão industrial em construção no distrito Ouro Verde, em Campinas: cidade ocupa o primeiro lugar entre os municípios do interior do país em termos de competitividade; indicadores nas áreas de economia, saúde, educação e saneamento foram analisados para formação do ranking (Alessandro Torres)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem sete cidades entre as 100 melhores do país, de acordo com a 5ª edição do Ranking de Competitividade dos Municípios lançado ontem, em Brasília, pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a Gove e a Seall, empresas que atuam nas áreas de pesquisas e soluções de informática. Campinas é a cidade melhor colocada, na 8ª posição nacional e na 4ª estadual, com a listagem trazendo ainda Americana, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Paulínia e Valinhos no top 100. O levantamento apresenta os resultados dos 410 municípios do país com mais de 80 mil habitantes, que, juntos, correspondem a 60% da população brasileira.

Outros duas cidades da RMC, Santa Bárbara d'Oeste e Sumaré, também aparecem na listagem, mas fora do top 100. O ranking se baseia em 65 indicadores, distribuídos em 13 pilares temáticos considerados fundamentais para a promoção da competitividade e melhoria da gestão pública das cidades brasileiras. “Nós chamamos de competitividade a capacidade de um governo articular, planejar e executar boas políticas públicas”, explicou a especialista em advocacy e análise de conjuntura política, Carla Marinho, da área de Relações Governamentais e Competitividade da CLP.

“Isso significa desenhar políticas baseadas em dados, uso racional de recursos a partir de diagnóstico e indicadores claros, ou seja, cada vez mais tomar decisões baseadas em informações em vez de opiniões”, completou. O ranking é elaborado a partir de pesos diferentes entre os quesitos avaliados. A inovação e dinamismo econômico é o quesito com maior participação no levantamento, representando 16,1% do total, seguido por sustentabilidade fiscal (10,2%) e funcionamento da máquina pública (9,3%). São avaliados ainda acesso e qualidade da educação e saúde, telecomunicações, saneamento, capital humano, segurança, inserção econômica e meio ambiente.

REFLEXOS

No pilar de inovação e dinamismo econômico, Campinas captou em 2023 aproximadamente R$ 4,3 bilhões em investimentos, o maior volume em dez anos. O desempenho posiciona o município entre os quatro paulistas que mais receberam recursos para novos empreendimentos. O balanço consta no estudo "O perfil dos investimentos confirmados no município de Campinas – 2023", realizado pelo economista Cristiano Monteiro da Silva, pesquisador do Observatório PUC-Campinas, com base em pesquisa da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O montante é quase o dobro do maior valor registrado anteriormente, que foi de R$ 2,4 bilhões em 2014, e mostra uma forte recuperação na captação de investimentos privados e públicos, algo que estava em queda há cinco anos.

O valor anunciado no ano passado é 31,5% maior do que a soma da captação ocorrida entre 2018 e 2022, R$ 3,27 bilhões. O montante mais baixo na última década foi registrada em 2022, quando ficou em R$ 53,6 milhões. O economista ressaltou a qualidade do perfil do investimento por se concentrar em serviços (76,1%) e infraestrutura (23,46%), preparando o município para o futuro. “Os investimentos em Campinas não ficaram concentrados em uma única empresa, se diluíram em várias e se destacaram por ser em desenvolvimentos de conhecimento, tecnologia e associados à sustentabilidade, à transformação digital, à indústria 4.0”, explicou Cristiano Monteiro, que também é professor da Faculdade de Economia da PUC-Campinas.

O ranking da CLP mostra que Campinas ocupa o 1º lugar entre as cidades do interior de todo o país, atrás apenas de capitais e municípios da Região Metropolitana de São Paulo. Florianópolis (SC) lidera o ranking nacional, seguido, na ordem decrescente, por São Paulo, Vitória (ES), Porto Alegre (RS), Barueri (SP), São Caetano do Sul (SP) e Curitiba (PR). Campinas aparece no ranking nacional à frente de outras capitais, como Belo Horizonte (MG – 13ª posição) e Rio de Janeiro (38ª), e outros municípios paulistas de grande porte, entre eles São Bernardo do Campo (21ª), São José dos Campos (29ª) e Guarulhos (186ª).

DESTAQUES

O levantamento de competitividade dos municípios colocou Campinas na 4ª colocação na avaliação de boas práticas de consciência social, sustentabilidade e governança, conceitos conhecidos pela sigla ESG, em inglês. O primeiro lugar é ocupado por Santos (SP). Na sequência, aparecem São Caetano do Sul e Balneário Camboriú (SC). São Sebastião (SP), na 5ª posição, é a cidade brasileira que mais avançou em comparação ao levantamento do ano passado, subindo 35 colocações.

Paulínia, em 4º lugar, e Campinas, em 6º, se destacaram na avaliação dos pontos da Agenda 2030 das Organizações das Nações Unidas (ONU), um plano global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, e 169 metas, criados para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos. Ente as metas estão saúde e bem-estar, igualdade de gênero, saneamento básico e ações sustentáveis para preservação do meio ambiente.

Nesse quesito, as três primeiras posições são ocupadas por cidades paulistas: São Sebastião, São Paulo e Santos. Florianópolis, em quinto, é o único município de outro Estado entre os cinco melhores colocados de todo o país. “Essa competição positiva favorece o cidadão e promove a transformação social”, disse a especialista em conjuntura política Carla Marinho.

Para o CEO da Gove, Rodolfo Ciori, o ranking mostra as grandes diferenças de realidade entre as regiões brasileiras. “As desigualdades regionais continuam chamando a atenção. Dos 100 primeiros colocados, 96 fazem partes das regiões Sul e Sudeste”, afirmou. As quatro cidades fora dessas áreas são todas capitais de Estado. Na 53ª colocação, Recife (PE) é a cidade do Nordeste mais bem posicionada. As outras três cidades de outras regiões são Palmas (TO – 54ª), Campo Grande (MS – 65ª) e Fortaleza (CE – 96ª). Entre as 50 cidades piores colocadas, 37 são do Nordeste e Norte.

TRANSPARÊNCIA

Outra classificação feita pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE), órgão responsável pela fiscalização do uso de recursos públicos pelas cidades paulistas, elevou Campinas da categoria Prata para Ouro. De acordo com o órgão, a evolução é em decorrência da melhoria dos índices validados neste ano, que atingiram 90,14% de transparência pública contra 78,15% em 2023.

A avaliação considera diversas informações distribuídas em categorias, como prioritárias, institucionais, receita, despesa, convênios e transferências, além de outras áreas. O Programa Nacional de Transparência Pública surgiu em 2022 por meio de um acordo de cooperação técnica formalizado entre a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), o Conselho Nacional de Controle Interno (Conaci), Instituto Rui Barbosa (IRB), Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC) e diversos Tribunais de Contas.

O programa tem por objetivo mapear os sites das administrações públicas de todo o Brasil, das três esferas de governo, incluídos os sites mantidos pelas próprias instituições de controle externo. Em Campinas, a Prefeitura mantém o "Portal da Transparência", onde o cidadão pode encontrar informações sobre como o dinheiro público é utilizado e se informar sobre assuntos relacionados à administração pública. A ferramenta pode ser acessadas no site da Prefeitura de Campinas, o www.campinas.sp.gov.br.

RANKING DE COMPETITIVIDADE - RMC

Município.....................................................................Posição

Campinas......................................................................8ª 

Indaiatuba.....................................................................19ª

Americana....................................................................23ª 

Paulínia........................................................................26ª 

Itatiba............................................................................49ª

Valinhos........................................................................67ª 

Hortolândia...................................................................89ª

Santa Bárbara d'Oeste................................................132ª

Sumaré.........................................................................211ª

Fonte: CLP (Centro de Liderança Pública)

  

  

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