NO ESTADO DE SÃO PAULO

RA de Campinas lidera investimentos anunciados no 1º semestre

Composta por 90 municípios, Região Administrativa concentrou 36,54% do total de R$ 45,7 bilhões

Edimarcio A. Monteiro/ edimarcio.augusto@rac.com.br
01/10/2023 às 14:41.
Atualizado em 01/10/2023 às 14:42
Maior parte do valor da RA de Campinas está sendo investido para a contrução de um data center em hiperescala em Paulínia, que ocupa uma área equivalente a 24 campos de futebol

Maior parte do valor da RA de Campinas está sendo investido para a contrução de um data center em hiperescala em Paulínia, que ocupa uma área equivalente a 24 campos de futebol

A Região Administrativa (RA) de Campinas, formada por 90 municípios, liderou os investimentos anunciados para o Estado de São Paulo no primeiro semestre deste ano. Ela concentrou R$ 16,7 bilhões, o que representou 36,54% do total de R$ 45,7 bilhões, de acordo com a Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp) divulgada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), ligada ao governo paulista, responsável pela produção e disseminação de análises e estatísticas socioeconômicas e demográficas. Ou seja, a RA de Campinas captou R$ 2 em cada R$ 5,5 em investimentos anunciados entre janeiro e junho deste ano.

A segunda colocada foi a Região Metropolitana de São Paulo, com recursos previstos de R$ 9,2 bilhões, o que equivale a 20,13% do total. Juntas, as duas regiões, que somam 129 municípios, têm participação de 56,57% nos investimentos anunciados para o Estado, composto por 645 cidades. Paulínia captou o maior volume de recursos de São Paulo, R$ 15,6 bilhões. Esse valor está sendo destinado a um empreendimento do setor de serviços de informação, a construção de um data center em hiperescala, que ocupa uma área de 200 mil metros quadrados, o equivalente a 24 campos de futebol.

Ele será composto por seis edifícios, com capacidade instalada de 48 megawatts (MW) cada para processar e armazenar grandes volumes de dados, além de atender a terceiros, com serviços em nuvem. Esse é um modelo de armazenamento de dados de computador normalmente gerenciado por uma empresa de hospedagem. O empreendimento vai gerar 1 mil empregos na fase de construção, com a primeira fase do data center entrando em operação no segundo semestre de 2024.

CAMPINAS

O estudo da Seade destaca ainda a Parceria Público-Privada (PPP), assinada em março entre a Prefeitura de Campinas e o consórcio Conecta Campinas, que assumiu o gerenciamento e manutenção da iluminação pública composto por 123 mil pontos de luz. O contrato de terceirização de serviço é de 13 anos e tem o valor de R$ 239,55 milhões. A administração municipal estima economizar R$ 3 milhões por ano com a energia elétrica em função da substituição das atuais lâmpadas incandescentes por outras de LED, mais eficientes, Elas clareiam mais e reduzem o consumo de eletricidade em 70%.

Essa foi a primeira PPP feita pela prefeitura e também a primeira licitação realizada por leilão. A modernização da iluminação pública inclui todo o conjunto de equipamentos da rede municipal, como ruas, avenida, praças, prédios históricos, monumentos e outros. 

“A cidade vai ter a iluminação que merece, melhorando a qualidade de vida e a sensação de segurança da população”, disse o prefeito Dário Saadi (Republicanos).

Outro investimento no município foram os R$ 60 milhões destinados pelo governo federal para o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) para ampliação das pesquisas em Open RAN (Open Radio Access Network). O projeto busca democratizar partes da rede de telecomunicações e assim não depender de grandes fabricantes de equipamentos de telecomunicações. 

O RAN é um conjunto de hardwares (equipamentos) e softwares (programas de computador) para transmitir e receber dados por meio de um sinal de radiofrequência (RF), fazendo a ligação entre os telefones celulares de todos os usuários e as antenas espalhadas pelas cidades, criando a rede de comunicação. Esse sistema hoje é um pacote fechado, tornando as operadoras dependentes dos grandes fornecedores mundiais.

O objetivo do Open RAN é desenvolver sistemas abertos, possibilitando a ampliação do número de fornecedores e a democratização da tecnologia de comunicação, o que é estratégico para todos os países.

“O CPQD vem investindo em Open RAN nos últimos quatro anos e em soluções para redes abertas no geral há muito mais tempo”, explicou o presidente da organização, Sebastião Sahão Júnior. “Acreditamos que soluções abertas e interoperáveis não são apenas uma tendência, mas uma oportunidade fundamental para tornar as redes 5G e de futuras tecnologias ainda melhores, mais baratas e seguras. Além disso, elas abrem oportunidades para tornar a indústria brasileira mais competitiva e relevante no ecossistema global”, acrescentou. 

O Pied apontou outros dois investimentos em Campinas. Um é de R$ 14 milhões da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa) para melhoria da distribuição de água. Ele trouxe ainda um acordo entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e uma empresa multienergética global para desenvolvimento de pesquisas na área de energia solar e baterias no valor de R$ 22,9 milhões. 

Em Piracicaba, o maior investimento anunciado no primeiro semestre foi de R$ 25 milhões, valor destinado para a instalação da nova sede do laboratório de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa voltada à agricultura. 

“Nosso time de campo conta com mais de 20 especialistas que conhecem as culturas, os problemas fitossanitários e outros fatores de produção aos quais o produtor está exposto no campo. Dessa forma, agregamos valor na cadeia de conhecimento e ajudamos nossos clientes no desenvolvimento de seus produtos, contribuindo para o sucesso dos mesmos em favor da agricultura”, disse o diretor regional para a América Latina da empresa, Fernando Gallina. Os outros investimentos na RA são em Limeira, Itupeva, Atibaia e Nova Odessa.

Para o coordenador do curso de Economia das Faculdades de Campinas (Facamp), o economista José Augusto Gaspar Ruas, os investimentos são expressivos e movimentam a região, mas não representam uma retomada da economia. “No aspecto macroeconômico, são investimentos localizados, pontuais, com menor impacto na geração de emprego e renda”, explicou. De acordo com ele, para que os investimentos tragam esses benefícios eles dependem de uma queda maior da taxa de juros e da manutenção de um cenário econômico favorável, o que estimularia as indústrias a voltarem a ampliar a produção ou instalarem novas plantas na região.

De acordo com o Piesp, o setor de serviços liderou o ranking de investimentos no Estado de São Paulo no primeiro semestre, somando R$ 21,9 bilhões. O relatório destacou ainda montantes aplicados em empreendimentos imobiliários. O maior é o de R$ 3 bilhões na implantação de um complexo multiuso no bairro da Mooca, em São Paulo, com escritórios, apartamentos residenciais, hotel, centro de convenções e outros equipamentos. 

Também é citada a quantia de R$ 300 milhões em um shopping tipo outlet, com capacidade para mais de 100 lojas, em Cravinhos, às margens do km 198 da Rodovia Anhanguera. Na área de atividades esportivas e de recreação e de lazer, o destaque é para o R$ 1 bilhão destinado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) para a abertura de cinco novas unidades em Limeira, Franca, Marília e duas na cidade de São Paulo.

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