REGIÃO ADMINISTRATIVA

RA de Campinas é a 2ª que mais gerou empregos no Estado de SP em 2024

Estudo da Fundação Seade considera o período de janeiro a maio deste ano, quando foram criados 59,6 mil postos com carteira assinada

Edimarcio A. Monteiro/edimarcio.augusto@rac.com.br
18/07/2024 às 09:36.
Atualizado em 18/07/2024 às 13:57
Setor da construção civil criou 6.787 novos postos de janeiro amaio de 2024, mais do que o dobro em relação às 2.682 vagas criadas em igual período de 2023; de acordo com José Reinaldo Santos da Silva, o desempenho não émelhor pela falta de mão de obra: “achar profissional qualificado está difícil” (Alessandro Torres)

Setor da construção civil criou 6.787 novos postos de janeiro amaio de 2024, mais do que o dobro em relação às 2.682 vagas criadas em igual período de 2023; de acordo com José Reinaldo Santos da Silva, o desempenho não émelhor pela falta de mão de obra: “achar profissional qualificado está difícil” (Alessandro Torres)

A Região Administrativa (RA) de Campinas, formada por 90 municípios, gerou 59.679 novos empregos com carteira assinada no acumulado de janeiro a maio deste ano, sendo a segunda com o melhor desempenho no Estado de São Paulo, revelou estudo divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). O resultado equivale à soma no período de 10 das 16 regiões analisadas, uma vez que, juntas, Araçatuba, Barretos, Bauru, Central, Franca, Itapeva, Marília, Presidente Prudente, Registro e Santos tiveram a criação de 58.762 postos formais no período, de acordo com o levantamento feito com base no Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

No ranking estadual, a liderança ficou com a Região Metropolitana de São Paulo, com 141.761 novas vagas. O resultado da RA de Campinas nos primeiros cinco meses deste ano é 17,99% maior em comparação a igual período de 2023, quando foram gerados 50.581 empregos. A Região Administrativa teve uma participação de 18,16% no total de 328.685 novos empregos criados no Estado. Ou seja, ela foi responsável por duas em cada 11 vagas abertas em 2024.

Para o economista Carlos Eduardo Oliveira Júnior, o resultado positivo é reflexo do cenário econômico do país. “A economia brasileira atravessa um bom momento, impulsionada por vários fatores, como a geração de empregos, massa salarial crescente, inflação controlada e crédito acessível, apesar dos juros ainda elevados”, afirmou. Para ele, a política monetária precisa acompanhar esse quadro para manter o bom desempenho. “A desaceleração da inflação pode dar mais segurança ao Banco Central para manter a taxa Selic estável por mais tempo, evitando aumentos abruptos que poderiam prejudicar a recuperação econômica e com possibilidade futura de redução”, disse Oliveira Júnior.

SETORES

De acordo com o levantamento da Seade, o comércio gerou 2.385 novos postos formais, tendo, proporcionalmente, o maior crescimento. A alta foi de 452,1% em relação aos 432 empregos criados entre janeiro e maio do ano passado. A consultora de vendas Gabrielly Pereira se manteve no mercado trabalho em função da expansão de uma loja de perfumes no Centro de Campinas. Ela permaneceu desempregada por três meses após deixar a função de operadora de caixa. “Nem sempre está fácil conseguir uma vaga, mas consegui um novo emprego até que rapidamente”, afirmou.

A construção civil ficou na segunda posição, com 6.787 novos postos de janeiro a maio, mais do que o dobro em relação às 2.682 vagas criadas em igual período de 2023. O desempenho não é melhor pela falta de mão de obra.

“Achar profissional qualificado está difícil. A concorrência está muito grande”, afirmou o mestre de obras José Reinaldo Santos da Silva. Ele está à frente da construção de um edifício residencial de 18 andares na Vila João Jorge, em Campinas. Para evitar problemas na execução do cronograma do empreendimento, a construtora onde ele trabalha transfere os funcionários de uma obra terminada para as outras em andamento.

Para suprir a falta de mão de obra especializada, as empreiteiras buscam formar os próprios funcionários com cursos e/ou treinamento constante. Segundo o diretor-regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Márcio Benvenutti, esse déficit também é reflexo das transformações do setor, com novas técnicas, materiais e processo mais industrial.

“A mão de obra, normalmente, é qualificada pelas próprias construtoras, e o Sinduscon também faz um trabalho muito forte em qualificação”, disse o dirigente. O desempenho do setor beneficia também os fornecedores. “A construção vai muito bem. Você pode mudar de emprego todo dia, se quiser”, afirmou o motorista de betoneira Miguel Francisco de Souza.

Após receber convite para um novo emprego, ele conseguiu aumento salarial na semana passada e permaneceu na mesma concreteira. De acordo com Miguel de Souza, a empresa está com duas vagas abertas, que não consegue preencher, para motoristas, e sabe de outras que enfrentam a mesma situação.

OUTROS SEGMENTOS

Na RA de Campinas, a indústria também apresentou resultado positivo neste ano. O setor gerou 17.477 empregos com carteira assinada, com participação de 29,28% no total da região. Esse resultado é 59,8% superior às 10.937 geradas pelo segmento industrial nos primeiros cinco meses de 2023. Outros dois setores, serviços, agropecuária e pesca também apresentaram resultado positivo nos primeiros cinco meses, mas com queda em comparação ao ano anterior.

O segmento de serviços criou 27.603 empregos em 2024, redução de 6,07% em relação aos 29.387 novos postos de janeiro a maio de 2023. Já a agropecuária abriu 5.427 vagas formais, 5,12% a menos do que as 5.720 do ano passado. A pesquisa da Seade apontou que os 328.685 empregos formais criados no Estado de São Paulo, de janeiro a maio, representaram alta de 34,63% na comparação com os 244.147 de 2023. O total paulista representou 29,88% das novas vagas surgidas no país (1,1 milhão).

Todos os setores apresentaram alta. Os serviços abriram 183.868 postos com carteira assinada. Na sequência, estão indústria (77.381), construção civil (43.743), agricultura e pesca (11.937) e comércio (11.674).

“É necessário um crescimento mais equilibrado entre os diferentes setores da economia para garantir uma recuperação econômica sustentável. Dependência excessiva de um único setor pode expor a economia a riscos elevados em caso de flutuações adversas nesse segmento”, afirmou o economista Carlos Eduardo Oliveira Júnior. Para ele, o desempenho econômico aponta para um quadro favorável neste ano. “A leitura de junho da inflação veio bem melhor que a esperada pelo mercado financeiro, com destaque para sinais de reversão da alta dos preços de alimentos, que sofreram um choque em maio com as enchentes no Rio Grande do Sul”, avaliou.

O controle da inflação dos alimentos é importante por diminuir o impacto no bolso dos trabalhadores, que passam a ter mais dinheiro para outros gastos, como lazer e aquisição de bens duráveis, beneficiando outros setores da cadeia produtiva.

Das regiões analisadas pela Fundação Seade, cinco apresentaram queda na abertura de vagas formais na comparação com 2023. A maior redução ocorreu na RA de Registro, -48,52%, onde foram gerados 625 novos postos, contra 1.214 do ano anterior. Também tiveram queda Presidente Prudente (-28,24%), Marília (-7,81%), São José do Rio Preto (-4,51%) e Bauru (-3,98%).

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