LEGISLATIVO

Quociente eleitoral decide 5 vagas em Campinas

Cinco concorrentes que não conseguiram uma cadeira tiveram mais votos que alguns eleitos: Paulo Bufalo (PSOL), Du Tapeceiro (PMDB), Carlinhos Camelô (PCdoB), Thiago Ferrari (PTB) e Jairson Canário (SD)

Bruno Bacchetti
bruno.bacchetti@rac.com.br
04/10/2016 às 20:22.
Atualizado em 22/04/2022 às 22:07

Paulo Bufalo (PSOL), sétimo candidato mais bem votado este ano, mas que ficou de fora; no televisor, Canário (SD), também vítima do quociente (Cedoc)

Ser bem votado na eleição não significa necessariamente que o candidato será eleito. Em Campinas, cinco concorrentes a vereador que não conseguiram uma cadeira na Câmara tiveram mais votos que candidatos eleitos: Paulo Bufalo (PSOL), Du Tapeceiro (PMDB), Carlinhos Camelô (PCdoB), Thiago Ferrari (PTB) e Jairson Canário (SD). Isso acontece por causa do quociente eleitoral, que distribui as vagas de acordo com a votação de cada partido ou coligação. Segundo a legislação eleitoral, o quociente é obtido dividindo os votos válidos (excluindo os votos brancos e nulos) pelo número de cadeiras da Câmara. Na eleição do último domingo, foram 521.930 votos válidos em partidos e candidatos a vereador. Como o Legislativo campineiro tem 33 vagas, o quociente eleitoral foi 15.816. Para saber quantas vagas cada partido ou coligação terá, é preciso dividir o número de votos obtidos pelo quociente. O caso que chamou mais atenção foi o do vereador Paulo Bufalo (PSOL), sétimo mais votado com 6.335 votos, cerca de 600 votos a menos que Mariana Conti, campeã de votos do PSOL, com 6956 votos. Mas como o partido recebeu 21.094 votos na disputa proporcional, conseguiu eleger somente um parlamentar. Curiosamente, em 2012 a situação entre os dois candidatos foi inversa e Mariana não foi eleita mesmo tendo sido a sexta mais votada, com 5.953 votos. Bufalo, que estaria eleito em qualquer outro partido ou coligação, admite a frustração ao não se reeleger mesmo tendo uma votação expressiva, mas acredita que Mariana Conti vai manter o trabalho do PSOL na Câmara. “Do ponto de vista pessoal nos dá uma certa tristeza da descontinuidade de alguns projetos que são peculiares. Mas do ponto de vista do PSOL, a Mariana vai dar continuidade. Tem duas coisas a considerar, primeiro não cruzar os braços e assimilar essa situação”, disse. “A perspectiva futura vai depender de uma análise de acertos e erros.” Para o vereador, o PSOL precisa ampliar seus quadros a fim de obter votos suficientes para eleger pelo menos dois vereadores. “Nós precisamos ter uma chapa não só mais forte, mas preparada antecipadamente. Isso demanda um critério.” Outro que teve votação expressiva e que não se elegeu é o peemedebista Du Tapeceiro, 19º mais votado, com 4.226 votos. Sua coligação, formada por DEM, PMDB e PTN obteve 36.864 votos e pelo quociente eleitoral teve direito a eleger dois vereadores. Campos Filho (DEM), com 7.314 votos e Nelson Hossri (PTN), que recebeu 4.335, ficaram com as vagas. Ou seja, o peemedebista perdeu uma cadeira por apenas 109 votos. O vereador Thiago Ferrari (PTB) também sofreu com o cálculo. Ele recebeu 3.562 votos, mas sua coligação fez somente um parlamentar — o vereador Jorge Schneider (PTB). Ferrari encara a situação com naturalidade e ainda não sabe se vai tentar recuperar a cadeira na próxima eleição. “Faz parte do jogo, na eleição passada teve outros que enfrentaram isso. Tudo faz parte do amadurecimento democrático. Eu estou repensando, tenho três meses para pensar. Gosto da política, mas quatro anos é muito tempo”, afirmou o petebista, que defende a adoção do voto distrital, no qual o parlamentar é eleito individualmente nos limites geográficos de um distrito pela maioria dos votos. “O voto distrital é o mais importante, porque senão o voto começa a ficar segmentado.” Os outros três candidatos prejudicados pelo cálculo foram Carlinhos Camelô (PC do B), 25º mais bem votado, com 3.834 votos e Jairson Canário (SD), que recebeu 3.403 e foi o 32º candidato com o maior número de votos. Eleitos Por outro lado, cinco candidatos que tiveram votação menos expressiva acabaram beneficiados pelo quociente. O vereador Carlão do PT conseguiu ser reeleito com apenas 2.241 votos, quase três vezes inferior à votação de Bufalo. O petista foi o 50º candidato mais bem votado, mas emplacou mais um mandato porque o PT recebeu 27.792 votos, portanto teve direito a duas cadeiras. A primeira de Pedro Tourinho (PT), eleito com 7.001 votos, e a segunda ficou com Carlão, beneficiado pelo desempenho ruim dos outros candidatos do PT, que tiveram votação inexpressiva. Os demais que se reelegeram graças ao quociente eleitoral foram Paulo Galterio (PSB), 43º mais votado, com 2.789 votos; Permínio Monteiro (PV), 41º, com 2.912; Ailton da Farmácia (PSD), que recebeu 3.025 votos e ficou na 38ª colocação; e o vereador Carmo Luiz (PSC), reeleito com 3.172, a 36ª melhor votação. Galterio e Carmo foram reeleitos, enquanto Ailton e Monteiro serão vereadores pela primeira vez.  

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