Fabíola: contratação bem abaixo do normal nos meses de protesto (Elcio Alves/AAN)
O fraco desempenho da economia preocupa as empresas ligadas a área de recursos humanos. E a situação ficou ainda mais complicada com os efeitos do vandalismo que ganhou as ruas de grandes cidades, como Campinas, a partir do último mês de junho - a ponto de empresas especializadas em recrutamento terem sentido uma desaceleração na busca por trabalhadores. A queda nos meses de junho e julho chegou a 30%.De acordo com as empresas, os investidores suspenderam contratações à espera de indicadores mais positivos da economia - e também pelo fim do ambiente de instabilidade gerado pelo descontentamento da população. Executivos de empresas de recrutamento afirmaram que as manifestações violentas afetam a imagem das cidades e afugentam a alocação de recursos produtivos. A diretora executiva da Feeta Recursos Humanos, Fabíola Lencastre, afirmou que os meses de junho e julho apresentaram um desempenho muito abaixo dos outros meses do ano e também do que o movimento de 2012. “Houve uma paralisação dos processos de contratação. As empresas estrangeiras passaram a ter mais cautela nos investimentos no Brasil. As manifestações despertaram os investidores para os problemas estruturais do País, principalmente a falta de segurança”, disse. Ela ressaltou que embora nenhum empresário afirme claramente que o vandalismo afeta o apetite nos investimentos em cidades como Campinas, os empregadores admitem que até a volta da normalidade as novas vagas ficam suspensas. “O Brasil está deixando de ser o foco primário dos investimentos internacionais e isso impacta regiões como Campinas”, comentou. A executiva disse que o mês de agosto já está apresentando números mais animadores, embora ainda abaixo do movimento de contratação do início do ano. “O momento econômico do País influencia nas contratações e o vandalismo acentuou a preocupação das empresas. No mês de julho, tínhamos projetos em andamento que foram suspensos. Os executivos que contratam estão demorando mais para tomar uma decisão”, afirmou Fabíola. O diretor executivo da Thomas Case, Marshal Raffa, reforçou a visão da diretora executiva da Feeta Recursos Humanos. “As manifestações para mudanças no Brasil são extremamente positivas. Mas as cenas de violência e de destruição afastam os investidores. Uma empresa que queira empregar recursos para abrir uma loja no Centro de Campinas, por exemplo, vai pensar muito depois dos distúrbios registrados em junho e julho”, disse. Ele comentou que a empresa teve vagas que estavam abertas para contratação que foram suspensas. Boas perspectivas Já o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Turismo, Samuel Rossilho, afirmou que não acredita que os protestos tenham reduzido a oferta de vagas de emprego em Campinas. “A cidade vem recebendo vários investimentos. E, se as manifestações tivessem mesmo afetado o emprego, todo o País estaria sentindo”, pontuou. O secretário ressaltou que um dos pontos principais analisados pelos investidores é a segurança jurídica. “O governo municipal está apoiando os projetos para o desenvolvimento da cidade”, disse. Ele comentou que a Prefeitura tem apostado em políticas para atrair mais empresas e empregos para o município. “Estamos terminando de formatar o projeto para que os empreendedores consigam abrir a empresa em cinco dias na cidade. Também vamos encaminhar para a Câmara de Campinas um projeto aperfeiçoando a lei de incentivos para empresas de base tecnológica”, disse. Rossilho comentou ainda que em breve serão anunciadas duas grandes empresas se instalando na cidade. “Uma delas é da área de pesquisa e desenvolvimento. Também estamos discutindo com a Azul Linhas Aéreas para que ela traga para Campinas a área de oficinas de manutenção das aeronaves. E a rede varejista Havan já anunciou que irá implantar quatro lojas em Campinas”, ressaltou. Os números do Centro Público de Apoio ao Trabalhador de Campinas (Cpat) mostraram que o mercado de trabalho para os cargos de nível médio continua aquecido na cidade. “Nós registramos um total de 1.398 vagas disponibilizadas em julho. No mês anterior, o volume tinha sido de 1.194. Também cresceu o número de pessoas inscritas no Cpat entre um mês e outro. A quantidade subiu de 1.252 para 1.401”, afirmou a coordenadora do Cpat, Sílvia Helena Garcia.