INCENTIVO À LEITURA

Projeto busca novos talentos literários em Campinas

Cerca de 2.600 alunos da Educação de Jovens e Adultos serão beneficiados

Israel Moreira/ israel.moreira@rac.com.br
12/04/2023 às 08:52.
Atualizado em 12/04/2023 às 08:52
Jorge Alves de Lima não esconde seu prazer e emoção em compartilhar conhecimento com os estudantes (Alessandro Torres)

Jorge Alves de Lima não esconde seu prazer e emoção em compartilhar conhecimento com os estudantes (Alessandro Torres)

O projeto “Como nasce um livro” de incentivo à leitura e a escrita, beneficiará em Campinas, cerca de 2.600 alunos da rede municipal de ensino da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Por meio de uma parceria entre a Secretaria de Educação de Campinas e a Academia Campinense de Letras será oferecido um curso de literatura através de 20 encontros presenciais e semanais, com a participação de 130 alunos da EJA representando escolas de diferentes regiões da cidade. O objetivo é estimular nos estudantes a vivência do processo de produção de uma obra literária, desde a concepção até os processos envolvendo ilustração, edição e impressão da publicação. Desse modo, a ideia é contribuir para a formação de leitores críticos, reflexivos, bem como descobrir novos escritores entre os participantes.

A abertura oficial do projeto aconteceu na terça-feira (11) pela manhã na Academia Campinense de Letras. Os alunos, professores e convidados puderam conhecer todo processo de elaboração de um livro, apresentado pela escritora campineira, Margareth Brandini Park, autora do livro “Doroteia, a velhinha que gostava de dançar”, obra escolhida pela organização para o início do projeto. “É um privilégio para mim, como campineira e formada em escola pública da cidade, contribuir de alguma forma para essa geração e principalmente, incentivando a leitura. Todo o processo de construção da obra será apresentado aos alunos da EJA e quem sabe tenhamos novos escritores presentes no projeto”, destaca a escritora.

Os alunos responderam positivamente a iniciativa e ficaram felizes pela oportunidade de conhecer essa casa de cultura e das letras, tão tradicional de Campinas. “Eu nunca havia entrado na Academia. Adoro leitura, mas só passava por aqui em frente e de ônibus. Quero ser escritora e reconhecida no mundo todo”, afirma a estudante Brenda Vitória de Freitas, de 16 anos, e participante do projeto. Alessandra Gonçalves de Souza, também aluna da rede municipal de ensino, destaca a importância de estar nesse momento falando de livros e refletindo sobre o futuro. “Meu sonho é ser presidente da República e talvez descobrindo novos horizontes que a leitura e a escrita proporcionam, eu consiga chegar lá”, profetiza a aluna também de 16 anos.

Professores que acompanharam os alunos reconhecem nessa prática de interação entre a periferia e a literatura, a possibilidade de amenizar a violência que assombra não só as escolas públicas do País como também, toda a sociedade. José Antônio Borghi Vieira, docente da disciplina de História há 18 anos, alerta para a necessidade de mais iniciativas como essa. “É fundamental compreender a importância dessa aproximação entre a escola básica e a Academia. Práticas como essa, tem o poder da transformação. Vivemos um momento de intolerância social, política e religiosa. Um ódio entre os pares que não explica. Mas experiências como esta podem proporcionar aos jovens, a possibilidade de se construir um futuro diferente da realidade que na maioria das vezes é apresentada a eles.”

Indo ao encontro com os “desejos” do professor José Vieira, os alunos participantes do projeto serão convidados a escrever suas próprias histórias, a partir das experiências literárias proporcionadas pelos encontros, com a distribuição de exemplares da obra “Como nasce um livro - registro de memórias/histórias” a cada um dos participantes. As 100 melhores formarão o “Letra Viva – Edição Especial”, publicação a ser editada e concluída ao longo da realização das atividades. Um evento será realizado em novembro para lançamento da obra.

O presidente da Academia Campinense de Letras, historiador Jorge Alves de Lima, participou da abertura do evento. Conversou com alunos e convidados. Emocionado, contou a prazerosa experiência de compartilhar conhecimento com os estudantes. “Desde 2019, quando assumimos a presidência dessa Casa, procuramos estreitar essa relação com os alunos e a Prefeitura de Campinas. Os alunos quando entram aqui, saem felizes por conhecer uma realidade até então distante de todos eles. Até o fim do nosso mandato à frente da Academia, que termina em 2024, vamos levar histórias dessa Casa para a periferia, talvez um projeto itinerante de escola em escola, mas levaremos”.

Os encontros do projeto “Como nasce um livro” serão realizados nos períodos da manhã, tarde e noite, na sede da Academia Campinense de Letras, na rua Marechal Deodoro, 525, Centro de Campinas. A realização do projeto é da editora Adonis de Americana, organizado e apresentado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

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