A produção de lixo em Campinas cresceu 7,6% em 2019, enquanto o aumento populacional em relação a 2018 foi de 0,83%. De acordo com levantamento da Secretaria de Serviços Públicos, em 2018 a cidade produziu 318,3 mil toneladas e no ano passado, 342,6 mil toneladas. O aumento de consumo de fraldas descartáveis e de produtos industrializados embalados são os principais responsáveis pelo crescimento da produção de lixo doméstico. O aumento só não é maior porque a economia não deslanchou como era esperado, segundo o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella. As fraldas descartáveis, segundo ele, representam 2% dos resíduos de Campinas enviados para aterro e colaboram para o aumento da produção de lixo doméstico. No Brasil, são descartadas 17,6 milhões de fraldas por dia, número significativo especialmente porque elas levam cerca de 450 anos para se decompor. O País é o terceiro maior consumidor do produto do mundo, e fica atrás apenas dos Estados Unidos e da China, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). De acordo com Paulella, nas duas últimas décadas, mudou a composição dos resíduos, com a redução da participação do lixo orgânico na produção total. Há 20 anos, disse, o lixo orgânico representava 60% da produção total e hoje está em 40%. “As pessoas estão produzindo menos comida em casa e se aproximando de padrões americanos e europeus”, disse. Nos EUA, segundo ele, 16% do lixo são de origem orgânica e na Europa, 20%. Por causa das mudanças no consumo, o descarte de garrafas PET, isopor, latas, copos descartáveis, sacolas plásticas e todo tipo de embalagem só cresceu. Os produtos descartáveis representam facilidades no cotidiano das pessoas, mas, se não forem administrados de forma correta, aumentam a produção de resíduos num volume gigantesco. No ano passado, a Câmara de Campinas aprovou projeto do vereador Rubens Gás, que obriga bares, restaurantes e vendedores ambulantes a fornecer canudos biodegradáveis ou recicláveis em vez do produzidos em plásticos. Há duas semanas, a Câmara aprovou projeto do vereador Paulo Haddad (PV) que proíbe a compra de copos e recipientes descartáveis produzidos a partir de derivados de petróleo para utilização no consumo de bebidas e alimentos na Administração Pública. O chamado lixo urbano, aquele dispensado pela população nas ruas ou em áreas públicas, representa 10% do total. São produtos como sofás, armários, vasos sanitários, galharias e que acabam tendo como destino o aterro sanitário. Do total de lixo produzido atualmente, apenas 25% são reciclados, especialmente plásticos, papéis, vidros e metais. Na reciclagem, o programa de coleta seletiva inclui também resíduos que necessitam de um tratamento diferenciado, como óleo vegetal comestível, resíduos especiais (pilhas, baterias e lâmpadas) e pneumáticos inservíveis e resíduos eletrônicos. O diretor da Associação Interbrasileira de Investidores em Energias e Recursos Renováveis (Abrinter), José Nilson Praxedes, houve um considerável aumento na produção de resíduos. Hoje, segundo dados da entidade, cada pessoa produz em média, diariamente, 1,5 kg. Até 2007, a produção era de 600 gramas. “Isso é resultado de mudança no padrão de consumo. As pessoas passaram a comer mais fora do que em casa e os resíduos, especialmente os orgânicos, são fonte de renda com a reciclagem, porque podem ser transformados em adubo”, afirmou. Lixo urbano responde por 114,2 toneladas do total Além das 342,6 mil toneladas de resíduos domésticos, Campinas produziu, no ano passado, mais 114,2 mil toneladas de lixo urbano que passarão a ser destinados à usina de resíduos verdes, que será inaugurada em abril. A usina já operando experimentalmente e tem capacidade para processar cerca de 100 toneladas diárias de resíduos de capinagem e podas, outras 150 toneladas de restos de frutas, legumes e verduras e 80 toneladas de lodo de esgoto tratado, que hoje são levados para aterro sanitário.Após o processamento, o composto orgânico será usado como adubo nas áreas verdes da cidade, nas culturas do Instituto Agronômico de Campinas e o excedente será vendido a produtores agrícolas. O material será compostado em uma área de seis hectares e a previsão é que produza entre 200 e 220 toneladas diárias de adubo.Segundo o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, a usina terá capacidade para atender os municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC) Paulella. Os restos de frutas, verduras e legumes virão da Ceasa, empresa municipal que integra a parceira. A empresa também irá se encarregar da venda do adubo a agricultores interessados. O lodo do esgoto será disponibilizado pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), que também dispõe esse material em aterro.