Encontro reuniu investidores, empresários e lideranças da saúde para debater 'Inovação e ESG: estratégias e visão de futuro para o desenvolvimento e crescimento econômico do setor de saúde' (Kamá Ribeiro)
Para implementar a telemedicina nos serviços públicos municipais de saúde de Campinas, a Prefeitura pretende obter subsídios e detalhes sobre a experiência do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, que é referência na aplicação desse sistema. A informação foi dada ontem pelo prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), durante encontro promovido pelo Instituto Coalizão Saúde (Icos) na cidade. A data da reunião com a direção do Albert Einsten não está definida.
No final de outubro do ano passado, a Prefeitura de Campinas reabriu a licitação para a contratação da empresa que implantará a telemedicina. O primeiro pregão para aplicação da telemedicina foi suspenso em 29 de setembro para responder a pedidos de esclarecimentos. "Do ponto de vista do debate, o evento foi conceitual, falando de possibilidades.
Do ponto de vista prático, nós saímos daqui com uma reunião com o Albert Einstein, que tem uma experiência grande em telemedicina. Isso vai poder ajudar o município na implantação. É como se fosse uma parceria e isso pode ajudar o município. É uma reunião inicial, mas que pode trazer a experiência que o hospital tem para fazer dar certo em Campinas", explicou o prefeito. A cidade de Vinhedo tem um modelo experimental do sistema.
A telemedicina deve ser adotada nos 67 centros de saúde, três policlínicas e nos atendimentos de consultas de especialidades dos Hospitais Mário Gatti e Ouro Verde. O sistema deverá ter capacidade para a realização de 70 mil consultas on-line por mês, o que representa cerca de 55% das 130 mil consultas presenciais realizadas nas unidades de atenção Básica (centros de saúde) e de atenção secundária (policlínicas e ambulatórios de hospitais).
"Essa troca de experiência com o Einstein permitirá a definição de diversos caminhos. Quais especialidades dão certo, quais não dão certo. Algumas são indicadas e outras não. Tem também a possibilidade de um profissional do centro de saúde pedir a opinião de outro profissional mais especializado para evitar o encaminhamento do paciente para outra consulta", afirmou.
A telemedicina vai integrar a rede de assistência à saúde do município por meio de sistemas já implantados, como o e-SUS, que fornece todas as informações dos pacientes, como exames, vacinas, etc. De acordo com o secretário de Saúde, Lair Zambon, a implantação da plataforma dará mais agilidade ao atendimento e, com isso, otimizará o tratamento.
Em relação ao edital para implantar o projeto, a Secretaria de Saúde explicou que o processo está em fase de prova de conceito - regra prevista no processo de licitação de compra em que uma comissão avalia o produto apresentado e registra, em nota, se a empresa cumpre os itens necessários à prestação do serviço.
"Se a empresa cumprir mais de 80% dos itens, será feita a contratação imediata. Após a contratação, a empresa tem prazo de 90 dias para implementar o serviço. Os atendimentos serão feitos por servidores. A empresa é responsável pela implantação do sistema", informou a nota oficial.
O valor do edital é de R$ 10,3 milhões, com previsão de contrato por 30 meses, prorrogáveis até o limite de 60 meses.
Como funciona
A telemedicina, que também é conhecida como teleconsulta, ocorre por meio de uma plataforma que será disponibilizada pela unidade de saúde e que também deverá ser instalada no computador, tablet ou smartphone. A recomendação é que, antes da consulta, a pessoa cheque se a câmera e microfone estão funcionando do modo correto.
O próximo passo é ficar em um local silencioso e com boa iluminação, para que a consulta não sofra interferências. É recomendado que o paciente mantenha em mãos os exames e diagnósticos feitos anteriormente, para que possa fornecer as informações necessárias ao médico. A telemedicina também requer que o paciente exponha o problema com a maior riqueza de detalhes possíveis, inclusive citando um histórico anterior ao atual ponto que o levou a procurar a consulta.
Ao final da teleconsulta, o profissional dará as indicações necessárias, como prescrever determinado medicamento ou até procurar um especialista de forma presencial.
O debate
O encontro promovido pelo Instituto Coalizão Saúde ontem em Campinas reuniu investidores, empresários e lideranças da saúde com o objetivo de debater o tema 'Inovação e ESG: estratégias e visão de futuro para o desenvolvimento e o crescimento econômico do setor de saúde'. "Nossa proposta é mostrar que a saúde pode e deve ser uma alavanca para a política de desenvolvimento do País, seja a política social, econômica ou de inovação", afirmou o presidente do Icos, Claudio Lottenberg.
Ele explicou que o encontro ocorreu em Campinas por conta do município ser apontado como o maior polo de tecnologia da América Latina, estando entre as principais cidades mais inteligentes e conectadas do País.
Campinas abriga hoje as sedes das maiores empresas de tecnologia de informação do mundo. O "Ecossistema de Inovação de Campinas" é um dos três finalistas ao Prêmio Nacional de Inovação de 2022, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), e que teve a atuação da Inova Unicamp e do Parque Científico e Tecnológico submetida como diferenciais no projeto finalista.
"Essa troca de experiência foi muito valiosa. Quando o assunto é economia, o município de Campinas se destaca como o terceiro município paulista com maior PIB estadual e nós entendemos que quanto maior a capacidade local, maior a capacidade de cooperação global", finalizou Lottenberg.
