510 árvores adultas e nativas serão plantadas para substituir os eucaliptos extraídos após acidente com vítima fatal em janeiro do ano passado
De acordo com a Administração, a reconstrução total da área ‘desmatada’ deve levar três anos; estimativa é que as árvores atinjam a idade suficiente para dar sementes, com copas já arejadas, em três décadas (Alessandro Torres)
Teve início na sexta-feira (19) o reflorestamento da área dos eucaliptos que foram extraídos da Lagoa do Taquaral após a trágica morte da menina Isabela Tibúrcio Fermino, de 7 anos. Em janeiro do ano passado ela foi atingida por um eucalipto quando celebrava o aniversário de uma prima. Segundo nota da Prefeitura, no total serão 510 árvores adultas plantadas em 32 mil metros quadrados, aproximadamente. Todas são árvores nativas e podem atingir de 3 a 4 metros de altura.
“Aqui no Taquaral teve início o plantio de árvores, onde nós tivemos que retirar os eucaliptos. Serão plantadas 510 árvores adultas de até 10 anos. Elas têm até 4 metros de altura e, assim, vamos agilizar a recomposição da região. Em vez de árvores exóticas, que não são brasileiras, essas espécies foram estudadas e definidas como árvores nativas da nossa região. Assim, vamos recompor a flora de maneira adequada”, disse o prefeito Dário Saadi (Republicanos).
As espécies são aldrago, sapucaia, carvalho brasileiro, mulungu suinã, lofantera da amazônia, monguba, caroba e guaraíba. Estas árvores foram fornecidas por meio de TACs (Termos de Acordo de Compromisso), que somam o valor de cerca de R$ 430 mil.
Também está previsto o plantio de duas mil mudas de árvores nativas que serão fornecidas pelo Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. A proposta de reflorestamento foi apresentada pelo IPA, na Prefeitura, em junho de 2023. Os trâmites estão em andamento.
A área também terá trilhas com piso intertravado, ecológico, e parque infantil, com equipamentos sensoriais, brinquedos com água e piso de diferentes texturas. A obra teve início no final de agosto de 2023.
PLANO DIRETOR
No inicio de junho de 2023, a Prefeitura anunciou o plano diretor para traçar estratégias de recuperação para o Parque Portugal e para o Bosque dos Jequitibás, local em que a queda de uma árvore também causou uma morte na cidade, em dezembro de 2022. O plano era justamente para nortear a Administração sobre as espécies de árvores que deveriam ser plantadas e o desenho de plantio, privilegiando segurança, conforto e benefícios à fauna e flora, além dos usuários. Todo o trabalho foi feito através de parceria entre o município e o Estado.
O Parque do Taquaral ficou fechado por exatos dois meses, entre janeiro e março do ao passado, depois da morte da jovem. Durante o período em que esteve fechado, todos os eucaliptos do local foram removidos, gerando controvérsia entre frequentadores contrários a ação. Já o Bosque dos Jequitibás foi fechado em 26 de dezembro de 2022, depois que um jacarandá caiu na Rua General Marcondes Salgado e vitimou o jovem Guilherme da Silva, de 36 anos. O espaço foi reaberto no início de agosto.
A adoção do plano diretor foi anunciada pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) na presença do secretário de Serviços Públicos, Ernesto Dimas Paulella, dos vereadores Zé Carlos (PSB), Otto Alejandro (PL) e Higor Diego (Republicanos), de um representante do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Fernando Vidal, e dos especialistas em arvorismo Marco Aurélio Nalom, do Instituto de Pesquisa Ambientais (IPA) e Demóstenes Ferreira da Silva, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).
Em parceria com o município, a Esalq e o IPA realizaram a construção do plano para os parques. No caso do IPA, o instituto escolheu algumas espécies que serão usadas no plantio, nativas da mata atlântica. “São árvores que oferecem segurança aos frequentadores, que atraem a fauna e que futuramente possam gerar sementes para o próprio município”, explicou na ocasião Marco Aurélio. A área em questão corresponde a três hectares.
O corpo técnico da Esalq, por sua vez, ficou responsável por delimitar os espaços de plantio das árvores, de forma a providenciar que as raízes cresçam fortes e não ofereçam risco aos frequentadores.
A reconstrução total da área ‘desmatada’ do Taquaral deverá levar até três anos, e a verba que financiará o trabalho será proveniente das vendas das toras de eucalipto que foram removidas, que totalizam cerca de 3 mil metros cúbicos.
Apesar dos três anos de trabalho previstos, a estimativa é de que as árvores atinjam a idade suficiente para dar sementes, com copas já arejadas, em 30 anos. Isso significa dizer que, nos moldes que era antes, o espaço pode levar até três décadas para se caracterizar novamente.
O PARQUE
A Lagoa do Taquaral, como é conhecido o Parque Portugal, é uma das maiores áreas de lazer de Campinas e recebe cerca de 50 mil visitantes aos fins de semana. Conta com diversas atrações como pedalinhos, Caravela, quadras poliesportivas, academias ao ar livre, academia de musculação, parquinho de madeira “Casa da Criança”, ginásio de esportes, piscinas, Planetário, Concha Acústica (onde há apresentações artísticas), duas pistas de skate (uma bowl e uma street); Parcão, parque para cachorros; pista de caminhada, lanchonetes na área interna e externa, que oferecem variedades de alimentos. A área do parque é de cerca de 630 mil metros quadrados. Fez parte da antiga Fazenda Taquaral e foi adquirida pela Prefeitura de Campinas e transformada em parque em 1972.
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