Sacos de catadores de recicláveis, papelão e lixo espalhado ao lado de contêineres em frente à área sob o Viaduto Cury conhecida como Ceasinha: Prefeitura promete mutirão de limpeza (Janaina Ribeiro/ Especial para AAN )
Amontoados de lixos, pichações e moradores em situação de rua deitados usando drogas compõem o cenário de degradação da Praça Felipe Selhi, ao lado do Terminal Central, no Centro de Campinas. O local, segundo comerciantes, foi esquecido pelo poder público e o que até o começo do ano era símbolo de revitalização em uma das regiões mais degradadas da cidade, hoje, gera insegurança para quem precisa passar por ali. A praça foi revitalizada em 2010 após inúmeras reclamações de lojistas e pedestres, e a morte do estudante de 17 anos Felipe Selhi, naquele local. Agora, o ponto volta a apresentar sinais de que a degradação está fora de controle.O Correio esteve na sexta-feira (17) na praça — localizada na Rua Álvares Machado, esquina com a Rua Cônego Cipião — e encontrou lixo espalhado ao redor dos contêineres destinado para o depósito de resíduos. Placas que indicam o nome da praça estavam pichadas. Cerca de nove moradores em situação de rua estavam na praça e em um barranco do Viaduto Miguel Vicente Cury. Três deles usavam crack e bebiam cachaça.Parte do lixo é despejada pelos comerciantes da Ceasinha, área sob o viaduto que reúne bancas de comércio de frutas e legumes. Também se acumulam papelão e restos de cobertas e roupas usadas deixados por moradores de rua. “Não temos mais aquela ronda constante dos guardas municipais. Antes, eles vinham aqui e pediam para o pessoal circular. A praça era mais segura”, disse a comerciante Maria José Gomes Freire, de 50 anos.A comerciante mostrou que a sujeira não se restringe somente à praça, mas chega até a frente da banca onde vende frutas. “Eles largam caixas com roupas, restos de comida e, às vezes, não consigo nem entrar de tanta sujeira”, disse, apontado ao redor. Encostado na banca de Maria, um rapaz fumava crack, enquanto outros dois bebiam cachaça. “Estou sem condições de trabalhar com o local assim”, disse. A abordagem de crackeiros e moradores de rua aos pedestres é frequente. A estudante Larissa Sampaio, de 19 anos, diz que evita passar pela praça. “Quando posso, faço uma volta maior para acessar o terminal central. Hoje estou atrasada e resolvi passar por aqui, mas dá medo”, disse.Outro comerciante, proprietário de um bar naquela região, afirmou que todos os dias, por volta das 7h30, uma van chega na praça e de oito a dez moradores de rua descem e passam o dia na região, principalmente na praça. “Não vemos mais aquela fiscalização que tinha nos últimos dois anos. Parece que cansaram (autoridades)”, afirmou o comerciante, que não quis se identificar.RevitalizaçãoNa revitalização, em 2010, o local recebeu piso intertravado e três postes de iluminação. Antes, era um “dormitório” de moradores de rua e de batedores de carteiras. Após a reforma, uma viatura da GM permanecia estacionada em cima do local e, segundo as pessoas ouvidas pela reportagem, não se via moradores de rua dormindo na praça. Além disso, os lojistas dizem que os catadores de recicláveis da região central amarram sacos enormes com papelão no totem que dá nome à praça e só retiram à tarde, quando elas estão cheias.Comerciantes cobram mais rondas da GM pela áreaUm ônibus da GM está estacionado há um mês a cerca de 200 metros da praça, mas os guardas não estariam descendo para fazer rondas na praça, segundo os comerciantes. O ônibus integra o programa Crack, é Possível Vencer e possui câmeras de fiscalização. De acordo com a Secretaria de Segurança de Campinas, 80 novos guardas estão nas ruas patrulhando o Centro e também a região da Praça Felipe Selhi. A corporação também informou que já efetuou a prisão de traficantes que ficavam na região do Terminal Central nos últimos meses e que reforçou as ações com a chegada do ônibus equipado com câmeras. A Secretaria de Serviços Públicos de Campinas, pela assessoria de imprensa, garantiu que irá manter aquela região da praça em “atenção permanente”. De acordo com a pasta, ontem mesmo os funcionários da limpeza urbana iriam recolher o material transbordado das lixeiras. A partir de agora, informou, o trabalho rotineiro também será feito mais vezes ao longo do dia. O problema, segundo a secretaria, é ocasionado pelo descarte dos lojistas do Ceasinha. “A partir de hoje será feito um mutirão para limpar a praça”, informou.