padrão etário

População rumo ao envelhecimento

Levantamento do Seade aponta que a RMC terá mais idosos do que crianças daqui 15 anos

Francisco Lima Neto
francisco.neto@rac.com.br
23/08/2020 às 02:25.
Atualizado em 28/03/2022 às 18:01
Encontrar pessoas com mais de 65 anos, como é o caso do engraxate Antônio Peres Sanches, será cada vez mais comum nos próximos anos (Matheus Pereira/AAN)

Encontrar pessoas com mais de 65 anos, como é o caso do engraxate Antônio Peres Sanches, será cada vez mais comum nos próximos anos (Matheus Pereira/AAN)

O Estado de São Paulo passará por uma drástica mudança no padrão etário de sua população nos próximos anos. Até 2035, a queda no contingente de menores de 15 anos e o aumento no de maiores de 65 farão com que esses dois grupos praticamente se igualem numericamente, segundo novo levantamento do Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Contudo, na RMC, o aumento da população idosa em comparação com a mais nova se dará de forma mais rápida. Atualmente, a RMC soma 571.243 pessoas de 0 a 14 anos e em 2035 o número deve ser de 513.214, redução de 10,1%. Já os idosos, na faixa acima de 65 anos, contabilizam 316.574 na região. E em 2035 o aumento deve ser de aproximadamente 79,6%, com 568.871 representantes dessa faixa etária. Em Campinas, por sua vez, atualmente a população de 0 a 14 anos é composta por 205.283 pessoas, número que deve baixar para 174.227 em 2035, redução de 15,1%. Já a faixa acima de 65 anos conta com 131.115 representantes em 2020, número que deve saltar para 213.883, crescimento de 63,1%. De acordo com o Seade, o conhecimento sobre o tamanho e a composição etária da população paulista representa instrumento valioso para planejar políticas públicas. Entre 2020 e 2050, a população paulista deverá aumentar apenas 6%, passando de 44,6 para 47,2 milhões, com tendência de crescimento bem distinta segundo os grupos etários: entre os menores de 39 anos haverá redução de 20%; para os de 40 a 59 anos ocorrerá crescimento de 5%; o grupo de 60 a 79 anos quase dobrará; e o contingente de maiores de 80 anos triplicará. Em 2020, o maior volume populacional é registrado entre 20 e 39 anos. Já de 2030 a 2050, o pico deverá ocorrer nas idades de 40 a 59 anos. Hoje, a idade média da população paulista é de 36 anos. Em 2000, a média era de 30 anos, e deverá chegar a 44 anos em 2050, segundo a Seade. Tais idades configuram padrão de população adulta. A participação dos jovens com até 15 anos se reduzirá quase pela metade, enquanto que a dos maiores de 65 anos se ampliará 3,7 vezes. Em 2050, os mais velhos responderão pela parcela que os mais jovens detinham entre 2005 e 2010, ao passo que os mais jovens apresentarão participação bem menor. Hoje, existe maior equilíbrio numérico entre a população feminina e a masculina até a idade de 59 anos. Antes de 39 anos, o contingente masculino supera um pouco o feminino, enquanto no grupo de 40 a 59 anos a razão entre os sexos vai se aproximando de 100 e alcança a igualdade em 2050. A partir de 60 anos, a população feminina é maior do que a masculina, relação que fica ainda mais expressiva na parcela com 80 anos e mais. Interessante observar que essa razão se reduzirá cada vez mais até 2050. Nova configuração etária já era prevista, diz estatística De acordo a estatística Tirza Aidar, a nova configuração etária no futuro já era prevista. "Já esperávamos, isso já era apontado em projeções anteriores. Em alguns lugares esse processo ocorre de forma mais rápida. O número médio de filhos por mulher caiu mais rápido no Estado de São Paulo, ainda mais em regiões metropolitanas", afirma Tira, que é doutora em demografia, pesquisadora do Núcleo de Estudos de população Elza Berquo (Nepo) e professora do Departamento de Demografia no IFCH da Unicamp.  Segundo ela, além de as mulheres terem cada vez menos filhos hoje, os adultos que nasceram nas décadas passadas ganharam longevidade com os avanços da saúde, tecnologia médica e melhor padrão de vida. "As mulheres tinham mais filhos e eles sobreviveram pelos avanços médicos. Os demógrafos já esperavam isso (aumento da longevidade) há muitos anos. Mas o processo varia de um estado para outro, de cidade para outra, por características próprias, como econômicas e sociais", ressalta. A professora avalia que um dos fatores para essa transição demográfica é a mudança do papel da mulher na sociedade. "Mudou o papel da mulher, a divisão social do trabalho, ela se inseriu no sistema educacional e no mercado de trabalho. Até mesmo a necessidade de se ter famílias maiores não existe mais, pois o País foi se industrializando e a população se tornando mais urbana. São vários fatores, mas que estão conectados", conclui.

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