Uma empresa de logística de Paulínia recentemente expandiu suas atividades e contratou 187 novos funcionários graças a novos contratos fechados nos últimos meses, o que mostra o bom ritmo de crescimento (Divulgação)
A Região Administrativa (RA) de Campinas registrou crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2023 em comparação a igual período de 2022. A alta da soma de todos os bens e serviços produzidos é a segunda melhor para o período dos últimos quatro anos, de acordo com estudo divulgado pelo Sistema Estadual de Análise de Dados (Sede). Ela é inferior apenas aos 9,4% dos três primeiros meses de 2021, quando a região estava se recuperando do forte impacto da crise econômica provocada pela pandemia de covid-19.
Entre janeiro e março de 2020, quando o surto teve início, o PIB da RA de Campinas teve crescimento de 1,2%, mas despencou no trimestre seguinte, de abril a junho, quando foi de -4,4%. Já no primeiro trimestre do ano passado, a alta foi de 0,6%, aponta o estudo do Seade. O dado mostra ainda na recuperação regional, após o Produto Interno Bruto ter sido de -0,3% no trimestre anterior, de outubro de dezembro do ano passado.
Para o economista José Augusto Gaspar Ruas, coordenador do curso de Economia das Faculdades de Campinas (Facamp), o resultado do PIB entre janeiro e março deste ano “é um crescimento interessante, razoável diante da desaceleração da economia nacional, principalmente a partir de setembro de 2022.” No acumulado de 12 meses, de abril de 2022 a março passado, o Produto Interno Bruto da Região Administrativa de Campinas acumula alta de 2,9%.
Essa taxa é a mesma da média do Estado de São Paulo, apesar do resultado no primeiro trimestre deste ano ter ficado abaixo da média estadual, que foi de 2,1%, de acordo com o Seade. De acordo com Ruas, o resultado de janeiro a março passados pode ser explicado pelo desempenho da indústria de transformação, que é forte na RA, que foi afetado pelo cenário econômico nacional, com o resultado regional sendo puxado principalmente pelo setor de serviços.
ALTA
Uma empresa de logística de Paulínia recentemente expandiu suas atividades e contratou 187 novos funcionários. De acordo com a transportadora, o aumento foi em função de novos contratos fechados nos últimos meses. A ampliação segue o ritmo de crescimento da empresa em outros Estados, abrindo, nos últimos 11 meses, filiais em Rio Verde (Goiás), Dourados (Mato Grosso do Sul) e Balsas (Maranhão), acompanhando a expansão da fronteira agrícola brasileira.
O PIB nacional teve crescimento de 4% no primeiro trimestre deste ano, com alta expressiva da agropecuária, 21,6%. Já o setor de serviço teve evolução de 0,6% e houve estabilidade da indústria (-0,1%). “Queremos seguir trabalhando fortemente em busca de maior capilaridade, por meio de novas filiais posicionadas estrategicamente pelo país”, afirma o CEO da empresa de logística, Marcos Vilela Ribeiro.
A empresa está presente em todas as regiões do país com 16 filiais, cerca de 3 mil colaboradores e uma frota com mais de mil caminhões. Especificamente no setor de serviços, a companhia atua justamente no ramo do segmento que apresentou o maior crescimento nacional. Transporte, armazenagem e correio teve aumento de 1,2%. Essa é a atividade que apresentou a maior alta no Estado de São Paulo, 4,1% no primeiro trimestre de 2023, aponta o Seade.
O comércio cresceu 4%, seguido pela construção civil (2,7%) e agropecuária (0,1%). A indústria paulista foi o único setor com queda do PIB entre janeiro e março, -0,8%, mas há empresas que comemoram os resultados obtidos deste ano, principalmente por apostarem na conquista de novos mercados. Sediada em Campinas, a maior fabricante de sistema de óptico da América Latina fechou o primeiro semestre deste ano com receita líquida de R$ 176,1, milhões, aumento de 11,7% em comparação a igual período de 2022.
As vendas e receitas no mercado externo, que fazem parte da estratégia de expansão internacional da multinacional brasileira, tiveram um peso importante nesse resultado. A receita líquida procedente das vendas no exterior registrou aumento de 26,5% no acumulado do semestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, alcançando a marca de R$ 34,7 milhões.
“Nós temos dois novos transmissores de dados para atender nossos clientes e usuários de internet. Esses produtos estão levando a empresa para novas fronteiras dentro do Brasil, em ambientes submarinos e ambientes internacionais”, afirmou o CEO da empresa, Carlos Raimar. A companhia investe em torno de 15% da receita em pesquisa e desenvolvimento de produtos. Em 2022, o valor chegou a R$ 43 milhões. A fabricante emprega aproximadamente 140 engenheiros técnicos, PhDs e mestres que atuam no desenvolvimento de soluções.
EXPECTATIVA
As três Regiões Administrativas de São Paulo que registraram o maior crescimento no primeiro semestre deste ano têm perfil econômico baseado principalmente pela agricultura, com destaque para a produção de açúcar e etanol (setor sucroalcooleiro), embora também contem com a presença de indústrias. O ranking é liderado pela RA de Bauru, com crescimento de 4,4%, com a de Marília aparecendo em segundo lugar (4%) e a Central na terceira posição (3,9%). Das 16 regiões do Estado, quatro apresentam queda no PIB entre janeiro e março deste ano. A maior foi na Região Administrativa de Santos (-2,2%), vindo depois as de Itapeva (-1,4%), Araçatuba (-1,1%) e Barretos (-0,4%).
O coordenador do curso de Economia da Facamp considera que o cenário econômico atual é melhor do que o do início do ano, o que pode ajudar a um desempenho melhor do PIB da RA de Campinas. “A minha expectativa em relação à economia é melhor agora do que eu tinha no começo deste ano”, afirmou José Augusto Ruas.
Ele considera que medidas como as aprovações do arcabouço fiscal e da reforma fiscal, que precisam passar por novas votações no Congresso Nacional, contribuíram por criar um clima mais otimista, o que se soma ao controle da inflação, dólar estabilizado e outras variáveis econômica.
Segundo o economista, o governo federal também terá papel importante como indutor do crescimento econômico. Com isso, as medidas previstas com os novos Minha Casa Minha Vida e Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) podem contribuir por gerar investimentos e aumentos nos empregos.
Porém, ele acredita que os reflexos desses pacotes devem se refletir na economia entre o final deste ano e o primeiro semestre de 2024 por precisarem de um período natural de amadurecimento. A principal medida do novo PAC para Campinas foi a inclusão da obra de implantação do Trem Intercidades ligando o município a São Paulo, o TIC, que está com a licitação pública em andamento.
O projeto tem custo estimado de R$ 12,8 bilhões e deve começar a ser construído no segundo semestre de 2025. Segundo cálculos do governo estadual, a obra deve gerar 10.552 empregos diretos, indiretos e induzidos. O TIC prevê a implantação de dois serviços, um trem intermetropolitano, que deverá ligar Valinhos, Vinhedo, Louveira e Jundiaí, previsto para entrar em operação em 2029, usando a ferrovia já existente.
O Trem Intercidades São Paulo-Campinas está programado para entrar em operação em 2031. A vencedora da concorrência também assumirá a Linha 7-Rubi, que já existe entre Jundiaí e Rio Grande da Serra, sob responsabilidade atualmente da estatal Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).