MERCADO MUNICIPAL

Permissionários temem atraso em obra de revitalização do Mercadão

Inicialmente prevista para ser concluída em julho, reforma parece estar longe do fim; Prefeitura prevê término no segundo semestre, mas não estipula o mês

Luis Eduardo de Sousa/luis.reis@rac.com.br
26/06/2024 às 09:36.
Atualizado em 26/06/2024 às 11:02
Parte de fora do prédio do Mercadão indica que as obras ainda devem durar mais tempo que o planejado; Prefeitura informou que empresa responsável trabalha no acabamento dos boxes internos e no tratamento da fachada externa, mas que as instalações elétricas, hidráulicas e de rede de esgoto já foram concluídas (Alessandro Torres)

Parte de fora do prédio do Mercadão indica que as obras ainda devem durar mais tempo que o planejado; Prefeitura informou que empresa responsável trabalha no acabamento dos boxes internos e no tratamento da fachada externa, mas que as instalações elétricas, hidráulicas e de rede de esgoto já foram concluídas (Alessandro Torres)

Há um ano, quando os permissionários do Mercado Municipal de Campinas, o Mercadão, foram transferidos para a tenda instalada no estacionamento, o clima era de esperança entre eles, apesar da inconveniência gerada pela mudança. Pairava entre donos das mais variadas bancas, que vendem desde hortifruti, especiarias até carnes, o sentimento de que as dificuldades enfrentadas durante os 12 meses vindouros seriam por um bem maior: um prédio novo, mais moderno, mais atrativo e com os problemas – apontados pelos próprios comerciantes – resolvidos, além de um potencial maior de atrair clientes.

Um ano depois, o clima é de inconformismo e cansaço diante da falta de esperança de que a obra termine a tempo, além da citada queda drástica no movimento. “Não tenho esperança de que fique pronto neste ano”, disse um vendedor.

A obra, cuja conclusão é prevista para julho, segundo o calendário da própria Prefeitura, parece longe de acabar, visto que todo o piso que contorna o prédio na parte externa está quebrado, conforme registrou uma equipe de reportagem ontem. Diversos permissionários aproveitaram a presença da equipe para fazer queixas, e alguns até afirmaram que a Administração já assumiu não conseguir entregar a obra dentro do prazo.

A obra, cuja co. Procurada, a Prefeitura informou que “a previsão é que os trabalhos sejam concluídos no segundo semestre de 2024”, porém não disse exatamente o mês em que isso deve acontecer. Conforme noticiado pelo Correio Popular à época, os primeiros movimentos no local foram iniciados no fim de abril de 2023 com a instalação das tendas. A transferência dos permissionários para a estrutura provisória se deu em junho do mesmo, e as obras começaram no mês seguinte. O investimento na intervenção do prédio é de cerca de R$6,1 milhões. A reforma prevê substituição da fiação elétrica, nova canalização de esgoto, revitalização da fachada e construção de um mezanino sobre os boxes da parte central.

Questionada sobre o andamento da obra, o quanto já foi concluído e o que falta realizar, a Prefeitura afirmou que atualmente está sendo feita a instalação de gás, etapa que "precede a concretagem da laje do mezanino, que já está sendo preparada", complementou. Em 11 de abril, às vésperas do aniversário de 116 anos do prédio, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) havia informado que a laje do mezanino seria concretada na semana seguinte. Agora, em novo posicionamento, a informação é que a estrutura ainda está sendo preparada.

À época, a própria equipe responsável pela obra admitiu que dificilmente ela seria entregue dentro do prazo. Os servidores atribuíram um possível atraso a uma escavação que foi necessária para recuperar o solo.

“Essa coisa da laje toda semana eles dizem que vão concretar, a gente já nem acredita mais”, disse o comerciante Carlos Gomes Serafim, 60 anos, que mantém uma loja de secos e molhados no espaço há 18 anos.

“A empresa (responsável) também trabalha no acabamento dos boxes internos e no tratamento da fachada externa. As instalações elétricas, hidráulicas e de rede de esgoto já foram concluídas. A etapa de substituição do telhado está 50% finalizada”, complementou a Prefeitura por meio de nota.

CANSAÇO

Serafim, assim como outros colegas, desabafou que a sensação dos comerciantes é de cansaço, sobretudo no último semestre, período em que ele notou uma redução significativa no faturamento. “60%, nível capaz de falir uma empresa”, lamentou.

“Acho que no começo, quando era novidade, as pessoas ainda vinham para ver como estava a tenda, mas depois começaram a se cansar disso aqui. Muitos questionam a eficiência da estrutura para guardar os produtos, já os mais velhos reclamam da falta de estacionamento. Outros, relatam que é desconfortável permanecer aqui”, reclamou Serafim.

O líder da Associação dos Permissionários do Mercado Municipal, Edson Shimabukuro, diz que poucos comerciantes têm esperança de voltar para dentro do mercado ainda neste ano. “Tudo pode acontecer, mas a gente já está cansado mesmo, meio desesperançoso, e é um sentimento coletivo. O pessoal da obra, sempre que vem conversar conosco, traz notícias desanimadoras. Queira ou não, é uma coisa que esperamos com entusiasmo e ansiedade”, conta. "Seu Edson", como é chamado pelos colegas, relata que o faturamento em sua banca de hortifruti caiu pelo menos 30%.

“Ao longo deste último ano, pequenos problemas foram gerando desconfiança ao consumidor. Os clientes reclamaram muito no período que ficamos sem banheiro. A falta de estacionamento e uma fiscalização incisiva da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas) nas ruas próximas – que causa medo aos motoristas -, o calor, que chegou a 47ºC aqui dentro durante o verão, uma perda da credibilidade relacionada ao armazenamento dos produtos na tenda, as chuvas do ano passado que devastaram a estrutura, enfim, uma série de problemas que foram desgastando”, elencou Serafim.

“Desde o começo já parecia difícil que o prazo fosse cumprido, porque o prédio é antigo, exige muito cuidado e o solo daqui é úmido. O que nos resta mesmo é esperar. Sabemos que vai acontecer, e temos que nos apegar a isso”, concluiu um comerciante que preferiu não se identificar.

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