Homem que aparece em vídeo segurando réplica da Carta Magna no STF (Reprodução)
Uma das cenas mais marcantes da invasão e depredação dos prédios localizados na Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi protagonizada por um homem que tem relação com Campinas. O designer gráfico Marcelo Fernandes Lima é proprietário de uma empresa on-line com sede em Campinas e é o homem filmado no domingo com o que parecia ser a Constituição Federal original em mãos, levantando-a como um troféu. Confirmada como réplica, o documento foi devolvido por ele na quarta-feira (11) à Polícia Federal em Varginha.
A cena de Lima exibindo aos demais golpistas a Constituição Federal, com as duas mãos acima da cabeça, e em cima da escultura 'A Justiça', que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), contrasta com as alegações fornecidas por ele no depoimento. Ele afirmou que tomou a réplica da Constituição de outras pessoas e levou o documento embora para que ele não fosse destruído.
Lima afirmou que recuperou o exemplar no momento em que chegou ao STF e viu três pessoas saindo do prédio com um livro na mão, gritando que o rasgariam. Ele notou se tratar de um exemplar da CF e argumentou que por não ter intenção de participar das depredações que ocorriam, achou a cena um absurdo. Foi então que, nas palavras dele, pegou o livro para si no intuito de evitar a destruição. O designer, que negou ter entrado no Congresso e no Palácio do Planalto, revelou acreditar que as portas de trás do STF estavam abertas, pois conseguiu entrar sem ver portas quebradas ou sinais de arrombamento.
Com a cópia da Constituição em mãos, ele diz ter optado por levar o livro com ele, pois "certamente seria destruído pelos radicais que ali estavam". Embora as imagens mostrem o militante de extrema-direita bastante exaltado com a CF em mãos fora do Supremo, ele disse que ao sair do prédio percebeu que as coisas saíram do controle e que havia muita coisa quebrada e destruição nos três prédios da Praça dos Três Poderes. Foi quando ele teria voltado e saído do local invadido pelos militantes de extrema-direita que pretendiam reverter o resultado da Eleição presidencial de 2022.
Lima disse que nesse momento procurou os companheiros do mesmo ônibus e começou a agilizar a saída de todos, e que até pensou em devolver a Constituição para a Polícia ainda em Brasília, mas não soube o que fazer no momento diante da situação caótica que encontrou e, por isso, devolveu a cópia da CF apenas na quarta-feira.
Lima declarou à polícia que mora há três anos em São Lourenço depois de ficar 20 anos residindo fora da cidade. Ele disse que foi de lá que saiu para Brasília em um ônibus, mas negou saber quem teria financiado o veículo ou os nomes dos organizadores. Além disso, ele se definiu como um defensor da família, dos princípios conservadores e de Deus.
