Pesquisador trabalha em estufa de plantas no Instituto Agronômico de Campinas: demandas pelo desenvolvimento de novas variedades são prospectadas junto aos vários segmentos de produção agroindustrial (William Ferreira/Pesquisa Cedoc)
O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) celebrou ontem 135 anos de história e contribuição voltada à pesquisa agrícola brasileira e mundial com um olhar para o futuro. O foco para os próximos anos está em ampliar as parcerias entre a pesquisa e setor privado, prospectar iniciativas a partir de demandas de mercados emergentes e aumentar a aproximação entre a produção agrícola e um desenvolvimento social e sustentável.
Como parte das comemorações, o IAC anunciou alguns lançamentos, entre eles, o de mais uma variedade da cultivar IAC Citral 1 de Lippia alba, conhecida popularmente como a erva-cidreira, e com grande potencial agroindustrial. A nova variedade, inédita no Brasil e mundo, é resultado de um trabalho de melhoramento genético e teve a pesquisa motivada pelo atendimento a diversos segmentos da indústria.
Segundo o IAC, a expectativa com a nova cultivar é a de atender ao crescente mercado de plantas aromáticas e medicinais, chá e óleos essenciais. A nova cultivar apresenta melhores qualidades aromáticas e químicas, e integra um conjunto de plantas medicinais, que são importantes objetos de estudo na obtenção de princípios ativos para as indústrias farmacológicas ou terapêuticas.
Dentro de uma visão de futuro, o diretor-geral do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, defende o trabalho de pesquisa cada vez mais voltado ao atendimento da sociedade. Para isso, ele destaca a necessidade do instituto aumentar as parcerias com o setor privado para o atendimento dessas demandas. Ele explica que, além desse modelo acompanhar uma tendência mundial, é uma forma da agricultura brasileira se manter servindo ao desenvolvimento da população. "Atualmente a maior parte dos incentivos de pesquisa vem de instituições privadas. O Estado não consegue atender. Para alguns ter o setor privado como parceiro, não é confortável, mas é necessário", disse.
Ele explica que o modelo de parceria funciona com os pesquisadores fazendo a prospecção de determinada demanda agrícola e a pesquisa sendo viabilizada através de grupos de produtores. "Esses grupos se tornam parceiros no desenvolvimento tecnológico. Na minha visão esse é um modelo que deve ser incentivado, aprimorado e levado para os próximos 100 anos do instituto", disse.
O diretor do IAC, que também é pesquisador, destaca a excelência do papel do instituto na área da pesquisa e cita inclusive um projeto conduzido pelo instituto relacionado ao setor sucroenergético que conta com diversas parcerias com o setor privado. "Nessa pesquisa, por exemplo, que é o desenvolvimento de novas variedades de cana-de-açúcar, contamos com a participação de 200 empresas parceiras", disse.
O diretor projeta também para o futuro maior relação entre o IAC e outros institutos de pesquisa. "Isso é importantíssimo. Existem diversos contatos que o IAC mantém com institutos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual Paulista (Unesp) e isso é muito importante. As pesquisas no setor agrícola demoram anos para serem validadas é preciso estar com um olhar sempre no futuro", destaca.
O trabalho voltado para fixar as novas gerações de produtores familiares no campo integra os desafios do instituto no campo da pesquisa. "Existe uma preocupação mundial para fixar o homem do campo. As novas gerações das famílias produtoras têm deixado o campo. Através da pesquisa e da tecnologia estamos conseguindo chegar aos produtores familiares mais jovens, que provavelmente deixariam o campo, numa função de ajudá-los a manter a produção agrícola com foco em mercados emergentes", disse.
Nova cultivar
A nova cultivar IAC Citral 1 de Lippia alba já foi registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A comemoração dos 135 anos do instituto também contou com o lançamento de seis cultivares de batatas-doces ornamentais e outras tecnologias. Nos últimos 12 meses, o IAC disponibilizou 40 novas cultivares de diversas espécies.
"Essas sete novas cultivares IAC que estão sendo lançadas mostram a força e a competência desta Instituição na geração e na transferência dessas tecnologias, que contribuem com diversos segmentos agrícolas de São Paulo e Brasil. Nossas equipes reúnem excelência científica e motivação capazes de superar as dificuldades e seguir demonstrando porque o IAC tem sua credibilidade inabalada junto a agricultores, empresas, agências de fomento e demais instituições de pesquisa e ensino no Brasil e no exterior", comenta o diretor-geral.