sumaré

Pais acorrentam filho como 'corretivo'

Um casal acorrentou o filho de 12 anos para impedi-lo de sair para a rua. O argumento foi de que seria um corretivo para educar o menino

Alenita Ramirez
alenita.jesus@rac.com.br
04/10/2019 às 07:43.
Atualizado em 30/03/2022 às 15:09

Um casal acorrentou o filho de 12 anos para impedi-lo de sair para a rua. O argumento foi de que seria um corretivo para educar o menino, que estaria “dando trabalho” por ficar até tarde da noite fora de casa, sem avisar. O caso aconteceu na tarde de quarta-feira, em Sumaré. Os pais foram denunciados e presos em flagrante por cárcere privado, mas na tarde de ontem passaram por audiência de custódia e foram liberados. A família mora em uma casa humilde, na Vila Soma, área de ocupação da cidade. A criança foi achada acorrentada pelos pés, presa a uma viga do quarto onde dorme, após denúncias ao Conselho Tutelar, que acionou a Polícia Militar (PM). De acordo com o boletim de ocorrência registrado no plantão da cidade, a medida foi tomada pelos pais, uma dona de casa de 33 anos e um ajudante de 38 anos, após o garoto sair duas vezes seguidas de casa sem avisar para onde iria e com quem sairia. Segundo depoimentos do casal, desde domingo o garoto deixava a casa no começo da tarde e só voltava depois da meia-noite. Dos três filhos — os outros têm 16 e 6 anos —, o garoto de 12 seria o único que "dá trabalho". Segundo relatos da mulher, na tarde de quarta-feira, após o almoço, o menino a ajudou nos afazeres da casa e, em seguida, com medo de que o filho saísse, pegou uma corrente e um cadeado e o acorrentou a uma viga de sustentação do quarto. Ainda conforme o depoimento, a mulher avisou o marido sobre sua atitude somente no retorno dele, no final do dia. Ela teria explicado a decisão e ele teria concordado. Após a justificativa da mulher, o ajudante explicou que foi ao quarto para ver como o filho estava e verificou que a corrente não machucava o garoto. Então ele saiu e foi para a rua resolver alguns assuntos. No depoimento do pai, ele confirma a versão da mulher e garante que a apoiou, porém, disse que achou a punição exagerada por parte da companheira. A PM foi ao imóvel acompanhada de um conselheiro tutelar e encontrou o garoto acorrentado. Os policiais também afirmaram que o menino não apresentava lesões. A família foi levada para a delegacia, onde o casal ficou preso. Os três menores foram encaminhados para um abrigo. “Nossa função foi amparar os menores e fazer valer o que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina. Os levamos para um local seguro”, disse uma conselheira. Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) informou que foi concedida a liberdade provisória ao casal, mediante a imposição de medidas cautelares, que não foram informadas. Por se tratar de menor de idade, o caso será apurado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e acompanhado pelo Conselho Tutelar. Não foi informado pelo órgão se a família já é assistida ou não.

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