EDUCAÇÃO

Operários de Viracopos têm aula de alfabetização

Após o trabalho, os operários têm a oportunidade de aprender a ler e escrever

Felipe Tonon
felipe.tonon@rac.com.br
23/07/2013 às 21:38.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:41
Alunos acompanham aula da professora Miquelina: trabalhadores ganham lanche e hora extra ( Rodrigo Zanotto/Especial para AAN)

Alunos acompanham aula da professora Miquelina: trabalhadores ganham lanche e hora extra ( Rodrigo Zanotto/Especial para AAN)

Um grupo de operários que trabalha nas obras de ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos está tendo aulas de alfabetização. Uma parceria entre a Fundação Municipal para Educação Comunitária (Fumec) e o Consórcio Construtor Viracopos (CCV) tornou possível as aulas no próprio canteiro de obras. Após o dia de trabalho, os operários transformam-se em alunos e têm a oportunidade de aprender a ler e escrever. A chance de voltar a estudar foi bem aceita pelos trabalhadores, que ganham lanche, material escolar, além de um incremento no salário. Para incentivar os estudos, as empresas que formam o CCV pagam uma hora extra por dia a cada trabalhador que frequenta a sala de aula. As atividades escolares em Viracopos começaram há pouco mais de um mês. Atualmente, são duas salas com alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Básico e uma sala de 4º e 5º ano, totalizando 47 alunos. “É apaixonante. Vou lá e volto maravilhada”, disse a coordenadora do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Fumec, Marinalva Imaculada Cuzin. O carpinteiro Eudes da Silva Bernardo, de 29 anos, teve que deixar os estudos ainda criança para trabalhar, na cidade de São Mateus, no Maranhão. Quase 20 anos depois, ele voltou à sala de aula e está reaprendendo a ler e a escrever. “Está sendo muito bom. É importante porque cada vez vamos aprendendo mais”, disse. Ele deixou mulher e um filho de 8 anos para trabalhar nas obras de ampliação de Viracopos, e com novas oportunidades surgindo, pretende continuar em São Paulo. “Estou começando do zero, mas com fé em Deus vou trazer minha família e conseguir mais coisas aqui.”Apesar do pouco tempo de aula, alguns alunos já estão concluindo o curso básico. “Vamos ter uma formatura no começo do mês que vem, de um grupo que tinha um conhecimento maior e precisava apenas de um intensivo”, disse Marinalva. Um dos operários que irá se formar é o pedreiro Aparecido José da Silva, de 59 anos, morador do bairro Irmãos Sigrist, em Campinas, que há quatro meses trabalha no canteiro de obras do aeroporto. Ele quer concluir o Ensino Básico e fazer novos cursos. “Está sendo uma vitória para todos nós. Estamos na intenção de continuar os estudos. Eu quero fazer um curso de mestre de obras, não pode parar”, disse Silva. As aulas vão das 17h30 às 20h.

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