Processo de restauração do Prédio do Relógio reconstitui a história da fase áurea das ferrovias em Campinas e região (Gustavo Tilio)
Um importante passo para a conservação e a valorização do Pátio Ferroviário de Campinas e da história do transporte no município vem sendo dado a partir das obras de restauração de um antigo galpão que pertencia a extinta Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Conhecido como Prédio do Relógio, a área de cerca de sete mil metros quadrados passa por obras de restauração e tem previsão de estar disponível para a visitação do campineiro a partir de abril. A ocupação do Pátio Ferroviário de Campinas é vista pela Prefeitura como estratégica para a requalificação da região central da cidade, que há décadas sofre com a degradação.
Segundo o prefeito Dário Saadi (Republicanos), que na semana passada publicou vídeo nas redes sociais acompanhando as obras, os trabalhos estão avançados e a meta é devolver para a população o espaço que faz parte do patrimônio arquitetônico e cultural de Campinas. “A paixão que tenho por esse centro histórico fez com que chegássemos num modelo que pudesse viabilizar a reforma de todo o complexo”, disse o prefeito.
A iniciativa recupera a “Seção de locomotivas” da Companhia Mogiana e de acordo com informações da Prefeitura é viabilizada por meio de mitigação decorrente de Estudo/Relatório de Impacto de Vizinhança (EIV/RIV), aprovado pela Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo (Seplurb), de um empreendimento na região do Guanabara.
Conforme a Prefeitura, nos trabalhos de restauração estão sendo refeitas as instalações elétricas, o reforço da estrutura do telhado do prédio, com reposição de telhas e lavagem das que poderão ser reutilizadas e a troca dos vidros. A parte hidráulica também está sendo atualizada, com as ligações feitas pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa).
A obra está orçada em cerca de R$ 4,8 milhões e foi iniciada no final de novembro do ano passado. A Administração estima que os trabalhos estejam concluídos até o dia 30 de março deste ano, no entanto, por se tratar de um trabalho de restauro é possível que o prazo seja estendido.
Segundo a Prefeitura, todas as intervenções que estão sendo realizadas passaram por aprovação do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). Com 118 anos de história, o Prédio do Relógio será reaberto inicialmente com a mostra de decoração e depois continuará sendo utilizado para eventos como equipamento da Secretaria Municipal de Cultura.
Inaugurado em 1903, o Prédio do Relógio é um dos bens de importância histórica arquitetônica dentro do Pátio Ferroviário de Campinas. A construção, além de abrigar parte das oficinas da Companhia Mogiana, projetadas no final do século XIX, foi o local usado para conservação e construção de diversas locomotivas nos anos 20.
Parte da área do Pátio Ferroviário de Campinas, local onde está o Prédio do Relógio, é usada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). A empresa responde pela conservação dos bens móveis e imóveis desse espaço, de propriedade da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) e cedido à Prefeitura.
A administração, inclusive, anunciou recentemente que começará em breve um trabalho de topografia e cadastramento da área. Um chamamento público está sendo realizado, por meio de edital, para o recebimento de propostas de doação dessa prestação do serviço. O Pátio Ferroviário de Campinas é um espaço considerado estratégico para os projetos ligados à requalificação da área central da cidade, que nas últimas décadas vem sofrendo com um processo de abandono e degradação.
De acordo com a Prefeitura, o estudo que será iniciado servirá como base para o desenvolvimento dos futuros projetos, tanto paisagísticos quanto de reforma dos prédios, e demais instalações da área que possui 405 mil metros quadrados localizada no coração da cidade.
A expectativa é que a partir dos dados topográficos da área seja possível iniciar um estudo macro com o planejamento físico espacial da área, necessário para o desenvolvimento do projeto urbanístico para a futura revitalização da área. O edital de chamamento para as propostas está em andamento.
O trabalho será realizado em toda a extensão do Pátio Ferroviário. Conforme informações contidas no edital, a empresa escolhida fará a implantação de marcos geodésicos e o levantamento planialtimétrico. Este último deverá apresentar ainda a determinação planimétrica da posição de certos detalhes visíveis ao nível e acima do solo e de interesse à sua finalidade, como cercas internas, ruas internas e externas, edificações, benfeitorias, trilhos de trem, muros, drenagem natural e artificial. Faz parte dos serviços de topografia verificar, por exemplo, as curvas de nível e quedas dos terrenos.
Desde o início do governo Dário, a área do antigo Pátio Ferroviário de Campinas vem sendo vista como estratégica. O governo municipal conseguiu junto à União, em julho, a transferência do pátio para o município e desta forma facilitar as tratativas referentes aos projetos previstos para o local.
A intenção da Administração em relação ao Pátio Ferroviário é promover a ocupação demográfica de todo o espaço que há décadas encontra-se abandonado e degradado. O chamado Shopping Popular que vai abrir o camelódromo é um deles. Outros projetos imobiliários residenciais e comerciais também integram os planos para integrar a área.
A ocupação do Pátio Ferroviário está associada à requalificação do Centro que inclui ainda outro projeto anunciado e aguardado pela população campineira. Trata-se da reforma da Avenida Dr. Campos Sales. O prefeito Dário Saadi, no entanto, em recente entrevista ao Correio Popular, afirmou que as obras serão iniciadas ainda neste primeiro trimestre de 2023.
Os trabalhos no Pátio Ferroviário de Campinas e a reforma da Avenida Campos Sales são projetos vistos pela atual gestão como ponto de partida para a revitalização de todo o Centro de Campinas, um ambicioso trabalho há muito tempo reivindicado pela população campineira e acompanhado desde o início pelo Correio Popular, por meio de diversas reportagens sobre o tema.