Jovens fizeram alistamento eleitoral nos Cartórios ou pelo site do TRE: em março, cidade ganhou 1.220 eleitores entre 15 anos (que vão completar 16 até a data da eleição) e 17 anos (Diogo Zacarias)
Em apenas um mês, a Justiça Eleitoral de Campinas registrou aumento de 35,49% no número de novos eleitores com idade entre 15 e 17 anos. Os registros eleitorais nessa faixa etária — que totalizavam 3.438 até 28 de fevereiro deste ano — subiram para 4.658 em 31 de março. Isso significa que, apenas no mês passado, a cidade ganhou 1.220 eleitores entre 15 anos (que vão completar 16 até a data da eleição) e 17 anos. Em relação a janeiro, quando o número de alistamentos totalizava 2.932 eleitores, a alta é de 58,87%. Os dados são do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).
O crescimento em março ocorreu após a cantora Anitta publicar postagens em suas redes sociais incentivando os jovens a tirar o título de eleitor para poderem participar das eleições em outubro próximo. “Então, agora é isso, me pediu foto quando me encontrou em algum lugar? Se for maior de 16, eu só tiro a foto se tiver foto do título de eleitor”, publicou a cantora pop em seu Twitter.
O movimento ganhou a adesão de outros artistas, como a atriz Bruna Marquezine e a cantora Luíza Sonza. Até o ator Mark Ruffalo, famoso por interpretar o Hulk, apoiou a campanha.
O prazo para tirar o título ou para o eleitor regularizar sua situação para participar das eleições de outubro termina em 28 dias, em 4 de maio. Todos os procedimentos podem ser feitos no site www.tre-sp.jus.br/eleitor/atendimento-online/atendimento-online
Participação
O estudante Bruno dos Santos, de 16 anos, foi ontem até o Cartório Eleitoral para se alistar. “Não podemos deixar esse País ser governado por qualquer um. A esperança de mudança passa por nós, ainda mais que somos o futuro do Brasil”, disse.
Gabriel Valentim, de 15 anos, também vai tirar o título para participar da eleição pela primeira vez. Ele aponta que já tem definido um candidato a presidente da República. “É ele na cabeça”, diz. Mas o adolescente, que completará 16 anos até outubro, também pecisará escolher seus candidatos para outros quatro cargos: governador, deputado estadual, deputado federal e senador.
Para o presidente do TRE-SP, desembargador Paulo Galizia, a participação dos jovens no pleito é importante. “Esse jovem que tem interesse político, que debate questões políticas na internet, traga esses debates para o lado oficial da política, porque só elegendo um candidato com essas bandeiras é que ele terá voz. É importante o alistamento dos jovens para que eles tenham a voz política.”
De acordo com o TRE-SP, o maior aumento de alistamento eleitoral na cidade foi de adolescentes com 15 anos. Em março, 117 tiraram o título de eleitor, elevando o total de cadastrados nessa idade para 222. É um crescimento de 111,5% em relação aos 105 registrados até 28 de fevereiro.
Em segundo lugar, aparecem os jovens com 16 anos, alta de 40,74%. No mês passado, Campinas registrou 387 novos eleitores nessa idade, chegando aos 1.337. Em fevereiro, eram 950. O menor crescimento foi entre os alistamentos de jovens de 17 anos. Em março, foram 716 novos registros, chegando a 3.099 no total. A alta foi de 30,04% em relação aos 2.049 cadastrados até fevereiro.
Procura baixa
O alistamento eleitoral entre adolescentes em Campinas é superior à média do Estado de São Paulo. A Justiça Eleitoral paulista registrou 45.220 novos alistamentos de eleitores entre 15 e 17 anos em março, aumento de 31,3%. Até o final de fevereiro eram 144.631 eleitores menores de idade, passando para 189.851 no fim de março.
Apesar do aumento de jovens em busca do título de eleitor em Campinas, o número ainda é baixo. As projeções demográficas da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) apontam a existência de cerca de 27 mil habitantes na faixa de 16 e 17 anos em 2022. Portanto, até março, apenas 17,25% desse contingente se alistou. O voto nessa faixa etária é facultativo, tornando-se obrigatório apenas a partir dos 18 anos.
Henrique Nascimento, de 15 anos, diz que tirará o título apenas por exigência do mercado de trabalho e que não gosta de política. “Os políticos não fazem as mudanças que prometem”, justifica.
O cientista política Bruno Cezar Soares vê com preocupação a descrença e desinteresse em relação ao pleito de outubro e que essa situaçãonão é uma exclusividade dos adolescentes. “A população em geral do Brasil não se vê representada no meio político”, afirma.
