Foi a maior quantidade registrada nos dez primeiros meses do ano, período em que 9.289 condutores foram multados
Uso do equipamento reduz em 50% o risco de morte para quem está nos bancos da frente e 75% para os passageiros do banco de trás; deixar de usar o cinto é uma infração grave, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) (Alessandro Torres)
De janeiro a outubro deste ano, 9.289 condutores foram multados por não usarem o cinto de segurança no município, segundo dados da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). O maior número de infrações dessa natureza foi registrado no mês de outubro, quando 1.562 motoristas foram autuados, 16,81% do total registrado nos primeiros dez meses do ano. De acordo com o artigo 167 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), deixar de usar o cinto de segurança é uma infração grave, sujeita a multa de R$ 195,23 e penalidade de cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação do condutor.
Segundo os dados, os meses que concentraram maior volume de multas por não uso de cinto de segurança, além de outubro, foram janeiro (1.201), julho (1.160) e maio (1.023).
A gerente da Divisão de Educação para Mobilidade da Emdec, Roberta Mantovani, explica que não há estudos que indiquem os motivos para essa incidência, porém afirma que o uso do cinto de segurança é um tema permanente nas ações educativas realizadas pela Emdec. São várias frentes de trabalho que buscam conscientizar todos os públicos, do infantil ao adulto. Somente neste ano foram mais de 400 abordagens educativas. Ao todo, a Emdec calcula ter atingido cerca de 100 mil pessoas. Um dos temas sempre presentes é o uso do cinto de segurança e da cadeirinha. Com as crianças, a abordagem aponta para o uso do dispositivo. Para quem está com mais de 10 anos ou com 1,45 m, o foco é no uso obrigatório do cinto de segurança.
Outro aspecto abordado pelas equipes é em relação ao uso permanente enquanto o condutor e passageiros estiverem dentro do veículo. O que as equipes da Emdec observam é que muitos motoristas deixam de usar o cinto de segurança quando estão próximos de onde moram. Isso acontece por uma falsa sensação de que já estão seguros. No entanto, é nessa hora que pode haver uma colisão ou perda de direção que leve a um acidente, por isso o equipamento somente deve ser retirado quando o veículo for desligado.
Sem o cinto, a pessoa fica solta dentro do carro, portanto, em um acidente, o corpo tende a colidir com o veículo. Nesse momento, os órgãos também colidem com a parede do corpo.Por via de regra, quanto maior a velocidade, maior a lesão. “Tem estudos que comprovam que o uso do cinto de segurança no banco da frente reduz em 50% o risco de morte. Para o passageiro do banco traseiro, (diminui) em torno de 75%”, pontua Roberta.
Embora seja um assunto conhecido, os dados endossam que ainda há pessoas que deixam de fazer o uso do cinto, transformando a pauta em vital quando o assunto é segurança no trânsito. “A questão do uso dos equipamentos não é um tema novo, a gente já fala desse assunto há muito tempo. E quando associamos a falta do equipamento de segurança a outros fatores de risco (como velocidade e consumo de álcool), essa falta do uso pode ser decisiva para levar a uma lesão definitiva, grave ou até mesmo ao óbito. As pessoas sempre devem pensar no autocuidado e na autoproteção, porque usar o cinto é uma escolha de amor”, frisa.
MAIORIA USA CINTO
A Emdec não dispõe de dados consolidados sobre vítimas de acidentes que não utilizavam cinto de segurança, mas, em setembro de 2023, divulgou um estudo sobre o tema elaborado pela Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, realizado em parceria com a Universidade de São Paulo e apoiado pela Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (BIGRS).
A pesquisa realizou observações de campo em diferentes ruas e avenidas de Campinas, entre 7h e 18h, em dias úteis e finais de semana. Em outubro de 2022, foram coletados 18.128 registros para uso do cinto de segurança e sistema de retenção infantil.
Os dados apontam que 90% dos motoristas usavam o cinto de segurança e 88% dos passageiros adultos que estavam no banco dianteiro, também. Quando analisado o banco traseiro, apenas 33% dos passageiros usavam o equipamento. O estudo trouxe, ainda, dados relativos ao uso da cadeirinha: 59% das crianças com até cinco anos dispunham do equipamento, contra apenas 13% das crianças entre 5 e 11 anos.