A triagem foi feita por 80 profissionais da saúde e 60 estudantes de medicina da Unicamp, PUC-Campinas e São Leopoldo Mandic ( Elcio Alves)
A Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) realizou ontem um mutirão de prevenção ao tabagismo, em comemoração ao Dia Mundial Sem Tabaco, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Até as 17h, 287 pacientes haviam passado pelo local, e 103 deles selecionados para fazer exames e detectar precocemente as duas doenças responsáveis por 80% das mortes em tabagistas: câncer de pulmão e doença arterial coronária. O mutirão envolveu ações em frente a Catedral Metropolitana, no Centro, das 8h às 16h, e na sede social da SMCC (Rua Delfino Cintra, 63), das 8h às 17h. A triagem foi feita por 80 profissionais da saúde e 60 estudantes de medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), PUC-Campinas e São Leopoldo Mandic. De acordo com fatores de risco, foram realizados exames laboratoriais gratuitos, avaliação da qualidade de vida e triagem para diagnóstico precoce de doenças relacionadas ao tabagismo. Os pacientes considerados de risco receberam encaminhamento para uma tomografia de tórax. Foram doados 500 exames de imagem por cinco clínicas de Campinas. Além disso, todos as pessoas que passaram pelo local foram orientadas a procurarem um dos 26 ambulatórios municipais com programas antitabagismo. “Nosso objetivo é que eles tenham conhecimento e acesso a esses ambulatórios, que têm profissionais muito capacitados”, explicou o médico cardiologista da SMCC, Juliano de Lara Fernandes. O cardiologista explicou que nas unidades, além de receberem apoio psicoterápico, os tabagistas têm gratuitamente os medicamentos de apoio necessários para deixarem de fumar. O funcionário público Eduardo Alves, de 44 anos, irá fazer a tomografia. Alves parou com o cigarro em setembro do ano passado, depois de fumar por 28 anos. “Fui obrigado a parar, pois tenho doença renal crônica. Tive que entrar na fila de transplante de rim e essa foi uma das condições do SUS”, contou. Logo após largar o vício, ele começou a sentir mais o cheiro e gosto dos alimentos. “Foi um choque de realidade. Percebi tudo que estava perdendo. Isso sem falar na minha condição física, que melhorou muito”, contou. Já a aposentada Celina de Camargo, de 62 anos, fuma há mais de quatro décadas. Ela passou pela triagem e se comprometeu a frequentar um grupo antitabagismo. Celina confessou fumar mais de 30 cigarros por dia. “Só tentei parar uma vez, enquanto estava grávida da minha filha mais nova. Para mim é difícil parar. Gosto muito de cigarro”, disse ela, que já sofreu um infarto. ProjetoA iniciativa faz parte do projeto Sociedade Contra o Fumo, que surgiu depois de ser identificado de que 15% da população de Campinas ainda é tabagista, segundo o diretor Científico da SMCC, Marcelo Camargo. “A prevenção, e a detecção precoce de complicações e, sobretudo, apoio ao fumante para interromper o fumo, são ações que podem mudar este quadro”, disse.
