Agência do Banco do Brasil no Centro, onde houve a tentativa de fraude: funcionária desconfiou da história, procurou o idoso e acionou bombeiro civil para confirmar o óbito (Wagner Souza/AAN)
A Polícia Civil de Campinas abriu inquérito para apurar uma suposta tentativa de fraude contra a previdência do Estado ou bancária no início deste mês. Uma mulher teria levado um morto ao banco, em uma cadeira de rodas, para fazer prova de vida. Ela foi detida e levada para o 1º Distrito Policial (DP), onde prestou depoimentos e foi liberada. O caso foi registrado como morte suspeita, mas a polícia pediu laudo para o Instituto Médico Legal (IML) para saber o tempo exato em que o homem estava morto. O caso aconteceu no início da tarde do dia 2 deste mês, na agência do Banco do Brasil na Rua Costa Aguiar, no Centro da cidade. Uma mulher buscou atendimento na agência, acompanhada de um casal. Eles estavam com um idoso em uma cadeira de rodas. Enquanto o casal ficou com o idoso na área de atendimento, que fica no andar térreo do banco, a mulher subiu ao primeiro andar e alegou para a funcionária que o homem passava mal. A mulher, de 58 anos, relatou que era casada havia 10 anos com o idoso, um escrivão da polícia reformado de 92 anos, e que era responsável pela movimentação da conta bancária do marido, mas havia esquecido a senha de letras e precisava de uma nova, porém não tinha procuração. Como precisava fazer a comprovação de vida, ela havia levado o marido à agência. Segundo testemunhas, a mulher chegou a chorar e dizer que o casal passava necessidade financeira. Um funcionário do banco foi até o idoso para conversar e pegar a antiga senha, mas ao se aproximar do homem, percebeu que ele estava sem vida. Ela acionou um bombeiro civil da agência, que constatou que o homem já estava morto. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e também confirmou a morte, mas, mesmo assim, chamou o Corpo de Bombeiros. A morte do idoso foi atestada por um médico do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências (Grau) do Bombeiros, que levantou a suspeita de que o aposentado estaria morto havia bem mais tempo, devido ao estado cadavérico e ao inchaço. A Guarda Municipal (GM) foi chamada e apresentou a mulher na delegacia. Ela relatou aos guardas que havia conversado com o marido na manhã do mesmo dia e tinham combinado de ir ao banco para solucionar a questão da senha. A mulher também relatou que o marido tinha saúde perfeita, mas no último mês estava debilitado. "Como não sabemos ao certo o tempo que o homem estava morto, antes de chegar o socorro, pedimos um laudo para o IML. Ela foi liberada, mas foi instaurado inquérito. Estamos aguardando o resultado", disse o delegado Cícero Simão da Costa. A mulher chegou a entrar em contradição quanto à última vez que conversou com o marido e também teria dito que havia comprado a cadeira de rodas no dia anterior. O corpo do idoso chegou a ser lavado para o Hospital do Mário Gatti. Ele foi enterrado no Cemitério Flamboyant, no dia 3 deste mês. A Associação dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo (Aepesp) confirmou que ele era associado e que foi nomeado ao cargo de escrivão no dia 15 de janeiro de 1940. Não foi informado em que ano ele se aposentou. O síndico do prédio onde o idoso morava informou que ele era viúvo havia algum tempo, mas não sabia informar se ele se casou novamente. Também disse que o casal que estava na companhia do idoso no banco é morador e vizinho e que tinha ido no banco para ajudar uma mulher.