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Mostra reverencia memória de J. Toledo

Exposição de obras de arte em Campinas marca os dez anos de morte do irreverente gênio surrealista

Rogério Verzignasse
rogerio.verzignasse@rac.com.br
10/03/2018 às 20:23.
Atualizado em 23/04/2022 às 05:34
Nos trabalhos de J. Toledo que estão em exposição no espaço Senzala, da Hípica, o público pode ter uma boa ideia tanto do surrealismo "clássico" quanto da veia satírica que também permeou sua obra (Leandro Ferreira)

Nos trabalhos de J. Toledo que estão em exposição no espaço Senzala, da Hípica, o público pode ter uma boa ideia tanto do surrealismo "clássico" quanto da veia satírica que também permeou sua obra (Leandro Ferreira)

Artista plástico, cronista, fotógrafo. Mas, antes de tudo, um gênio do surrealismo. J. Toledo — ou José Mário Arruda Toledo — famoso colaborador do Correio Popular, que sempre arrancou elogios rasgados do público, morreu há dez anos. Hoje, sua memória é celebrada em uma mostra preciosa, aberta para a visitação exclusiva dos associados da Hípica e convidados. As peças tomam a Senzala, espaço anexo ao clube onde acontecem exposições periódicas. A mostra foi organizada pelo irmão do artista, o advogado José Luiz Arruda Toledo, e tem a curadoria da artista plástica Tina Gonçalez. É uma viagem deliciosa pelas diversas fases produtivas do homenageado. Há pinturas em telas, aquarelas, fotografias, publicações e as imperdíveis “toledografias”, nome que ele próprio dava às suas infogravuras. Também estão por lá a bengala, o chapéu, e outros objetos pessoais icônicos. A curadora se comoveu com a oportunidade. Na verdade, ela se tornou conhecida da família porque seu marido, Ailton Roncato (o “Gato”), músico dos bons, era amigo próximo de J. Toledo. Além de se divertir vasculhando o rico acervo, ela também teve o capricho de reunir, para a mostra, obras onde artistas famosos que retratram o ícone do surrealismo. São desenhos e pinturas feitas por feras (e velhos amigos de J.), como Flávio de Carvalho, Egas Francisco e o próprio Ailton Roncato. “A ideia foi resgatar um pouco da personalidade singular de J. Toledo e reavivá-la através de suas produções”, diz a curadora. História Aluno de Sérgio Milliet, J. Toledo teve uma formação cultural relevante que permitiu que iniciasse sua trajetória artística aos 14 anos de idade. Ele participou de inúmeras exposições. A produção pictórica, que marcou uma grande parte da sua carreira, aos poucos foi dando lugar para obras fotográficas, indicando a mudança da postura técnica, sem abandonar a temática que o consagrou. Atento às inovações tecnológicas e à busca por novas formas de produção, as “toledografias” demonstraram, segundo a curadora, a vivacidade de um artista multíplice. Em Campinas, J. Toledo estava cercado de amigos, com quem dividia sua cultura. Durante sua vida, ele manteve contato com inúmeras personalidades como o arquiteto e artista modernista Flávio de Carvalho, a escritora Hilda Hilst e o escritor Jorge Amado. Hilda, por sinal, o influenciou enquanto cronista, e dela ele herdou o humor refinado e a visão crítica mordaz. Durante a vida, J. Toledo realizou exatas 99 exposições — incluindo uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, em 1970. Sua centésima exposição foi uma homenagem póstuma, ocorrida no Espaço CPFL Cultura, em Campinas.

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