VIOLÊNCIA

Moradoes de Barão Geraldo protestam contra saques e arrastão

Comerciantes e moradores revoltados protestaram neste sábado (14) contra a realização do Carnaval no distrito. Pelo segundo ano consecutivo, festa é marcada por depredações e violência

Do Correio.com
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14/02/2015 às 09:42.
Atualizado em 23/04/2022 às 19:15

Loja parcialmente destruída (Jaqueline Harumi/ AAN )

Pelo segundo ano consecutivo, o primeiro dia do Carnaval no Distrito de Barão Geraldo, em Campinas, foi marcado por vandalismo, depredações e saques em lojas da Avenida Santa Isabel e ruas próximas. As ocorrências revoltaram comerciantes e moradores, que, por volta das 13h, protestaram contra a realização da festa no distrito com o fechamento de um trecho da Avenida Santa Isabel, na confluência das ruas Horácio Leonardi e a Benedito Alves Aranha. Um dos comércios mais prejudicados foi O Boticário, que fica na Avenida Santa Isabel, que teve a porta de ferro arrombada e parcialmente levantada e a vitrine destruída por pedras. Mais de 80% dos produtos foram levados. Dentro da loja o cenário era de destruição. Até as luminárias foram arrancadas.   Prateleiras, balcões e o micro-ondas da cozinha dos funcionários sofreram danos. Por volta das 4h da madrugada, a empresa de seguros telefonou para a gerente da loja avisando o ocorrido. O estoque da loja, que funciona no endereço há mais de 10 anos, estava cheio e o valor total dos danos não foi informado.   Foto: Dominique Torquato/ AAN Loja de biquinis saqueada durante a madrugada de sábado     Outros ataques   O franqueado da Cacau Show, logo ao lado da perfumaria, conta que houve tentativa de arrombamento na porta de ferro e de invasão pelo telhado da chocolateria. “Houve um roubo em 2012 e agora essa tentativa de invasão. É revoltante porque pagamos nossos impostos e passamos por essa insegurança”, reclama Ricardo Caruso Gomes.   “Se tivessem entrado aqui e feito o que aconteceu na perfumaria, iria quebrar. Tenho seguro da mercadoria, mas não do prédio”, acrescenta. Para o comerciante, a realização de Carnaval e aglomerações em centros comerciais é uma irresponsabilidade do poder público. “Que façam a festa longe daqui.”   De prontidão   A insegurança gerada pela baderna e a aglomeração na Avenida Santa Isabel fez Fernando Bonatto, do bar Estação Barão, permanecer de prontidão em frente ao comércio até o dia clarear. Ele trabalhou até as duas de madrugada e depois de fechar o estabelecimento, junto com o irmão e alguns funcionários, ficou de prontidão para que ninguém invadisse o local.   Bonatto teme que a situação se repita todas as noites. “Aqui só junta tranqueira. A Emdec botou cavalete na rua depois da meia-noite e aí a baderna piorou”, lembra. Por volta das 5h, o comerciante disse ter visto a chegada de uma dezena de viaturas da Policia Militar, mas os arrombamentos já haviam ocorrido.   Vitrines quebradas   Virando a esquina da Avenida Santa Isabel e da Benedito Alves Aranha, a loja Moussiê Fitness e Beachwear, que funciona há pouco mais de um ano em uma galeria comercial, teve a vitrine arrebentada por pedradas e o interior saqueado. Perplexa com a destruição do comércio da filha, Glenda Borini lembrou que no ano passado a presença de um ambulante de cachorro-quente em frente à loja acabou inibindo a ação de vândalos.   “Nunca imaginei que aconteceria na minha loja. A gente conta com a segurança pública”, diz. Só em artigos de consignação Glenda calcula um prejuízo de R$ 7 mil, além de R$ 3 mil em biquínis de confecção própria. No total os danos chegam a R$ 40 mil. Iramir Pinheiro, marido da comerciante, conta que várias peças de roupas foram achadas espalhadas na praça e no lixo. “É muito triste. E são pessoas atraídas para cá pelo Carnaval. A Prefeitura promoveu a festa e não deu segurança para o comércio”, critica.  Defesa   Mas muitos não associam as ocorrências aos blocos carnavalescos do Distrito. Carla Monalisa Pinto, uma das organizadoras do Carnaval em Barão Geraldo, responsável pelos blocos Ferradura e Zé Coquinho, é categórica ao afirmar que as ocorrências no centro comercial não estão ligadas às festividades promovidas no entorno da Praça do Coco. “Tivemos quase 10 mil pessoas aqui e nenhuma briga.”   As ocorrências no centrinho comercial de Barão Geraldo colocaram neste sábado o poder público em alerta contra uma nova onda de depredação no distrito. O secretário municipal de Cultura, Ney Carrasco, se reuniu no gabinete do prefeito e discutiu com os órgãos competentes medidas para coibir a ação de vândalos na segunda noite da festa popular no distrito.   Secretário rebate    Carrasco rebateu as acusações da população e de comerciantes sobre o despreparo, desleixo e a negligência do poder público no reforço da segurança. “Fizemos o Carnaval na Praça do Coco justamente para isolar a área comercial. O problema é que um grupo elegeu Barão para depredar, e isso não está relacionado com as atividades carnavalescas.”   Com base nas ocorrências do Carnaval passado, ele informou que houve preocupação com ações de segurança. Foi promovido reforço no efetivo e rondas preventivas foram traçadas para evitar as aglomerações. Também foram suspensos os fechamentos de vias. “Agora, se a Emdec viu uma situação de risco para os pedestres e resolveu fechar a Avenida Santa Isabel, tem autonomia para fazê-lo”, pontuou o secretário. Na delegacia Treze jovens foram detidos pela quebradeira na loja do Boticário. Parte dos produtos foi recuperada pela Guarda Municipal e pela PM. Gustavo Hill Mendes de Oliveira, 19 anos, Bruno Gonçalves dos Santos, 18 anos, e 11 menores com idades entre 14 e 17 anos, sendo três meninas, foram encaminhados ao 4º Distrito Policial, após serem capturados em diferentes pontos da cidade com produtos em sacolas. Os produtos recuperados são avaliados em aproximadamente R$ 10 mil. Também foram furtados computador, celular e dinheiro, cujo valor a dona da loja não soube precisar.   De acordo com a GM, Oliveira e três menores foram pegos ainda dentro do estabelecimento comercial às 4h15. Os guardas detiveram ainda dois adolescentes na Praça do Coco, um no Terminal Barão Geraldo e dois no Terminal Central. Já a PM, que ainda nem havia tomado conhecimento do caso, deteve Santos e três menores na Vila União.

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