Calçadão da Rua 13 de Maio, tradicional centro comercial de Campinas: maioria dos devedores está na faixa de 26 a 40 anos de idade (Gustavo Tilio)
Uma em cada duas pessoas aptas a trabalhar tem dívidas em atraso em Campinas. É o que releva pesquisa divulgada ontem pela Serasa Experian a pedido do Correio Popular, que aponta que março foi o terceiro mês seguido de alta na inadimplência. De acordo com a empresa de controle de crédito, o município tem 418.509 pessoas com contas em atraso, o equivalente a toda a população somada de Sumaré a Paulínia.
O total de inadimplentes representa 54,66% da População Econômica Ativa (PEA) de Campinas, que é de 765.580 pessoas a partir de 16 anos idade com capacidade produtiva. Em março, a inadimplência no município registrou alta de 9,16% em comparação ao mesmo mês de 2021, aponta a Serasa. A cidade fechou o mês com 1.500.495 dívidas, que somam R$ 2,12 bilhões. Em março de 2021, eram 1.420.355 dívidas em atraso, que totalizavam R$ 1,99 bilhão. Em relação a fevereiro deste ano, quando havia 1.541.037 contas inadimplentes, a alta em março foi de 0,61%.
De acordo com o levantamento da Serasa, o valor médio das dívidas por pessoa é de R$ 5.074,59. Já o valor de cada dívida é, em média, de R$ 1.369.73. Os valores são ligeiramente inferiores aos de março de 2021, quando as dívidas tinham valor médio por pessoa de R$ 5.101,26, com cada uma ficando em R$ 1.401,97.
Segundo a Serasa, o setor de bancos/cartão é o mais atingido pela inadimplência, representando 28,17% do total. Em segundo lugar aparece as chamadas utilities (contas de água, luz e gás) - 23,73% -, seguidas pelo comércio - 12,44% - e telecom (celular, internet, telefonia e TV por assinatura) - 7,62%.
Contas em atraso
Segundo a Serasa, a alta na inadimplência em Campinas ficou ligeiramente abaixo da média nacional. No Brasil, o número de inadimplentes cresceu 0,81% em relação a fevereiro. Segundo a empresa de controle de crédito, a maioria dos devedores está na faixa de 26 a 40 anos de idade, que representa 35,2% do total dos inadimplentes.
Pamela Cristina Batista Parreira está há três meses com dois cartões de crédito em atraso por estar desempregada. A ex-operadora de telemarketing aponta que a única forma de sair das dívidas é voltar a trabalhar. "Qualquer coisa que aparecer eu pego", diz ela. Pamela diz estar a procura de uma vaga para voltar ao mercado de trabalho, mas que não está fácil achar uma oportunidade.
Ela se enquadra no perfil que o economista Flávio Carvalho avalia como o principal entre os inadimplentes. "O desemprego costuma ser, historicamente, a principal causa da inadimplência do consumidor. Mas chama a atenção o crescimento da diminuição da renda como motivo da inadimplência", afirma. Para ele, é reflexo da alta da inflação, que corrói o poder de compra do consumidor, queda do salário médio pago ao trabalhador brasileiro e crise na vida financeira do consumidor causada pela pandemia de covid-19. A alta da inadimplência acaba afetando as vendas do próprio comércio. Com dívidas, as pessoas compram menos, até porque ficam com o crédito bloqueado. "Isso interfere nas vendas, que poderiam ser melhores", diz Egildo Santos, coordenador de uma loja no Centro.
Para evitar as dívidas, há também consumidores que cortam as despesas não essenciais, o que afeta diretamente o lazer. "Eu compro o que é estritamente o necessário. Almoço fora de casa todo o domingo, esquece. Agora só de vez em quando", diz a promotora Alvanice Oliveira Silva ao explicar como faz para equilibrar o aumento contínuo do custo de vida com a renda, que não acompanha essa alta.
7 PASSOS PARA SE LIVRAR DAS DÍVIDAS
✔ Conheça o valor total das suas dívidas É importante listar todos os débitos acumulados até o momento. Com essa prática, é possível identificar quanto se deve no total e o quanto dessa dívida compromete da renda mensal. A prioridade deve ser as contas que possuem a maior taxa de juros, como é o caso do cartão de crédito e cheque especial.
✔ Defina uma meta mensal de economia Depois de definir uma estratégia para quitar dívidas mais urgentes, poderá adotar uma prática para evitar recorrer a linhas de empréstimos mais caras. Por isso, quando já estiver com as dívidas mais equilibradas, procure definir quais gastos pode cortar para economizar.
✔ Negocie com os credores Após conhecer o tamanho da dívida e conseguir identificar a capacidade de pagamento mensal, é muito mais fácil negociar os débitos mais caros e antigos com as instituições credoras. Antes de fazer contato, estabeleça um limite de quanto pode destinar aos débitos. Peça uma proposta de pagamento dessa dívida em condições melhores e verifique no orçamento se o valor sugerido pela operadora está em conformidade com o que definiu.
✔ Troque dívidas caras por mais baratas Se a negociação com as empresas credoras não evoluir, pode partir para a portabilidade de crédito. Nesse caso, o consumidor pode procurar por alguma instituição que ofereça melhores condições de pagamento e transferir a dívida. Antes de tomar essa decisão, faça uma ampla pesquisa online sobre quais são as empresas que oferecem empréstimos com juros mais baixos.
✔ Passe a controlar os gastos Todas essas dicas só funcionam quando o consumidor adota novos hábitos de consumo. Isso não quer dizer que deva parar de consumir, mas assumir um compromisso consigo mesmo para quitar dívidas e criar metas financeiras mais rigorosas com o seu dinheiro.
✔ Anote todos os gastos A melhor forma de controlar o orçamento é anotar todos os gastos. Dessa forma, é possível identificar o perfil financeiro de maneira mais clara, bem como entender quais são os pontos focais que estão impactando a sua saúde financeira.
✔ Busque mais conhecimento sobre educação financeira Uma das principais formas de sair das dívidas é ter o conhecimento necessário para evitá-las. Por essa razão, é fundamental que busque conhecimento sobre como se educar financeiramente. Seja por meio de aplicativos, canais no YouTube ou blogs especializados, é importante que tenha cada vez mais habilidade para organizar os recursos e a educação financeira será determinante.
Fonte: Creditas