Policiais no local onde jovem foi morta a pedradas no Campo Belo, no início deste mês: violência assusta ( Divulgação)
Ao menos 200 mulheres prometem se reunir neste sábado (5) no Jardim Campo Belo para protestar contra a violência doméstica. Elas pretendem fechar uma das faixas da Rodovia Miguel Melhado Campos (Vinhedo/Viracopos) por volta das 14h — ainda não sabem se ficarão no local ou se seguirão em caminhada pelo bairro. A intenção é chamar a atenção das autoridades para a violência na região. O bairro registrou três recentes casos de violência contra a mulher. Duas foram mortas a pedradas por seus maridos e uma terceira teve a casa invadida e acabou morta a tiros. Os casos foram registrados em menos de dois meses, com o último ocorrido no começo desta semana. A manifestação é organizada pelo grupo Mulheres do Campo Belo com apoio do Comitê Regional da Marcha Mundial de Mulheres. Dezenas de panfletos da manifestação foram distribuídos na região e algumas organizadoras visitaram famílias vítimas da violência com intuito de chamar para a manifestação. “Queremos denunciar a situação do bairro. Houve casos muito graves de mulheres que morreram de uma forma muito triste e violenta. Elas foram assassinadas por seus companheiros devido a desavenças”, afirmou uma das organizadoras da manifestação e que pertence ao comitê regional da marcha, Lourdes Andrade Simões. “Queremos chamar a atenção das autoridades e pensar alternativas para o combate à violência. Precisamos acolher a mulher e a família vítima da violência. A intenção é consolidar uma organização de mulheres naquela região, para fazer encaminhamento local e despertar a comunidade para o combate à violência”, afirmou. Lourdes disse que o bairro precisa de uma ação mais eficiente para evitar que novos casos ocorram. “É uma realidade que hoje está aqui, mas acontece em diversos pontos de Campinas. A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) não tem a menor condição de prestar um atendimento adequado a essas mulheres. A estrutura é péssima e os funcionários que trabalham no local não são treinados para esse tipo de atendimento. Muitos vieram de outros distritos policiais para atenderem lá, não têm perfil para esse atendimento, que é especializado”, afirmou. Ela afirmou que além do atendimento, a estrutura é precária e muito morosa. “As mulheres acabaram de sofrer uma violência e são obrigadas a ficar esperando muito. E as investigações demoram a caminhar. No protesto iremos voltar a atenção para isso também”, afirmou.“É bom saber que tem gente que nos ajuda a lutar por nossos direitos, os casos no bairro estão cada vez mais comum”, disse Aline Silva, que teve uma amiga vítima de violência sexual na área. NúmerosDe acordo com os dados da Central de Atendimento à Mulher, o telefone 180, que acolhe denúncias de violência em todo Brasil, de janeiro a junho foram registradas 2.066 ligações, só de Campinas, ou seja, quase 60% do total da Região Metropolitana de Campinas (RMC), que somou 2,9 mil telefonemas. A média diária de ligações da região é de 16 telefonemas diários.De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), de janeiro a agosto a DDM de Campinas registrou 2.028 agressões, 166 estupros e instaurou 1.338 inquéritos policiais.