O Dia da Consciência Negra em Campinas foi marcado por uma série de eventos na cidade. O mais aguardado deles foi a Marcha Zumbi dos Palmares que completou neste ano a sua 19ª edição. Centenas de pessoas participaram do evento, que teve concentração na Estação Cultura. A marcha começou por volta das 10h30, com uma caminhada no Calçadão da 13 de Maio e que seguiu pela Barão de Jaguara, General Osório, Av. Anchieta, Thomaz Alves e Francisco Glicério, antes de chegar ao destino final, o Largo do Rosário. Com faixas e cartazes, os manifestantes pediram igualdade, fim do racismo e da violência contra os negros. Uma das organizadoras do movimento, Edna Lourenço, de 67 anos, explicou que as ruas escolhidas para a marcha representam parte do sofrimento vivido pela comunidade negra no município, durante o período da Escravatura. “São locais que foram espaços de muita humilhação para os negros. Na Barão de Jaguara, por exemplo, nossos ancestrais eram proibidos de caminhar, pois era um reduto da elite branca. No Largo do Rosário, negros eram comercializados. Já o Largo das Andorinhas já foi um pelourinho, ou seja, um local onde inúmeros negros foram enforcados e mortos. A Francisco Glicério é uma das avenidas mais conhecidas de Campinas, mas muita gente não sabe que a pessoa homenageada pela denominação da via era um afrodescendente”, disse. O coordenador da Casa de Cultura Tainã, Antônio Carlos Santos Silva (TC Silva), de 66 anos, também marcou presença no evento. Ele comentou que o dia 20 de novembro é uma data-símbolo da luta do povo negro no Brasil, já que homenageia a morte do líder negro Zumbi, um símbolo nacional de resistência ao sistema escravocrata brasileiro, que se encerrou oficialmente em 1888, com a assinatura da Lei Áurea, mas cujos os reflexos ainda persistem na sociedade. “Somos um País com uma grande concentração de negros. A gente sabe que existe uma dívida histórica no Brasil com essa população, que foi sequestrada e trazida para cá para construir riquezas. Só que isso não foi reparado, tanto que, infelizmente, ainda temos que fazer ações como essa para que a sociedade possa repensar alguns conceitos básicos, entre eles o preconceito e a discriminação contra os negros”, ressaltou. Ao todo, a marcha durou cerca de duas horas e foi acompanhada por agentes de trânsito e pela Guarda Municipal. Foto por: Carlos Souza Ramos/AAN Foto por: Carlos Souza Ramos/AAN Foto por: Carlos Souza Ramos/AAN Foto por: Carlos Souza Ramos/AAN Foto por: Carlos Souza Ramos/AAN Foto por: Carlos Souza Ramos/AAN Foto por: Carlos Souza Ramos/AAN Exibir legenda 1100
Dia da consciência negra, participantes fazem marcha pelo centro contra o racismo que ainda existe.
Dia da consciência negra, participantes fazem marcha pelo centro contra o racismo que ainda existe.
Dia da consciência negra, participantes fazem marcha pelo centro contra o racismo que ainda existe.
Dia da consciência negra, participantes fazem marcha pelo centro contra o racismo que ainda existe.
Dia da consciência negra, participantes fazem marcha pelo centro contra o racismo que ainda existe.
Dia da consciência negra, participantes fazem marcha pelo centro contra o racismo que ainda existe.
Dia da consciência negra, participantes fazem marcha pelo centro contra o racismo que ainda existe. O artista plástico de Moçambique, Makolwa Munguambe, de 50 anos, chegou ao Brasil no dia 14 de outubro e voltará ao país africano na semana que vem. “Já estive no Brasil em 2008 e tenho uma boa relação com a Casa de Cultura Tainã. Troco muitas experiências com eles. Eu vim participar de exposição e de um workshop de criação de boneco que será usado no evento”, comentou. Munguambe aproveitou o momento e elogiou a iniciativa dos organizadores do evento. “A gente ainda tem muito preconceito (contra negros) e eu como moçambicano vejo muito isso no Brasil. Falta diálogo, conhecimento e respeito por partes de muitas pessoas que se julgam superiores, só porque tem cor de pele diferente da minha ou de qualquer outra pessoa”, frisou. Baile Além da marcha, outro evento de destaque no dia de ontem foi o Baile Black, que aconteceu na Estação Cultura. No local, o público foi “transportado para a época de ouro” das grandes festas de décadas passadas. Nos toca-discos, grandes nomes da música negra. Os DJs Dan-Dan (Criolo) e Fábio Rogério (105FM), foram lembrados pelo público. Houve ainda uma roda de samba com encontro de batuqueiros. O ingresso custou um quilo de alimento não perecível. Obra passeia por ruas que homenageiam celebridades Além da marcha Zumbi dos Palmares, outras atividades serão realizadas ao longo do mês da Cosnciência Negra. Amanhã, a Câmara Municipal de Campinas recebe, às 10h, o lançamento livro Ruas de Histórias Negras - nossos passos vem de muito longe, de autoria de Edna Lourenço. A obra é inspirada no projeto do vereador Carlão do PT, que consiste na instalação de placas com fotos e informações de personalidades negras que dão nome a ruas, praças e locais históricos de Campinas. No livro, a autora discute com o leitor temas importantes como respeito, família, libertação, afeto, discriminação e ações afirmativas. O projeto foi lançado em novembro de 2015, com o intuito de apresentar à população de Campinas as personalidades negras que emprestam seus nomes para ruas da cidade. Locais importantes dentro da cultura negra também foram lembrados na obra. Edna também compartilha episódios de sua vida, descobertas e conquistas de sua família. Ao todo, a obra Ruas de Histórias Negras, conta com a confecção de mais de 40 placas, com pequenos relatos históricos ou minibiografias. As placas foram instaladas pela Serviços Técnicos Gerais (Setec), autarquia responsável pela fiscalização do solo campineiro, e fazem parte de um projeto maior, que inclui a formatação das estruturas, independente da cor do homenageado ou local. As personalidades negras foram indicadas no começo de 2015, logo após um trabalho de pesquisa feito no gabinete do próprio vereador. ARTE E DENÚNCIA No dia 24 de novembro, a Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial realizará o "Sábado Afro: 23 Dá o Tom - Sinal Vermelho para o Racismo", das 10h às 18h, nos jardins na antiga Fazenda Mato Dentro (Parque Ecológico Monsenhor Emílio Salim). O nome do evento faz referência aos dados de mortes violentas que atingem a juventude negra: a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no País. No local serão realizadas palestras, atividades culturais de prevenção e combate ao racismo e à discriminação religiosa. A ação será encerrada com o desfile das crianças e adolescentes participantes do Projeto Crespinhos no Poder, uma iniciativa de empoderamento de jovens negros de Campinas, apoiado pela Coordenadoria. SAIBA MAIS As pessoas interessadas em informações mais detalhadas sobre a programação cultural da Consciência Negra podem acessar o endereço eletrônico http://www.campinas.sp.gov.br/ckfinder/userfiles/files/consciencia.pdf.