José dos Santos Marques, o famoso Zé Lamparina, posa para foto com escoteiros durante homenagem ( César Rodrigues/ AAN)
O chefe dos escoteiros mais antigo do Brasil recebeu neste sábado (4) uma homenagem no Clube Círculo Militar, em Campinas. José dos Santos Marques, mais conhecido como Zé Lamparina, completou 100 anos em junho, 86 deles dedicados ao escotismo. A festa teve uma música composta especialmente para Zé, além de contação de histórias e churrasco. Apesar da dificuldade de locomoção, o escoteiro centenário conversa com desenvoltura e lembra passagens marcantes na sua trajetória. Zé Lamparina disse não ter ideia de quantas gerações formou no Grupo Escoteiro Mogiana ou no Craós, onde exerceu a função de chefe, mas lembra de passagens importantes que se entrelaçam com a história do Estado. O menino pobre entrou para o escotismo com 14 anos, mas logo se destacou pelo espírito de liderança e facilidade em trabalhar em grupo. “A verdade é que antes de ser escoteiro eu era um menino tímido e emburrado. Se chegasse uma visita em casa, eu me escondia no quarto”, disse Zé. Os acampamentos e ensinamentos sobre a natureza o tornaram mais desenvolto, diz. Ele foi galgando posições na escola e, em 1930, com seu chefe dos escoteiros, Júlio Silva, montou o Grupo Escoteiro Ubirajara. Zé lembrou ainda das funções que desempenhou na Revolução de 1932. “Entregava cartas, suprimentos e fui guia das tropas, que era uma função perigosa. Me escolheram porque eu conhecia muito bem a região.” Aluno do “Chefe Zé”, o diretor administrativo do grupo Craós, Pedro Paulo de Oliveira, conta que Lamparina era rígido. “Mas sempre com um caráter excepcional. Uma pessoa muito boa.” Oliveira contou também o porquê do apelido. Na década de 20, a revista O Tico-Tico tinha um personagem que chamava Lamparina. “Era um menino negro também, muito levado. Falam que parecia com o Zé. O apelido ficou. E foi reforçado pelo fato de ele fazer lamparina para financiar o grupo de escoteiros.” Outro aluno de Zé, Evanir Rosa, de 73 anos, não conseguiu conter as lágrimas. “Estou emocionado de ver ele aqui até hoje, forte. É um exemplo.”