OTIMISMO

Liberação de verba contra enchentes em Campinas avança no BNDES

Prefeitura deve receber R$ 517 milhões em investimento; projeto prevê construção de três piscinões e está em análise final no Banco

Eliane Santos/ eliane.santos@rac.com.br
25/10/2023 às 09:24.
Atualizado em 25/10/2023 às 09:24
Administração pretende realizar as obras nos córregos da bacia Ribeirão Anhumas para evitar inundações e enchentes, principalmente nas avenidas Orosimbo Maia e Princesa d’Oeste; na terça-feira, o prefeito de Campinas se reuniu com a equipe técnica e com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante (Alessandro Torres)

Administração pretende realizar as obras nos córregos da bacia Ribeirão Anhumas para evitar inundações e enchentes, principalmente nas avenidas Orosimbo Maia e Princesa d’Oeste; na terça-feira, o prefeito de Campinas se reuniu com a equipe técnica e com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante (Alessandro Torres)

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) analisa, em fase final, o pedido de financiamento no valor de R$ 517 milhões para obras da primeira fase do projeto de drenagem em Campinas, que prevê a construção de três piscinões e três parques lineares. A informação é da Administração e foi divulgada após reunião entre o prefeito Dário Saadi (Republicanos) e Aloizio Mercadante, presidente da instituição, no último dia 23.

O pacote antienchente foi anunciado em março do ano passado e prevê medidas para conter as inundações em Campinas, principalmente nas regiões das avenidas Princesa D'Oeste e Orosimbo Maia. Ao todo, a primeira etapa custará R$ 580 milhões, com o restante da verba necessária complementada pela Prefeitura. As obras serão realizadas nos córregos da bacia Ribeirão Anhumas (córrego Serafim, que fica na Orosimbo, e no Proença, na Princesa D'Oeste).

“Foi uma reunião muito positiva, na qual eu pude apresentar de forma detalhada como o dinheiro será investido. Nosso pedido de recursos avançou e agora vai para a última fase de análise antes da liberação", explicou o prefeito. Dário completou afirmando estar muito confiante de que a liberação acontecerá em breve.

O secretário municipal de Infraestrutura, Carlos José Barreiro, compartilha do mesmo otimismo do prefeito. “O BNDES é um banco ágil e estamos dentro dos procedimentos necessários”, disse Barreiro referindo-se aos pareceres técnicos e à análise dos indicadores econômicos e financeiros de Campinas. Eles já foram analisados e estão compatíveis com as exigências do Banco.

Além do financiamento requerido junto ao BNDES, a Prefeitura também busca recursos por por meio do Sistema de Recebimento de Propostas para Empreendimentos de Saneamento Básico do Setor Público (Selesan) e da Corporação Andina de Fomento (CAF). Em abril deste ano, Dário Saadi esteve em Brasília discutindo o assunto com o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho.

PROJETO

O projeto da Prefeitura para controle das enchentes nas Avenidas Princesa D'Oeste e Orosimbo Maia foi apresentado no dia 17 de março de 2022, em uma live nas redes sociais do prefeito, três meses após Denise Gabiatti, de 60 anos, morrer na Princesa D'Oeste, esquina com a Rua Joaquim Roberto de Azevedo Marques. Ela foi arrastada por uma correnteza causada por uma forte tempestade e se afogou embaixo de um carro após ficar presa. No mesmo local, em 2019, um motociclista de 41 anos faleceu após cair de moto e ser arrastado pela enxurrada durante um temporal.

Devido à complexidade da obra e ao elevado volume de investimento necessário (com o custo total de todas as fases estimado em R$ 800 milhões) a Prefeitura dividiu o projeto em duas etapas. De acordo com o secretário Barreiro, estão previstos três piscinões na primeira fase, sendo dois na região da Princesa d'Oeste e um na Orosimbo Maia, além de três parques lineares nas proximidades dos futuros reservatórios.

Também estão previstos reforços de travessia no cruzamento da Orosimbo Maia com a Avenida Anchieta, Rua José de Souza e Rua Sampaio Peixoto, além da construção de uma galeria de derivação na Rua Joaquim de Azevedo Marques. “São duas grandes fases e cada uma delas é composta de algumas obras individuais”, acrescentou Barreiro.

Já a segunda etapa contemplaria a construção de reservatórios na Praça René Penna Chaves, na Praça Ópera Joanna de Flandres — ambos para servir ao córrego Proença — e na Avenida Anchieta com Orosimbo Maia, para o córrego Serafim. Também seria feita a ampliação do reservatório do Ribeirão Anhumas, conhecido como Piscinão da Norte-Sul, que já existe e serve os dois córregos.

“Trata-se de uma obra de grande porte, com muitas dificuldades técnicas. Estamos trabalhando cuidadosamente para viabilizá-la”, afirmou o secretário. A expectativa dele é que 90% das ocorrências de alagamento na cidade devem ser resolvidas mesmo antes do final do projeto, com a conclusão da primeira etapa.

OUTRAS MEDIDAS

O encontro entre Dário e Mercadante no Rio de Janeiro aconteceu 15 dias após Campinas ser novamente castigada por fortes temporais. No último dia 9, Saadi anunciou novas medidas relacionadas ao enfrentamento dos alagamentos, principalmente pela proximidade do verão, estação marcada por chuvas intensas. Serão instaladas 50 câmeras inteligentes e 100 painéis de led ao longo da Orosimbo e Princesa D’Oeste.

Primeiro, com previsão para conclusão do processo para 15 de dezembro, está programada a instalação de 20 câmeras e 40 painéis, sendo que metade dos equipamentos já devem estar funcionando um mês antes do prazo final, no dia 15 de novembro. Posteriormente, com data de encerramento em março de 2024, mais 30 câmeras e 60 painéis instalados nas vias.

Todas as câmeras estarão conectadas à Central Integrada de Monitoramento de Campinas (CIMCamp). Elas detectarão o volume pluvial dos rios que cortam a cidade para indicar à CIMCamp o perigo de alagamento da região, considerando o volume de chuvas. A mensagem também irá para os painéis, que indicarão rotas alternativas para os motoristas.

Cada painel será instalado em um raio de 1 km das câmeras em pontos semafóricos. Para isso, haverá a substituição de 100 placas de publicidade estática, que hoje são utilizadas somente para publicidade privada, por painéis digitais que transmitirão as mensagens de interesse público. “Isso pode ajudar a evitar tragédias e orientar a população a não estar em avenidas e ruas que alagam”, destacou o prefeito.

A Prefeitura também intensificou desde o ano passado as ações de limpeza nos córregos e bocas de lobo, desassoreamento do piscinão da Avenida Norte-Sul com Orosimbo Maia e a manutenção das galerias pluviais. Campinas tem cerca de 45 córregos.

O secretário Barreiro ainda fez um apelo evite circular em locais propícios a alagamentos em uma situação de chuva e para que a população evite jogar lixo nas vias públicas, uma vez que eles vão para córregos e bueiros das cidades, contribuindo para a ocorrência de enchentes.

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