Cepagri diz que período será marcado por baixos índices de chuvas, mas sem estiagem severa
Biólogo Eduardo Yamamoto disse que não deixa o cão Simon, de 3 anos, na parte externa de casa no período de frio por ser um cachorro pequeno; ele mantém o pet protegido com roupinha e também com cobertinha (Rodrigo Zanotto)
Frio intenso deve continuar nos próximos dias e na quarta-feira (21), às 11h57, começa oficialmente o inverno, estação mais seca do ano, acendendo o sinal de alerta para doenças respiratórias em pessoas e animais. A menor temperatura do ano, de 8,1ºC, foi registrada no último sábado na estação meteorológica do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Especialistas ouvidos pelo Correio Popular orientam cuidados que devem ser adotados no inverno, como umidificar ambientes, cuidar da alimentação e agasalhar animais.
Segundo boletim do Cepagri, o Inverno de 2023 será um período de baixos índices de chuvas e temperaturas baixas, especialmente em junho e julho. As temperaturas devem aumentar em agosto. Não há indicativos de estiagem severa nem de período chuvoso fora do costume. Apesar da previsão de temperaturas baixas, elas estarão acima da média, segundo Bruno Bainy, meteorologista do Cepagri. “Em geral, a longo prazo a tendência é de um inverno com temperaturas acima da média e precipitação em torno ou um pouco abaixo dos valores de referência para o período”, disse.
Os efeitos dessas condições climáticas na saúde das pessoas são as doenças respiratórias. O pneumologista Ricardo Siuffi disse que os fatores que contribuem para isso são a circulação de vírus, maior tempo passado em ambientes fechados e mudanças climáticas. Siuffi, que também é professor do curso de medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, aconselhou a vacinação, higiene das mãos, evitar contato com doentes, cobrir a boca ou nariz ao tossir e espirrar, manter ambientes ventilados e adotar um estilo de vida saudável, como medidas que podem ser adotadas para a proteção da saúde respiratória.
“É importante ressaltar que essas medidas de prevenção são úteis não apenas durante a chegada da frente fria, mas em qualquer época do ano. Promover a conscientização sobre a importância dessas práticas é fundamental para a saúde respiratória da população em geral”, destacou.
O coordenador do Departamento de Pneumologia da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), Rene Pena Chaves, disse que nessa época do ano as pessoas costumam utilizar cobertas guardadas há muito tempo, que podem estar com poeira e até com mofo, portanto cuidado e atenção devem ser fudamentais. Rene Pena também recomenda a umidificação do ar, que pode ser feita com equipamentos específicos ou bacias com água.
Utilizadas no aquecimento, as fogueiras podem causar danos na saúde das pessoas, por isso o médico recomenda que evitem ao máximo. “A fumaça pode causar enfisema pulmonar e bronquite crônica”. Os aquecedores de ambientes alimentados com lenha também têm esse efeito, são até mais graves, porque ficam em ambientes fechados. A Defesa Civil de Campinas também solicitou que a população não faça fogueira para se aquecer.
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO
Os cuidados na prevenção de doenças no período do inverno devem se estender aos animais também. Os cães são mais suscetíveis a apresentarem problemas respiratórios no inverno, por conta da capacidade olfativa desses animais. O veterinário Diogo Siqueira destacou que os pets com a pelagem fina sofrem mais com o frio. “Cada animal sente de um jeito e é afetado de uma maneira. É sempre bom manter um abrigo contra vento e contra frio. Manter cobertor na casinha e uma caminha mais aquecida”.
Siqueira advertiu que no caso de cães de pequeno porte e pelo longo, as roupinhas podem causar problemas. Para solucionar, o veterinário aconselha escovar o pelo com frequência, principalmente quando colocar roupinha no cachorro. Assim como nos humanos, o frio também deixa a pele dos animais ressecada. “Existem alguns produtos específicos que podem ser utilizados, como alguns hidratantes ou levar em algum banho e tosa para passar hidratante. Isso ajuda muito”, recomendou.
O veterinário disse que o manejo nutricional é importante. “Animais em época de frio, assim como seres humanos, têm um gasto energético maior para se proteger. Então, a mudança da alimentação é necessária”. O veterinário destacou que para essa questão nutricional é necessária uma avaliação da saúde do animal.
Diogo Siqueira disse que para manter o bem estar e qualidade de vida do animal é importante aquecê-lo com cobertores, roupinhas, hidratar a pelagem e cuidar da alimentação. “Essas são medidas preventivas para evitar que seu animalzinho fique doente nessa época do ano”.
Renata Germano, 21 anos, disse que sempre protege o cãozinho Eddie, da raça spitz alemão, do frio com cobertores. “Mesmo o Eddie sendo um cachorro com muita pelagem, às vezes ele fica gelado na época do frio e, por isso, também evito que ele deite no chão frio e coloco ele na minha cama ou na própria caminha dele”.
A veterinária Natalia Miranda Pereira, 35 anos, tem um poodle de 11 anos e também redobra os cuidados nessa época do ano. “No inverno, eu costumo deixar a Tequila bem peluda. Também coloco roupas, deixo ela cobertinha e em um local protegido”.
O empresário Newton de Abreu, 58 anos, disse que não leva a cachorra Amy na tosa no frio. “Procuro sempre manter ela agasalhada. Não toso muito o pelo e mantenho o cobertorzinho onde ela dorme”.
O biólogo Eduardo Yamamoto, 31 anos, disse que não deixa o cão Simon, de 3 anos, na parte externa de casa. “Como ele é um cachorro muito pequeno, eu tenho receio de deixá-lo fora de casa. Eu coloco cobertas, tenho uma cobertinha para ele. Ele sempre fica protegido com roupinha”.
MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA
Essa população está recebendo atenção especial do Poder Público. Na última sexta-feira, a Prefeitura de Campinas anunciou a ação emergencial de ampliação da oferta de vagas em albergues e outras Organizações da Sociedade Civil (OSCs), em razão da frente fria. Essa medida tem como objetivo assegurar que as pessoas em situação de rua tenham um abrigo seguro durante o período de temperaturas baixas. A Administração recorreu a duas entidades para expandir a capacidade de atendimento por meio da “Guadalupe” e “Há Esperança”. Cada uma oferece 40 vagas adicionais. A Casa da Cidadania tem capacidade para atender a mesma quantidade. O albergue municipal Samim continuará a operação regular com capacidade para 110 pessoas.