ALERTA DOS BOMBEIROS

Incêndios se alastram devido a queimada e queda de balão

Segundo a corporação, o número de focos aumentou 66% em relação a 2022

Bianca Velloso/ bianca.velloso@rac.com.br
24/05/2023 às 09:24.
Atualizado em 24/05/2023 às 09:24
Queimada à beira de rodovia prejudica a visibilidade, aumentando os riscos de acidentes de trânsito, além de agravar os quadros de doenças respiratórias durante o período seco (Kamá Ribeiro)

Queimada à beira de rodovia prejudica a visibilidade, aumentando os riscos de acidentes de trânsito, além de agravar os quadros de doenças respiratórias durante o período seco (Kamá Ribeiro)

Campinas enfrenta um aumento preocupante nos casos de incêndios. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, houve um aumento de 66% nos focos de fogo entre os dias 11 e 17 de maio deste ano em comparação com o mesmo período de 2022. Foram registradas 45 ocorrências em 2023, contra 27 no ano anterior. As principais causas desses incêndios são a limpeza de terrenos e a soltura de balões. Com a chegada da estiagem, a situação se agrava devido à escassez de chuvas e à baixa umidade relativa do ar. Essas condições agravam doenças respiratórias, como asma e rinite alérgica, além de atrapalhar a visibilidade dos motoristas nas rodovias e vias públicas.

A Defesa Civil de Campinas, responsável pelo monitoramento de grandes incêndios por meio de satélites, destacou que, devido à redução das chuvas, muitas pessoas têm optado por queimar lixo durante a limpeza de terrenos. As chuvas intensas registradas no primeiro quadrimestre do ano contribuíram para um crescimento acelerado da vegetação, resultando em maior necessidade de limpeza.

O diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, ressaltou que a fumaça resultante dos incêndios representa um risco para a saúde da população, pois contém substâncias que irritam o sistema respiratório, como o monóxido de carbono. A inalação dessas substâncias tóxicas ao longo do tempo pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame cerebral, além de causar síndromes respiratórias a curto prazo. Em casos de exposição inevitável à fumaça, é aconselhável o uso de máscaras. Para minimizar problemas de saúde, é importante monitorar a umidade do ar, e a Defesa Civil orienta evitar atividades ao ar livre entre as 10h e 16h, quando a qualidade do ar geralmente é pior.

O pneumologista Tiago Grangeia ressalta a importância da umidade do ar para o adequado funcionamento dos mecanismos de defesa presentes nas vias aéreas humanas, tais como pêlos e muco, que desempenham um papel protetor. Além disso, a umidade do ar ajuda a prevenir a inflamação da mucosa do nariz e dos brônquios, auxiliando no controle de doenças respiratórias como asma e rinite. "Ao estar em um ambiente úmido, como uma praia, é notável a melhoria dos sintomas respiratórios, pois a entrada de ar nos pulmões ocorre de maneira mais adequada e o sistema respiratório consegue eliminar de forma mais eficiente bactérias e impurezas". Por outro lado, a baixa qualidade do ar pode resultar no aumento dos sintomas respiratórios, tais como tosse, produção de catarro, nariz entupido e coriza, além de aumentar a chance de infecções, como rinite, sinusite e pneumonia.

No dia 22 de maio, foi divulgado o Boletim de Monitoramento de Síndromes Respiratórias em Campinas, que traz dados sobre os atendimentos a pessoas com sintomas respiratórios nos serviços públicos e privados do município. Segundo o documento, houve um aumento de 4% nos atendimentos em Centros de Saúde (CS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Pronto-Socorros do Sistema Único de Saúde (SUS) de Campinas. Durante o período de 7 a 13 de maio, foram registrados 5.644 atendimentos, o que representa um acréscimo de 234 em relação à semana anterior, compreendida entre os dias 30 de abril e 6 de maio.

Uma das características marcantes do outono é a queda de folhas e o médico ressalta que isso pode influenciar no agravamento dos sintomas respiratórios. "Com a redução e queda das folhas, o ar fica mais carregado de pólen, o que pode levar à irritação das vias aéreas, resultando em coriza, tosse, nariz entupido e até mesmo piora de crises de asma e rinite alérgica. Além disso, durante esse período, a poluição atmosférica tende a ser mais intensa e o ar mais seco, o que prejudica o sistema respiratório como um todo." Vale destacar que o outono iniciou em 20 de março e terminará em 21 de junho, dando lugar ao inverno.

Enquanto a estação não chega ao fim, o pneumologista compartilhou algumas medidas sugeridas para minimizar os efeitos negativos na saúde respiratória. Segundo ele, é importante "ingerir pelo menos 2 litros de água diariamente, evitar atividades ao ar livre durante períodos de ar mais seco, utilizar umidificadores de ar em casa (especialmente no quarto, ligando-os 3-4 horas antes de dormir e desligando assim que for deitar para evitar excesso de umidade), praticar atividades físicas em ambientes climatizados (ou evitar realizar atividades ao ar livre durante os períodos de ar mais seco), usar soro fisiológico para hidratar o nariz (por meio de spray nasal ou inalação) e manter uma alimentação saudável com consumo adequado de frutas e vegetais". 

VISIBILIDADE

O coordenador de Operações da Concessionária Renovias, Alberto Correia Junior, ressaltou os perigos dos incêndios nas margens das rodovias e destacou algumas orientações importantes. Segundo ele, ao dirigir em situações com fumaça, é necessário "manter a iluminação traseira e os faróis baixos do veículo ligados, reduzir a velocidade gradualmente sem frear bruscamente, manter uma distância segura do veículo à frente, manter os vidros fechados e utilizar o sistema de ventilação na opção de circulação interna para evitar a entrada de fumaça no interior do veículo, não parar sobre a pista (faixa de rolamento) e não acionar o pisca-alerta enquanto o veículo estiver em movimento". Caso o condutor precise parar o veículo, Junior sugeriu buscar um local seguro e, caso seja possível, "pedir ao passageiro do veículo para entrar em contato com a Concessionária ou Corpo de Bombeiros" ao avistar um foco de incêndio.

Durante o período do outono, ocorreram nove incidentes de incêndio registrados na rodovia que conecta Campinas a Jaguariúna (SP-340), sendo esta sob a administração da Renovias. Até o momento do fechamento desta reportagem, as demais concessionárias não forneceram seus respectivos relatórios.

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