Após o incêndio, moradores retornaram ao prédio na Rua José Paulino para checar os prejuízos materiais (Ricardo lima)
Um dia após um incêndio de grandes proporções atingir um prédio na Rua José Paulino, no Centro de Campinas, os ocupantes das 164 unidades foram liberados a entrarem nos imóveis para pegar pertences. O designer de produto, Felipe Burguês, de 28 anos, retornou ao local e descobriu que o único objeto intacto era uma planta que estava no banheiro. Ele ainda não sabia mensurar o prejuízo, mas perdeu tudo o que conquistou durante a vida.
O fogo, cujas causas serão investigadas, começou em um apartamento no sexto andar do edifício por volta das 16h30. Felipe disse que no começo chegou a suspeitar que era um problema do alarme de incêndio, porque não seria a primeira vez que soaria de forma falsa, mas desta vez era verdade e o jovem perdeu absolutamente tudo que estava no apartamento.
Segundo Felipe, ele estava com o namorado e mais dois amigos, quando escutou o alarme soar. Morador do sétimo andar, ele foi até a janela, viu a fumaça subindo do apartamento do andar de baixo. O jovem contou que pegou documentos e celular e saiu do prédio, tendo tempo apenas de avisar os vizinhos do primeiro andar.
"Não deu tempo de fazer nada. Só sair correndo mesmo. Quando olhei pela janela, a fumaça estava entrando pelo quarto e o fogo veio logo atrás. Consegui voltar somente à noite, quando o bombeiro liberou e vi que tinha perdido absolutamente tudo. A única coisa que sobrou foi uma planta que estava no banheiro", disse o designer.
Felipe contou que somente de uma coleção de sete quadros de artistas campineiros, por exemplo, era avaliada em cerca de R$ 11 mil. Além disso, há outros objetos que ele disse ter um valor sentimental muito maior que o financeiro. "Foram diversas viagens e 11 países que visitei pelo mundo. Muita coisa ali fazia parte da minha história, então não é nem pelo valor financeiro, mas por outras coisas que elas significavam na minha vida", afirmou. O designer está em um hotel e já recebeu a informação que pelos próximos 18 dias, ao menos, seu apartamento vai permanecer interditado.
Thaís Zacchi, de 37 anos, estava dormindo quando escutou um barulho vindo do andar de cima. Moradora do quinto andar, ela estava no apartamento abaixo do qual pegou fogo. Assim como Felipe, ela ainda precisou conferir após o alarme de incêndio tocar, e correu para tirar os gatos da sala, mas eles se esconderam. Neste momento, o desespero dela começou e só foi sanado no final da noite.
"Eu ainda deixei minha porta aberta para ver se eles ao menos fugiam. Passei o restante da tarde e noite chorando e no final da noite, quando subi com os bombeiros, os dois estavam lá, escondidos. Tirei eles, levei para o hotel onde estamos. Mas eles ainda estão bastante estressados, afirmou. Ela disse que seu apartamento está com diversas rachaduras no teto e ela está receosa em voltar a morar ali. "Eu quero uma garantia da Defesa Civil que não vai ocorrer nada", contou.
Ao menos quatro pessoas foram socorridas por inalação de fumaça. Um homem, morador do último andar, teve duas paradas cardiorrespiratórias, mas não há informações sobre o estado de saúde. Uma mulher passou mal por inalar fumaça e foi encaminhada ao Hospital Vera Cruz. Outros dois moradores também precisaram de atendimentos e foram encaminhados ao Hospital Madre Theodora. Todos estes últimos três passam bem.
A Defesa Civil de Campinas informou que esteve no local do incêndio. Na ocasião, nove apartamentos foram desocupados. Como o edifício ficou sem energia elétrica, os demais moradores foram orientados a não permanecer no local.
Na manhã de segunda-feira (18), engenheiros do Departamento de Controle Urbano da Secretaria de Planejamento e Urbanismo fizeram vistoria técnica para avaliar a estrutura da edificação. Os técnicos interditaram seis apartamentos, dois elevadores e a área comum dessas unidades. "Foram interditados quatro imóveis do sexto andar, um do sétimo e um do oitavo. A estrutura do prédio não foi abalada. Os moradores foram autorizados a retirar os pertences", informou o órgão através de nota.
Outro incêndio
Um incêndio destruiu completamente uma casa no bairro Jardim Marisa, em Campinas, na noite de domingo (17). Um cachorro que morava na residência não resistiu à fumaça inalada e morreu. Nenhuma pessoa ficou ferida.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, o incêndio começou por volta das 23h15 e os próprios moradores acionaram a corporação. Três caminhões foram necessários para controlar as chances. Equipes tentaram reanimar o cachorro que estava na casa, mas o animal não resistiu. As causas do incêndio ainda serão investigadas.