Duas novas cultivares de cana-de-açúcar do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, estão sendo disponibilizadas ao setor. Elas foram lançadas na semana passada no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto: a IACSP97-4039 e a IACSP96-7569.“Essas duas cultivares são precoces, e portanto de grande interesse para a indústria sucroenergética, que tem no início e no final da safra seus momentos mais críticos em função da qualidade de matéria-prima e da produtividade, respectivamente”, diz Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador e líder do Programa Cana IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.A explicação para o problema de qualidade, principalmente no início da safra, está associada às condições climáticas, que não favorecem a maturação da cana.A IACSP97-4039 tem perfil para mudar a história da canavicultura no início da safra em razão da precocidade, da qualidade e do longo período útil de industrialização.Ela deverá despertar grande interesse do setor por poder ser colhida, com grande qualidade, do início ao final da safra (abril a agosto), podendo a colheita ser estendida até outubro.“Estas cultivares irão contribuir para que a partir do final de março e início de abril, tenhamos melhor qualidade nos nossos canaviais”, diz o pesquisador do Instituto.O setor sucroenergético tem, no início da safra, problemas de qualidade de matéria-prima e, no final do período, queda de produtividade agrícola. A IACSP97-4039 tem um perfil raro que se caracteriza por ter no início da safra alto potencial de acúmulo de sacarose e por apresentar estabilidade na produtividade agrícola ao longo da safra, segundo o pesquisador do IAC Mauro Alexandre Xavier.Esse alto teor de sacarose do início ao final da safra associado à alta produtividade atribui um perfil que normalmente não acontece com essa intensidade, segundo Landell.O diferenciado teor de açúcar se mantém em qualquer período da safra, inclusive no final (Primavera) - são 6% a mais de sacarose - com elevada produtividade. “São dez quilos a mais de açúcar por tonelada de cana em relação à cultivar mais cultivada no Brasil”, diz Landell.De acordo com o pesquisador, a IACSP97-4039 tem ampla adaptação em diversas regiões do Brasil. “Ela vai muito bem em todo o Centro-Sul do Brasil, com performance excelente para início de safra também nas regiões Centro-Oeste do País e Norte de São Paulo, em solos restritivos”, diz.Já o outro cultivar, a IACSP96-7569, tem colheita de maio a agosto, com alta produtividade e o mesmo elevado teor de sacarose da IACSP97-4039.Com teor de fibra médio, tem ótima adaptação à região Oeste de São Paulo, nos municípios de Andradina, Araçatuba, Presidente Prudente e Adamantina, onde ocorreu a última grande expansão da canavicultura paulista.As novas cultivares deverão ganhar mercado efetivo em 2014. No momento, o IAC está preparando os viveiros e programando multiplicações no núcleo de produção de mudas. Por enquanto, têm acesso aos novos materiais as associações, usinas e empresas parceiras participantes da rede experimental do IAC. 21 opçõesCom esse lançamento, o Programa Cana IAC chega a sua 21 cultivar para o setor sucroenergético, desde sua reorganização, em 1994, além de uma cultivar exclusiva para alimentação animal.Esses materiais foram desenvolvidos dentro do conceito de seleção regional, estratégia aplicada pelo IAC no desenvolvimento de novas cultivares e que traz como vantagem a sua melhor caracterização, considerando o seu desempenho em diversos ambientes de produção.Dessa forma, os novos materiais de cana têm sido recomendados com especificidade quanto aos diferentes ambientes, com associação ao tipo de manejo agrícola e à época de corte no decorrer da safra. “Essa especificidade permite explorar e otimizar a expressão de produção das novas cultivares”, diz Landell.“Os novos materiais de cana vêm se somar ao grupo da Cultivar Mil, marca alcançada este ano pelo Instituto Agronômico. A diversidade agrícola brasileira passa pelo IAC, que também contribui decisivamente na qualidade dos produtos e na produtividade e estabilidade das lavouras a cada nova cultivar disponibilizada aos setores”, afirma o diretor-geral do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell.