O tratorista Milton Nicácio tenta carona no Centro para voltar até sua casa, a 8 quilômetros de distância ( Janaína Maciel/Especial a AAN )
Realizar pequenas tarefas no Centro de Santo Antônio de Posse, como ir ao banco ou à casa lotérica, pode custar muitas calorias e algumas horas de caminhada para quem não possui veículos motorizados. O município de 22 mil habitantes não conta com serviço de transporte coletivo urbano e os moradores pensam duas vezes antes de sair de casa e cortar a cidade a pé. Outras alternativas à caminhada são as caronas solidárias, as bicicletas ou a “frota” de dois táxis existentes em Posse. A Prefeitura diz que bancar o serviço sai caro, mas estuda a concessão para a inciativa privada. Para os empresários, entretanto, a ideia não é animadora.A área total do município atinge 153,9 quilômetros quadrados. Segundo a Administração, a cidade tem 30 bairros e também é cercada por fazendas e sítios. Ônibus, mesmo, só fretados e para outras cidades. E não são muitas: Campinas, Jaguariúna, Holambra, Mogi Mirim e Amparo. A Rodoviária, uma novidade, está com as obras em fase final. O tratorista Milton Nicácio, de 48 anos, trabalha e mora em uma fazenda no bairro Ressaca e frequentemente vai ao Centro da cidade para resolver os problemas pessoais, como pagamento de contas ou compra de mercadorias que não encontra por perto. A distância é de oito quilômetros para ir e voltar, segundo ele. Além da longa caminhada, osol, a chuva e a poeira que encontram pelos caminhos de terra são alguns dos problemas enfrentados por pessoas que moram longe do Centro. Para evitá-los, Nicácio comprou um carro, mas o seu veículo está no conserto. “Já vim muitas vezes caminhando e cansa bastante.” Segundo o tratorista, há a opção do ônibus intermunicipal com destino a Holambra, em média a cada duas horas. “Um dos pontos é um pouco perto do meu destino, mas como demora para passar, acaba nem compensando.”CaronasQuando estão sem coragem para seguir o destino a pé, alguns moradores apelam para as caronas. “Aqui funciona mesmo à base da carona. Tem muito morador generoso e quenem conhece a gente, mas passa e vê esperando no ponto de ônibus e oferece carona”, afirmou o motorista Ariovaldo Teixeira Santos, de 30 anos. “Sempre tem um ou outro que oferece. Quando estou de carro eu também ofereço porque sei como é duro a caminhada”, acrescentou Nicácio. Apesar da boa vontade e generosidade dos motoristas, nem todos se arriscam a recorrer às caronas, principalmente as mulheres. “Só pego quando é meu conhecido”, afirma a empregada doméstica Valdinéia Aparecida de Freitas. Ela mora emum sítio no bairro Ressaca,um dos mais distantes da região central. Ela conta que todos os dias vai caminhando para o trabalho. “Gasto mais ou menos 40 minutos. Cansa, mas é preciso ir”, afirma. Elaine Valéria Polidoro, 31 anos, também mora em um bairro distante, o São Judas, e caminha bastante. Como não dá para enfrentar a longa caminhada com a filharecém-nascida no colo, ela conta com o conforto de um carrinho de bebê e com o apoio do filho mais velho. “Seria bom se a gente tivesseum circular. Ia ajudar bastante.”