ENTREVISTA

Etanol pode ser a salvação da lavoura, diz Landell

Diretor do IAC aposta no derivado da cana para mobilidade sustentável

Manuel Alves Filho e Edimarcio A. Monteiro/edimarcio.augusto@rac.com.br
19/05/2024 às 07:40.
Atualizado em 19/05/2024 às 07:54

O diretor-geral do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Marcos Guimarães de Andrade Landell, visitou a sede do Correio Popular, onde concedeu uma entrevista (Rodrigo Zanotto)

O Brasil possui condições reais de transformar o etanol no principal combustível para a mobilidade humana, assumindo a liderança mundial na redução das emissões de poluentes veiculares, principais causadores do efeito estufa e das mudanças climáticas. Derivado da cana-de-açúcar, um produto renovável, o etanol pode ser utilizado em carros híbridos ou elétricos, por meio da produção de células de hidrogênio que geram eletricidade para alimentar os motores. Esta avaliação é do diretor-geral do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Marcos Guimarães de Andrade Landell. Nos últimos 40 anos, Landell não apenas testemunhou, mas também protagonizou a transformação da cultura canavieira em uma das principais atividades agrícolas do país, que, na última safra, atingiu o recorde de 713 milhões de toneladas, faturou R$ 96,9 bilhões e gerou cerca de 3,6 milhões de empregos diretos e indiretos, sendo um dos setores que mais empregam no país, além de reunir 72 mil agricultores.

"O país tem 8,5% de sua área cultivada e podemos ampliar essa área em pastagens e outras culturas sem a necessidade de desmatamento. Podemos produzir quatro a cinco vezes mais etanol. Isso significa exportar o produto para várias regiões do mundo, transformando-o em um bem de exportação", afirmou o pesquisador em entrevista concedida a convite do presidente-executivo do Correio Popular, Ítalo Hamilton Barioni. Atualmente, Landell está à frente de um dos principais institutos de pesquisas agrícolas do país, que criou mais de 1.150 novas variedades de mais de 100 espécies diferentes em quase 137 anos de história, a serem completados no próximo mês. O diretor-geral do IAC também destaca o potencial da agricultura nacional e como o instituto busca alternativas para financiar suas linhas de trabalho e contornar o esvaziamento, com 57% das vagas de pesquisadores e 80% das de pessoal de apoio ainda abertas.

O senhor é filho de qual cidade?
Eu sou filho de Campinas. Eu tenho a impressão que nos últimos 40 anos sou o único diretor-geral do IAC que é de Campinas. Meus avós paternos moraram nessa cidade, mais ou menos, a partir da década de 20 do século passado. Pelo lado da minha mãe, a família é de Ouro Preto. Meu pai saiu do Culto à Ciência e prestou vestibular na faculdade de Minas, em Ouro Preto, para Engenharia. Ele foi para lá com 15 anos de idade e com 16 anos e meio entrou na faculdade de Engenharia Civil. Ele teve a sorte de aprender instrumentos, tocava bandolim. Ele entrou para uma turma de estudante que saía à noite para fazer serenata. Inicialmente, ele ficou amigo dos irmãos da minha mãe e dos meus avós, que o chamavam para tomar sopa quando acabava a apresentação. Depois, acabou namorando a minha mãe e casando. Depois, ele voltou para cá, entrou na Mogiana (Companhia Mogiana de Estradas de Ferro). Só que ele tinha um vínculo muito grande com Ouro Preto, adorava. Então, duas vezes por ano íamos para lá, isso em uma época que a viagem era aventura. Com isso, acabei criando vínculos com a cidade, acompanha o Festival de Inverno, vi o primeiro que lançaram no final da década de 60, assistia os filmes franceses e aprendi a tocar e compor influenciado por essa história de Minas.

Qual a sua ligação com a música? 
Anos depois, por volta de 1990, eu e um amigo que era ligado ao Clube da Esquina começamos a fazem composições juntos e participar de alguns festivais. Ele me disse que tinha uma melodia há 10 anos, mas não conseguia fazer a letra e me pediu para tentar. Eu tinha ideia de fazer uma homenagem a Ouro Preto por causa da minha mãe. Escrevi uma letra chamada "Vila Rica" e acabei ganhando o festival, que teve a participação de músicos de sete Estados, inclusive o compositor do Secos e Molhados. A música foi muito elogiada porque acharam que tinha muita poesia. Posteriormente, o pessoal do 14 Bis, o Cláudio Venturini, me disse que conhecia mais de 20 músicas que falam sobre Ouro Preto, mas essa é a que tem a poesia mais bonita. Teve uma época que fiquei tentado a seguir a carreira musical, isso no início que entrei no Instituto Agronômico, já formado e com mestrado. Eu pegava um violão e a melodia saía fácil, muito mais do que sendo pesquisador. Tentei compatibilizar a coisas, mas, uns dois anos depois, desisti. Já estava em Ribeirão Preto, que tinha acabado de se tornar a principal região produtora de cana-de-açúcar do Brasil. Nessa época, era comum eu dormir por volta de umas 7 e meia da noite, cansado depois de um dia na estação experimental, colocar o despertador para tocar às 10 e meia e ir me apresentar em bares e tocar as músicas que fazia. Uma e meia da manha ia para a cama para levantar às 6 e começar tudo de novo. Depois, eu vi que era muito apaixonado por pesquisa também e esse caminho era melhor (risos).

O senhor falou no Clube da Esquina. Chegou a ter contato com Wagner Tiso, Lô Borges, Milton Nascimento e outros?
Eu tive contato com Lô Borges em duas ou três ocasiões, almocei com ele, inclusive. Sentávamos à mesa para falar sobre música. Também tive contato com o Toninho Horta. Todos são muito simples. O mineiro tem muito da simplicidade, mas tive mais contato com o pessoal do 14 Bis. Me lembro do Lô Borges contar sobre a emoção dele fazer coisas com Milton Nascimento. O Milton havia acabado de ganhar um prêmio de música em Nova York e o Lô Borges falava, quase chorando, da emoção do Milton ter aberto espaço para os dois trabalharem juntos. Eu me encontrava sempre com esse pessoal no Festival de Inverno de Ouro Preto. Meus avós moravam em uma casa lá, na Rua Direita, que depois descobrimos ter sido o primeiro hotel de Vila Rica, antigo nome da cidade. A casa era de três andares e tinha muitos quartos. Nós éramos em 25 netos, todos ficavam hospedados lá e ainda sobrava quarto. A casa era de 1750 mais ou menos e está lá até hoje. A família vendeu e hoje é uma pousada.

Como foi sua entrada para a Agronomia? 
Eu fiz a faculdade de Engenharia Agronômica em Jabuticabal. Minha família ainda tem uma propriedade, uma fazenda em Casa Branca. Meu avô, que dava aula no Culto à Ciência, era muito multiprofissional. Trabalhava à noite como dentista, durante o dia dava aula no Culto à Ciência, era farmacêutico e ia, nos finais de semana, para a fazenda para tocar o negócio. Ele era muito trabalhador e me ensinou a trabalhar ainda novinho, puxar o café no terreiro, isso quando eu tinha 8, 9 anos. Eu fazia isso com meus primos e virava brincadeira no final. Com isso, fui me apaixonando por essa vida do campo. Meu pai achava que eu seria engenheiro civil, raciocínio fácil na área das Exatas. Eu prestei vestibular, sem fazer cursinho, para a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), mas não passei. Foi o que eu precisava de pretexto para conversar com ele para mudar o curso. Eu disse a ele que não me via em São Paulo no meio daquelas obras grandes, que aquilo me deprimia. Eu queria ficar perto do campo. Ele concordou, mas cobrou que eu me dedicasse aos estudos. Logo no segundo ano do curso já comecei a me envolver com pesquisa. O meu orientador, o professor José Geraldo Baumgarten, adorava o Instituto Agronômico, onde havia sido pesquisador. Ele identificou que eu tinha jeito para pesquisa e começou a investir. Eu já conhecia o IAC porque meu avô me levava lá por ser amigo de pesquisadores. Tudo o que chegava de novidade lá ele plantava no sítio. Esse meu avô, Inácio, tinha uma história que levava à ciência. Ele era sobrinho de um padre que, quando estudou em Roma, fez a Universidade de Física. É o padre Roberto Landell de Moura, meu tiobisavô. Meu avô contava as histórias desse tio e eu ficava deslumbrado. Ele foi o primeiro a fazer uma transmissão de voz a longa distância, a partir da Avenida Paulista, em São Paulo, para um bairro bem distante. Tudo isso acabou me influenciando. Quando estava no último semestre da faculdade, o professor Baumgarten me estimulou a fazer mestrado, em uma época que poucas pessoas faziam. Nessa época, era uma fase difícil para meu pai, porque os três filhos estavam fazendo faculdade, sendo dois fora de Campinas. Para aliviar um pouco, comecei a dar aula de violão e montei uma escola de inglês com um amigo. Por Deus, foi um milagre, em três meses nós conseguimos 330 matrículas em Jabuticabal. Na segunda campanha, seis meses depois, chegamos a 540 alunos. Aí comecei a ganhar muito dinheiro e falei para o meu pai que não precisava mais me ajudar.

 "Escrevi uma letra chamada "Vila Rica" e acabei ganhando o festival, que teve a participação de músicos de sete Estados, inclusive o compositor do Secos e Molhados. A música foi muito elogiada porque acharam que tinha muita poesia"

 A escolha pela ciência foi algo muito sólido, pois o senhor teve duas tentações, a música e o empreendedorismo? 
O meu sócio tinha planos de expandir a escola para outras cidades, mas eu disse que não iria com ele. Meu sonho era ser pesquisador. O dinheiro que estava ganhando na escola me proveu para fazer mestrado. No finalzinho de 1981, fiz concurso para entrar no IAC e participei de um projeto novo com cana, Pro-Oeste. A cana era muito restrita em São Paulo, que tinha muito café, algodão e algumas outras culturas. Na época do Pro-Álcool, algo que muitos países estão indo atrás agora com projetos equivalentes, 50 anos depois, o projeto era levar a cana para o Oeste paulista, que era dominado por pastagens, que era de péssima qualidade, provocava muita erosão e de baixa produtividade. A cana foi escolhida por ser uma planta rústica. Muitas indústrias surgiram lá para fazer etanol principalmente. Algumas depois também passaram a produzir o açúcar. Meus primeiros projetos já no IAC era nessa região, Penápolis, Lins, Araçatuba, que era um fim de mundo naquela época. Eu entrei no IAC no dia 13 de julho de 1982.

A especialidade do senhor é o aprimoramento genético da cana, começou a mexer com isso quando essa tecnologia ainda estava engatinhando. Ainda hoje é novidade em algumas áreas. Hoje, a cana é uma das principais atividades agrícolas do país. O que mudou nessa cultura nessas quatro décadas?
Mudou bastante. O IAC começou a trabalhar com cana dois anos depois da criação do instituto, o que ocorreu em 1887. Foi montado um ensaio, um experimento com 42 tipos de cana com e sem esterco de curral, espécies usadas para a produção de açúcar. Nós temos o relatório dessa primeira pesquisa na biblioteca do IAC. Ao longo os anos, programas de melhoramento genético em todo o mundo, inclusive, no Brasil, no IAC, foram misturando essa cana com outras espécies de canas selvagens para que tivessem mais rusticidade, mais resistentes a seca, por exemplo. Há alguns canaviais hoje com 14 cortes. A planta é cortada, brota de novo e continua produzindo. Normalmente, para ter uma produção rentável, são sete, oito cortes. A cana chegou ao Brasil em São Vicente (litoral paulista) com Martim Afonso de Souza, isso em 1532. Ele trouxe a cana crioula, um tipo que dá, no máximo, dois cortes. A produtividade cai para menos da metade já no segundo, aí é preciso reformar a plantação, plantar de novo. Ela veio da Ilha da Madeira e foi introduzida ao longo da costa brasileira, subiu para a Bahia, Alagoas, Pernambuco, onde surgiram dezenas de pequenos engenhos para a produção do açúcar, que era extremamente rentável naquela época. A produção de açúcar começou na antiga Pérsia, onde hoje é o Irã, isso no século 5. O IAC começou a fazer melhoramento da cana em 1933, fazendo o cruzamento com espécies selvagens. Nessa época, pesquisadores ingleses, na Índia, e holandeses, em Java, criaram programas de melhoramento e eles já haviam conseguido fazer a hibridação com essas espécies selvagens. Em 1924, 100 anos atrás, as canas que tinham em Piracicaba e na região de Campinas foram dizimadas pelo vírus do mosaico. No final da década de 1920, começaram haver importações de mudas dessa regiões. Havia até siglas. A POJ dizia respeito a Java e CO, da região de Corumbatori, na Índia. Essas variedades que vieram da Índia se adaptaram melhor com a condições de clima, solo daqui. Quando comecei a trabalhar com cana, na década de 1980, era comum os canaviais terem três ou quatro cortes. Hoje, temos canaviais com sete, oito até dez cortes com alta produção. Isso se deve ao fenótipo que produzimos através do melhoramento genético. Isso que permite que o etanol seja produzido com preço competitivo em relação à gasolina derivada do petróleo, uma atividade extratora. Quando você consegue colocar em condição de competição uma coisa que é extraída e outra que é produzida, renovável é uma grande conquista. Nós temos na nossa estação de hibridação na Bahia uma coleção das canas antigas. Em Ribeirão Preto, no Centro de Cana-de-Açúcar, nós temos a cana que Martim Afonso de Souza trouxe.

Como o senhor vê o papel do IAC na agricultura brasileira?
Quando começamos nosso trabalho com a cana, o Instituto Agronômico já tinha toda uma história. O IAC, que é uma coisa nossa, aqui de Campinas, do qual temos muito orgulho, construiu e foi o principal ator da agricultura tropical. É uma história que começou com o imperador Dom Pedro II, que percebeu a importância de criar um instituto de pesquisa agrícola no Brasil depois de conhecer um instituto nessa área na Áustria, que era voltada para a agricultura de clima temperado. Ele trouxe esse modelo da Áustria e um jovem pesquisador chamado Franz Dafert, que ficou à frente do IAC por dez anos. Com o fim do império, o IAC, que era federal, tornou-se um órgão estadual, hoje pertencente a Secretaria de Agricultura. Mas o IAC é mais velho do que a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. O Instituto Agronômico desenvolveu novas variedades de feijão, arroz, milho, café e muitas outras culturas, um trabalho maravilhoso. Quando o IAC foi criado, a população brasileira era 6,6% do que é hoje. Eu falo que a agricultura da época era de quintal, que tinha mais de um hectare. Eram enormes, onde era plantada o milho, frutas, mandioca, roça de arroz, feijão. A necessidade do brasileiro naquele tempo, em termos de alimentação, era produzida no quintal. O problema de fome começou a surgir com a explosão demográfica de grandes capitais, por exemplo. A migração urbana. Ocorria também em áreas de seca muita pronunciada, como no Nordeste, onde já ficou dois anos sem cair uma gota de água. As pessoas que começaram a chegar no IAC 130 anos atrás, possivelmente, começaram a estudar coisas que nem eram importantes na época, porque não tinha necessidade. Além de variedade diferentes, começaram a entender como fazia a nutrição das plantas, com o esterco de curral ou o adubo, que estava começando a chegar naquela época. A grande descoberta dos colonizadores na América Latina não foi o ouro de Minas, a prata do Peru, foram novos alimentos. Vocês imaginam a pizza italiana sem molho de tomate? O centro de origem do tomate é aqui. Vocês imaginam a Alemanha sem batata? A batata é de origem peruana, da América Latina.

Um fator crucial que o mundo atravessa tem tudo a ver com a agricultura. A primeira é a mudança climática provocada pela poluição, mas já se questiona o futuro do carro elétrico com a tecnologia hoje disponível para ajudar a combater o aquecimento global. Há estudos que apontam como alternativa os carros elétricos movidos a célula de hidrogênio produzida a partir do etanol, a Unicamp tem pesquisa nessa área. Esse pode ser um novo capítulo para a cana no mundo? 
Eu falei sobre isso na semana passada, no Agrishow, com uma delegação alemã. Eu falei que tudo indica que nós vamos passar por um outro momento. Há também carros híbridos que podem rodar 28, 30 quilômetros com um litro de etanol. Eles perguntaram se o Brasil conseguiria produzir etanol para atender outros países. Eu falei que consegue tranquilamente. O país tem 8,5% de sua área cultivada e podemos ampliar em pastagens, culturas sem a necessidade de abertura de florestas. Nós podemos produzir quatro, cinco vezes mais etanol. Isso significa mandar o produto para várias regiões do mundo, transformá-lo num produto de exportação. Eu acho que a tendência é que aconteça isso. Esses dias o Marcos Fava, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo), comentou comigo que a única possibilidade de se somar ao uso do etanol são motores extremamente eficientes movidos a partir de eletricidade gerada por placas fotovoltaicas, solares, que pudessem produzir com segurança. Não adianta ter uma frente fria, alguns dias tudo nublado e não se consegue mais produzir e a pessoa fica com o carro parado. Essa discussão vai ter, essas tecnologias virão e conseguiremos atender. Há tendência é que haja uma grande mudança nisso tudo.

Qual a sua avaliação da atual agricultura brasileira? 
Ela é extremamente competitiva. No passado, quando me formei, a produção de milho por hectare era sete, oito vezes menor do que é hoje. Houve um salto maravilhoso. Naquele tempo, nós não competíamos de forma alguma com os Estados Unidos no milho. Hoje, os melhores agricultores do Brasil, chegam a bater as melhores produtividades norte-americanas nas mesmas condições, o cerqueiro. Houve uma evolução maravilhosa de técnicas de nutrição, de estratégias de mitigação de déficit hídrico, fisiologia e outras áreas. Foi um grande salto, é uma conquista obtida por todo mundo, o IAC, as universidades de São Paulo, as universidades federais e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Esse fato fez com que os países europeus hoje se protejam muito porque se sentem ameaçados pela nossa agricultura. Eles não competem mais conosco. Então, eles criam pedágios, pênaltis. Eles convencem através de grupos europeus que vêm vestidos de ONGs (Organizações Não-Governamentais), ajudados pelos governos, inclusive o nosso governo federal, que permite que permaneçam aqui dentro, jogando areia no nosso olho. Eles criam a narrativa que eles querem, fogo, não sei o que. Pênalti contra eles: aumentam os impostos sobre o arroz brasileiro em 30, 40%, prejudicando a nossa agricultura. É a forma que encontraram para ter uma produção com custo equivalente.

Qual a situação do Instituto Agronômico?
Em julho completo 42 anos de IAC, três anos na direção. Eu amo o Instituto Agronômico, nasci nesta cidade, eu e meu três irmãos. Tem a história do meu avô, do meu pai, que já contei. O programa Cana IAC está fazendo 30 anos, que é quando fui para Ribeirão Preto. Eu busquei o apoio privado para fazer as pesquisas e foi criada uma fundação que garante os recursos para as pesquisas. Havia uma visão do IAC que não se podia deixar de pesquisar a cana, porque, três anos, quatro anos depois do Pro-Álcool, a cana tinha se tornado a principal atividade do agro paulista, era a principal cadeia, ela se transformou, dando muito dinheiro e gerando muito emprego. Muitas pequenas indústrias, muitas familiares, surgiram em Sertãozinho, Piracicaba, Araçatuba para atender essa atividade. Em 1991, nós criamos um grupo que reunia muita gente que trabalhava com cana-de-açúcar, mas até então não tinha contato. Esse networking foi inspirado no jeito mineiro, nas minhas influências de Ouro Preto. Isso criou um vínculo entre nós e um ano e meio depois surgiu a fundação para garantir as pesquisas. Hoje, o programa Cana IAC é o maior captador de recursos do Instituto Agronômico, o que fez com que não ficássemos a reboque dos recursos do Estado, que é muito lento nas suas respostas. Esse modelo foi adotado por outras linhas de pesquisas, como no caso do amendoim. Muitos pesquisadores do IAC estão se aposentado e linhas de pesquisas são prejudicadas. Isso foi discutido com meus superiores na Secretaria de Agricultura, mas não veio uma resposta imediata. É essa lentidão que a gente costuma alertar, que vem de muitos anos, não é de agora. Hoje, o IAC tem 57% das vagas de pesquisadores abertas, sem preencher. No caso do pessoal de apoio, os técnicos, chega a 80%. No caso da pesquisa com cana, mais ou menos 68% dos agrônomos, biólogos e outros profissionais são contratados com recursos captados juntos as usinas, associações, cooperativas via fundação. Só na Rede Pro-Cana, temos 196 parceiros. Se juntar todas as áreas, temos perto de 300 parceiros.

Qual é o seu hobby para aliviar a pressão de tanto trabalho?
Eu sou cristão, tenho uma experiência cristã muito forte. Desde os meus 15 anos, muitas das composições que fiz são dessa temática. Eu tenho três CDs publicados em uma plataforma de música.

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