PARCERIA

Estrangeiros comparecem ao CPAT em busca de emprego

17ª edição do Feirão promovido pela Prefeitura estendeu as oportunidades de trabalho para imigrantes e refugiados

Bruno Luporini/bruno.luporini@rac.com.br
10/11/2024 às 09:19.
Atualizado em 10/11/2024 às 09:19
Há três anos no Brasil, o haitiano Alex Sagaille mora no Satélite Íris e conseguiu encaminhamento para uma entrevista de emprego (Alessandro Torres)

Há três anos no Brasil, o haitiano Alex Sagaille mora no Satélite Íris e conseguiu encaminhamento para uma entrevista de emprego (Alessandro Torres)

A sede do Centro Público de Apoio ao Trabalhador (CPAT) de Campinas recebeu ontem o Feirão de Empregos e Oportunidades, o primeiro em parceria com a Organização Internacional das Migrações (OIM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta edição, a 17ª, 183 pessoas foram atendidas, entre brasileiros e estrangeiros, com 222 encaminhamentos para entrevista de emprego. O objetivo da parceria com a OIM é facilitar o contato entre os candidatos e as empresas contratantes, dando oportunidade a imigrantes e refugiado.

Foram agendadas 222 entrevistas de emprego.

O haitiano, Alex Sagaille, 27, foi um dos que conseguiram uma encaminhamento para entrevista. Ele está há três anos no Brasil. Primeiro morou em Joinville, em Santa Catarina, mas optou por mudar para Campinas para ficar mais próximo do irmão, que já residia aqui. Ele precisou deixar um emprego em um supermercado por causa da distância e da dificuldade com os horários dos ônibus no retorno para casa, sempre depois das 22h, uma vez que ele mora no Satélite Iris e trabalhava próximo ao Alphaville. “Não deu certo para mim, ficou muito longe”, lamentou. Foi esse o motivo que o levou no CPAT em busca de uma oportunidade melhor. “É ruim ficar desempregado, as horas vão passando e no final do mês tem aluguel, todas as contas, mas vai dar certo.” 

Já para Baguens Pierre, 33, que também veio do Haiti, a busca é por uma oportunidade de melhor remuneração. Em Campinas há cinco anos, ele trabalha em uma companhia aérea no Aeroporto Internacional de Viracopos e contou que gostaria de encontrar um emprego que ofereça um salário mais alto. O objetivo é tentar trazer a mãe e o irmão do Haiti, país que enfrenta uma grave crise política e humanitária, com altos índices de violência e insegurança alimentar. “Só existem voos fretados que saem de lá e cada passagem custa R$10 mil reais por pessoa.” 

Baguens afirmou que não gostaria que a família passasse pelo mesmo caminho que o trouxe ao Brasil. Ele saiu do Haiti e passou por Cuba e Panamá antes de chegar ao Brasil via Guiana Inglesa como refugiado. Ele reforçou que em Campinas encontrou um lugar melhor para viver junto com a esposa. “Eu estou muito feliz, pois quando a gente tem saúde corre atrás do que precisa e graças a Deus está dando tudo certo para mim.

” Assim como Baguens Pierre, Vidal Cavrera, 61, também está à procura por um emprego que tenha uma remuneração melhor. Ele saiu de Cuba com a família há dois anos e atualmente trabalha como gerente de uma loja de calçados. Cavrera contou que ele é a única pessoa com renda em sua casa, uma vez que a esposa, formada em Medicina, ainda não conseguiu a revalidação do diploma e o filho está se dedicando aos estudos, cursando Engenharia da Computação na Unicamp. “Campinas está uma cidade um pouco cara para se viver, mas eu gosto muito do Brasil, aqui temos oportunidades”. 

De acordo com o secretário de Trabalho e Renda, Artur Orsi, a Pasta conseguiu criar 21 mil vagas de emprego até outubro deste ano. No feirão de ontem, 1,2 mil foram disponibilizadas, demonstrando que existe uma oferta de mão de obra. “Nós podemos ajudar essas pessoas que estão aqui, oferecendo um emprego digno para que elas possam efetivamente poder trabalhar e sustentar a família”, destacou Orsi. O secretário ainda afirmou que ocorrerão outros feirões de emprego em parceria com a OIM. 

O assistente social do Centro de Referência ao Migrante, Refugiados e Apátrida de Campinas, Flávio Rodrigo, explicou que, após o final da pandemia, a predominância das imigrações é de mulheres acompanhadas de crianças, ao contrário do que ocorria há 10 anos atrás, quando o fluxo de refugiados que chegavam à cidade era composto predominantemente por homens em idade economicamente produtiva. “Possivelmente são as esposas desses primeiros imigrantes, vindos principalmente da Venezuela”, analisou. Atualmente, o Sistema Nacional do Emprego (SINE) de Campinas possui 58.982 cadastrados, sendo 1.027 estrangeiros. Entre eles estão 597 haitianos, 166 venezuelanos, 68 cubanos e 42 angolanos. 

Os imigrantes e refugiados que precisam regularizar sua situação no Brasil devem entrar no site da Polícia Federal para ter acesso a diversos serviços, no endereço www.gov. br/pf/pt-br/assuntos/imigracao. Após a análise da Polícia Federal, tanto o solicitante de refúgio quanto o imigrante recebem a Carteira de Registro Nacional Migratório. Para tirar o CPF, é preciso comparecer a uma agência dos Correios com o passaporte dentro do prazo de validade, comprovante de endereço e pagar uma taxa de R$ 7,00. Com o número do CPF é possível requerer a carteira de trabalho digital no site www.gov.br/pt-br/temas/carteira-de-trabalho-digital.

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