Rio Camanducaia em Jaguariúna; leito do curso de água receberá obras de desassoreamento (Gustavo Tilio)
O governo do Estado de São Paulo anunciou esta semana medidas emergenciais para minimizar os efeitos da crise hídrica neste ano, que deverá apresentar nível de abastecimento baixo nos reservatórios e estiagem mais severa. Dentre as ações lançadas haverá o uso de águas subterrâneas retiradas de poços tubulares profundos e uma revitalização com limpeza de drenos nos rios. Os atos emergenciais tentam evitar a falta de água no período de seca em 2022, pois as obras de grande porte com a construção de novas barragens em Amparo, Pedreira, Salto e Ipeúna (região de Piracicaba) vão atender a demanda da população somente a partir de 2025.
O primeiro passo foi dado para enfrentar a estiagem neste ano: um plano de perfuração de seis poços tubulares e desassoreamento de 41,9 km de rios nas regiões de Campinas e Piracicaba. Essas ações foram confirmadas no início desta semana pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB), em Campinas. As intervenções buscam aumentar a segurança hídrica e a previsão é a de iniciar as obras nos poços em maio. Os trabalhos serão conduzidos pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), com custo total de R$ 3 milhões, para ampliar a oferta de água que abastece os municípios. Outras medidas serão aplicadas também nos próximos meses, tanto na região de Campinas como em todo o Estado.
Na região de Campinas, as cidades contempladas neste primeiro pacote serão Águas de Lindóia e Santo Antônio de Posse - cada uma com dois poços de 220 metros de profundidade e vazão prevista de 15 m³/h. Os dois poços restantes serão instalados em Tambaú (120 metros de profundidade e vazão de 5 m³/h) e Vargem Grande do Sul (250 metros de profundidade e vazão de 7 m³/h).
Vale lembrar que o município de Santo Antônio de Posse foi uma das cidades da região a ter racionamento de água com rodízio de distribuição para os moradores no ano passado, diante da crise hídrica. Houve restrição severa no abastecimento também em Águas de Lindóia, que chegou a ver a Barragem de Cavalinho com 2% da capacidade em setembro do ano passado, no fim do período de estiagem. Na ocasião, a maior estação de tratamento da cidade passou a tratar metade do que comporta, na época.
Desassoreamento
Francisco Eduardo Loducca, superintendente do Daee, destacou também que o governo fará o desassoreamento de rios e córregos. Ao todo, serão 41,9 km de cursos d'água que deverão passar por trabalhos de revitalização. O percurso abrange rios, córregos e ribeirões de 12 cidades. Deste total, cinco municípios são da região de Campinas: Amparo, Cosmópolis, Espírito Santo do Pinhal, Estiva Gerbi e Monte Mor. Em Amparo, as obras estão programadas para o rio Camanducaia e para o ribeirão do Mosquito. Já em Cosmópolis as intervenções serão no rio Pirapitingui.
O desassoreamento está previsto também em Espírito Santo do Pinhal (córrego Maria Joaquina) e em Estiva Gerbi (ribeirão Anhumas). Em Monte Mor o trabalho está previsto no rio Capivari, no córrego Central e no córrego Aterrado. Segundo Loducca, o objetivo é dar mais fluidez nos cursos d'água e ajudar no abastecimento da população. Visa também evitar inundações em áreas urbanas quando houve chuvas ou temporais esporádicos.
Programa Água é Vida
Essas medidas integram o programa Água é Vida, apresentado em outubro do ano passado pelo Governo do Estado de São Paulo para reforçar a segurança hídrica. O programa pretende beneficiar mais de 2,1 milhões de pessoas em todas as regiões de São Paulo. O Estado vai investir R$ 400 milhões em ações como perfuração de poços profundos em 120 cidades e revitalização de 3 mil quilômetros de rios ao longo de 260 municípios.
Loducca lembrou que o Estado também vai financiar projetos para preservação de mananciais de abastecimento e novos serviços de saneamento, envolvendo diversas Pastas. Coordenado pela Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, o Água é Vida está dividido em quatro eixos principais: "Águas Subterrâneas", "Rios Vivos", "Barramentos" e "Cooperação Técnica com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento".
No eixo Águas Subterrâneas, o Estado vai investir R$ 141 milhões para perfurar 138 poços tubulares em 120 municípios. Os locais já foram mapeados pelo Daee e também vão receber reservatórios de 200 mil litros, com entregas previstas para o primeiro semestre de 2022. O atendimento a 260 municípios receberá investimentos de R$ 90 milhões. Esse eixo ainda prevê repasses estaduais de mais R$ 31 milhões na preservação de 40 mananciais e projetos de tratamento de esgoto.
Já o Rios Vivos prevê a revitalização de cerca de 3 mil quilômetros de cursos d´água no período de um ano. O programa prevê, ainda, uma parceria com as Secretarias de Infraestrutura e Meio Ambiente e de Agricultura e Abastecimento, que vão elaborar uma resolução técnica conjunta com objetivo de simplificar procedimentos do agronegócio e, simultaneamente, garantir proteção hídrica e ambiental no campo.