O uso de máscaras durante o esporte traz apenas benefícios (Cedoc/RAC)
Especialistas desmentem a crença que parte da população ainda tem de que o uso de máscara durante a prática de atividades físicas é prejudicial à saúde. Na edição da última quinta-feira, o Correio mostrou que grande parte dos frequentadores dos parques campineiros ainda resiste ao uso do equipamento, mesmo com a intensa campanha de conscientização sobre a necessidade da proteção. A reportagem gerou repercussão na cidade, sobretudo nas redes sociais, onde muita gente se mostrou desinformada ao afirmar, sem base científica, que uso da máscara causaria problemas, como AVC e ataque cardíaco. O professor de educação física Lucas Wuo explica que nesse momento de pandemia, o uso da proteção durante a prática de exercícios em locais com aglomeração é uma solução e não um problema. “Não tem nenhum tipo de malefício usar a máscara. O malefício hoje, na verdade, vem se não a usar”, disse ele. “É uma questão de não proliferar o vírus, uma vez que durante as atividades você vai estar com o número de incursões respiratórias por minuto aumentado, o que facilita a chance de contaminação em um ambiente com outras pessoas”, ressaltou. O professor destacou ainda que o uso da máscara já é algo utilizado há muito tempo no esporte profissional, em algumas situações específicas. “Apesar de ser um item desconfortável, a máscara não acomete em nada o nível de saturação de oxigênio. O corpo, inclusive, consegue se adaptar a essa nova dinâmica respiratória. Em algumas modalidades esportivas, como no ciclismo, o uso de máscaras ajuda a amenizar questões de temperatura e vento”, comentou. Para o médico epidemiologista André Ribas de Freitas, os únicos problemas que as máscaras causam durante a atividade física são: o desconforto e, em alguns casos, perda leve de rendimento. “Essa resistência das pessoas em não querer usar a máscara não tem muito sentido, porque é uma ferramenta que sabidamente funciona e ajuda a diminuir o risco de contágio do coronavírus”, explicou. Segundo ele, a ideia de que o vírus não se propaga em um ambiente ao ar livre é errada. “A pessoa praticar atividades físicas ao livre numa área onde não tem muita gente é uma coisa. Agora, fazer isso nos parques da cidade, sobretudo no Taquaral, é uma situação completamente diferente. Nesses locais, você tem uma grande concentração de pessoas que se cruzam o tempo inteiro. A chance de contaminação existe e é maior do que muitos imaginam”, disse ele. Questionado sobre a falta de eficácia da máscara caso ela fique molhada pelo suor, o especialista disse que isso não é desculpa. "Se a máscara ficar completamente encharcada é uma coisa, mas não é o que acontece. Ninguém deixa ela completamente molhada somente transpirando e as pessoas também podem trocá-la no meio do exercício”, afirmou. “O mais importante é entendermos que as atividades ao livre tem um risco mais baixo de contaminação, mas que nem por isso devemos deixar de nos proteger. O ideal, inclusive, é fazê-las em locais com pouca ou nenhuma aglomeração”, frisou. Multas Ao todo, 308 pessoas foram multadas em Campinas por não estarem usando máscara de proteção em locais públicos da cidade, sendo 215 em agosto, 77 em setembro e 16 em outubro. O balanço foi divulgado pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) durante transmissão ao vivo pelas redes sociais na internet na manhã de ontem.