Os sócios da empresa Mergulho Sustentável: inovação (Kamá Ribeiro/ Correio Popular)
Uma empresa de Campinas divulga ações de desenvolvimento sustentável, mostrando como pessoas comuns podem colocá-las em prática. Além disso, promove iniciativas que buscam uma economia alinhada com a natureza e boas práticas sociais. A companhia coloca também um holofote em ações inovadoras, mostrando que é possível ser um agente transformador agindo localmente.
Contribui, por exemplo, com projetos como a Comunidade Sustentável, de Araras (SP), e a Mandinga da Favela, de Campinas. Também ministra palestras e workshops para despertar o olhar de funcionários de outras empresas e de pessoas em geral sobre a sustentabilidade em todas as suas vertentes.
A empresa atua baseada em 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Esses objetivos tratam desde a conservação de água potável até a erradicação da pobreza. Também incluem o acesso a programas de saúde e respeito à diversidade de gênero.
A Mandinga de Favela, por exemplo, é uma agência de comunicação gerida por jovens vindos de territórios periféricos, que surgiu financiada pela Fundação FEAC e que foi posta em prática pelo Instituto Padre Haroldo em parceria com o Centro de Referência da Juventude Quilombo Urbano OMG, do Jardim Monte Cristo. A agência foi incubada pela Casa Hacker, e valoriza, e publicita, narrativas periféricas por meio de lentes, câmeras, microfones e de letras.
A agência é apenas um dos projetos em que a empresa Mergulho Sustentável atua. É formada por quatro profissionais, que se conheceram pouco antes da pandemia da covid-19 começar, e que por isso têm feito todo o trabalho via internet. O quarteto não descarta, entretanto, realizar ações híbridas quando a crise sanitária tiver passado.
A professora universitária, Sandra Rigatto, conta que, por meio da empresa, tem a possibilidade de trabalhar com todos os eixos da sustentabilidade. Formada em turismo, mestre em comunicação social e especialista em gestão de marketing de negócios, Sandra também atua na geração de emprego e renda.
Para Sandra, equidade de gênero, permanência das meninas e mulheres nas escolas e empregabilidade são palavras-chave do negócio. "Incentivamos jovens mulheres, em especial mulheres negras, a empreenderem seus negócios e a investirem em educação formativa e em capacitação técnica", afirma.
"Acredito que todos nós fazemos parte de um grande ecossistema, e podemos, e devemos, trabalhar de forma mais setorizada, porque juntos ajudamos a construir o todo. E isso é o grande barato desse grupo: somos diversos nas nossas atividades profissionais, mas juntos em ações que envolvam a sustentabilidade", acrescenta a professora.
A engenheira química Ívi Martins de Carvalho é minimalista há seis anos e autora do blog Minimalismo à Brasileira. “Eu me juntei (à empresa) para ampliar meu impacto nessa mudança de desenvolvimento sustentável, consumo responsável e ações que busquem uma economia mais regenerativa e alinhada com a natureza, já que somos parte dela. Acho que cocriar é o melhor caminho. E já que a gente deixa uma marca no mundo desde que nasce e com cada escolha que a gente faz, que ela seja leve”, declara.
A especialista em economia criativa Juliana Monteiro da Silveira é formada em publicidade e propaganda, e trabalha com mídias sociais. Está envolvida em projetos relacionados à educação e à mentoria de adolescentes carentes. "Conheci as pessoas do Mergulho em reuniões do Movimento Campinas Criativa, e percebi que juntos poderíamos cocriar projetos, que além de ajudar empresas, pudessem ter um propósito social, divulgando a sustentabilidade para mais pessoas e tornando-as agentes de mudança", conta a colaboradora.
A empresa é formada ainda pelo líder comunitário Matheus Vieira de Luca, que é formado em publicidade e propaganda e facilitador de projetos sustentáveis. "Acredito muito no potencial criativo do ser humano como ferramenta de transformação. Por esse motivo, sou apaixonado pelos temas relacionados à colaboração, inovação social, educação e desenvolvimento sustentável
Vejo a Mergulho Sustentável como um projeto que contempla tudo aquilo que acredito. E estar junto de pessoas que estão na mesma busca que eu, torna a jornada muito mais interessante e o sonho de uma sociedade melhor mais perto de se tornar realidade", pontua.
OS 17 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ONU
A Mergulho Sustentável trabalha alicerçada nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Esses objetivos foram decididos pela organização em 2015, por países-membros, em prol da Agenda Mundial de Desenvolvimento Sustentável, que deve ser implementada até 2030, inclusive por empresas.
1. Erradicação da pobreza, por meio de produtos e serviços que beneficiem grupos economicamente vulneráveis.
2. Fome zero e agricultura sustentável, através do apoio a pequenos produtores e à agricultura familiar.
3. Saúde e bem estar, com acesso a programas de saúde.
4. Educação de qualidade, assegurando a funcionários treinamento profissional e aprendizagem
5. Igualdade de gênero, por meio de oportunidades iguais de crescimento profissional, de cargos e salários, do respeito aos direitos humanos e combate a qualquer discriminação ligada à diversidade.
6. Água potável e saneamento, por meio de gestão sustentável e economicamente benéfica da hidrografia onde se atua.
7. Energia acessível e limpa, com a utilização de fontes renováveis.
8. Trabalho decente e crescimento econômico para colaboradores em toda a cadeia de negócios e suprimentos.
9. Indústria, inovação e infraestrutura, investindo em tecnologia para criação de produtos, serviços e modelos de negócios modernos e resilientes.
10. Redução das desigualdades, por meio da criação e implementação de produtos, serviços e modelos de negócios que atendam populações desfavorecidas e marginalizadas, além de políticas de compras que beneficiam pequenas empresas.
11. Cidades e comunidades sustentáveis, através edifícios resilientes, transporte limpo e eficiente, e de espaços-verdes comuns.
12. Consumo e produção responsáveis, através da consciência ambiental.
13. Ação contra a mudança global do clima, com a redução das emissões de gás carbônico associadas às operações fabris.
14. Vida na água, com o desenvolvimento de produtos que eliminem os impactos negativos nos ecossistemas oceânicos (como plástico).
15. Vida terrestre, com políticas e práticas que protejam os ecossistemas naturais dos danos causados pela produção industrial, como a criação de embalagens biodegradáveis, por exemplo.
16. Paz, justiça e instituições eficazes, com medidas contra a corrupção e a violência, nas operações e nas cadeias de abastecimento.
17. Parcerias e meios de implementação, por meio da atuação conjunta do governo com a sociedade civil em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.