BOA NOTÍCIA

Emprego na indústria cresce 76% na região metropolitana

Setor industrial, que paga os melhores salários, abriu 9.119 postos de trabalho

Edimarcio A. Monteiro/edimarcio.augusto@rac.com.br
29/11/2024 às 11:38.
Atualizado em 29/11/2024 às 12:08
No segmento de serviços, o crescimento foi de 22,09%, enquanto a agropecuária teve queda de 35,18%, e o comércio redução de 26,7%; um shopping center de Campinas, localizado no Jardim do Lago, abriu este mês 540 vagas temporárias (Alessandro Torres)

No segmento de serviços, o crescimento foi de 22,09%, enquanto a agropecuária teve queda de 35,18%, e o comércio redução de 26,7%; um shopping center de Campinas, localizado no Jardim do Lago, abriu este mês 540 vagas temporárias (Alessandro Torres)

O emprego na indústria da Região Metropolitana de Campinas (RMC) teve crescimento de 76,04% no acumulado dos dez primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2023, sendo o setor com o melhor desempenho. De janeiro a outubro, ele foi responsável pela criação de 9.119 postos de trabalho com carteira assinada, contra 5.180 de igual período do ano passado, de acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego. "A indústria de transformação está surpreendendo positivamente. Esse emprego é de melhor qualidade, gera uma massa de salário maior e gera uma dinâmica virtuosa do crescimento", disse a economista Eliane Navarro Rosandiski, pesquisadora do emprego do Observatório PUC-Campinas.

Em 2024, o segundo setor que, proporcionalmente, mais gerou empregos foi a construção civil, com elevação de 50,87%. Ele criou 6.985 vagas este ano, contra 4.570 em 2023. No segmento de serviços, o crescimento foi de 22,09%, enquanto a agropecuária teve queda de 35,18%, e o comércio redução de 26,7%. O desemprenho industrial, disse a economista, resulta em aumento de renda e consumo, podendo beneficiar também os outros setores ao estimular a economia. O resultado acumulado ocorreu após a indústria fechar outubro com a criação de 904 vagas na RMC. Esse número representou uma em cada nove vagas criadas pelo setor no Estado de São Paulo. A Região Metropolitana de Campinas foi responsável por 10,91% dos 8.285 novos empregos gerados pela indústria paulista no mês passado, de acordo com o Caged.

Das 20 cidades da RMC, o setor apresentou alta na oferta de vagas em 16. Hortolândia foi a cidade com o maior crescimento no emprego industrial, com a criação de 203 vagas, seguida por Valinhos (168), Americana (123), Jaguariúna (113) e Artur Nogueira (92). Para ter uma ideia do impacto do emprego industrial na economia, o salário médio dos novos contratados pelo setor em Hortolândia foi de R$ 3.256,80 em outubro, valor 37,14% superior a média geral da cidade, R$ 2.374,83, de acordo com os dados do Novo Caged.

INVESTIMENTO

Uma das empresas a contratar no município foi o maior laboratório farmacêutico do país, que investiu R$ 70 milhões na construção da primeira fábrica no país voltada à produção mundial de medicamentos para diabetes e obesidade. A nova unidade instalada no complexo industrial da empresa gerou a criação de 150 empregos diretos e mil indiretos. Ela tem área construída de 2,5 mil metros quadrados e capacidade de produzir 20 milhões de unidades de canetas por ano.

"Desenvolvemos um produto no país, com tecnologia brasileira, do zero. Fabricamos desde a matéria-prima até o produto acabado e, isso, graças aos pesquisadores brasileiros e com o apoio do governo federal, que nos permitiu atingir esse patamar. A empresa completa 60 anos e esperamos que, nos próximos seis anos, faça o que fez nestas seis décadas, transformando-se em uma companhia com portfólio global", afirmou o presidente do conselho do grupo controlador da empresa, Carlos Sanchez.

O laboratório foi fundado há 60 anos e líder no mercado nacional há 18 anos consecutivos. Ele emprega 6,7 mil funcionários em todas as suas unidades. A empresa exporta para 55 países e tem fábrica própria nos Estados Unidos e Sérvia, além de um laboratório de pesquisa na Itália.

DESEMPENHO

O setor industrial foi o segundo maior gerador de empregos na RMC em outubro, atrás apenas dos serviços, com 1.097 vagas. Também apresentaram resultado positivo a agropecuária, com 581 postos, e o comércio, com 491 contratações. A construção civil foi o único segmento em que as demissões superaram as contratações, com o fechamento de 156 vagas. Com isso, a Região Metropolitana fechou o mês passado com a geração de 2.907 empregos com carteira assinada, queda de 51,23% em comparação a igual mês de 2023, quando foram criados 5.957 postos. O saldo foi resultado das 56.803 contratações e 53.896 demissões ocorridas no mês passado.

Nos dez primeiros meses do ano, a RMC acumula a criação de 39.241 empregos, número 1,76% inferior aos 39.947 postos de igual período de 2023. Porém, Eliane Rosandiski ressaltou que o mercado de trabalho segue aquecido, com saldo positivo em nove meses ao longo de 2024. O único mês com desempenho negativo foi junho, quando foram fechadas 745 vagas. Apesar da queda no acumulado do ano, "a gente percebe um crescimento importante da atividade industrial. Então, se esse setor está puxando, continua sendo um elemento positivo", explicou a economista, que também é professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Campinas.

Esse otimismo reflete na expectativa de vendas para as vendas de fim de ano do comércio. Um shopping center de Campinas, localizado no Jardim do Lago, abriu este mês 540 vagas temporárias, a maioria para contratação imediata. Elas são as aproximadamente 180 operações existentes e também para a própria administração do empreendimento. As oportunidades abrangem funções variadas, como vendedores, auxiliares de loja, recreadores, estoquistas, ajudantes de cozinha, caixas e atendentes, e estão disponíveis para perfis diversos, de jovens aprendizes a profissionais mais experientes. Algumas contratações podem se estender até janeiro, aproveitando o aumento de movimento durante as férias e o período de volta às aulas.

Para o coordenador de marketing do shopping, José Carlos Ceryno Macorin, as vagas representam mais do que uma chance de trabalho temporário. "As contratações de final de ano são uma excelente porta de entrada para o mercado, especialmente para quem está buscando uma primeira experiência ou deseja retomar às atividades. Em muitos casos, o emprego temporário se transforma em uma oportunidade fixa, algo muito valorizado pelos lojistas. Estamos confiantes de que, além de ajudar a compor a renda para as festas, as vagas proporcionarão aprendizado e desenvolvimento pessoal para os novos colaboradores", afirmou.

A remuneração média oferecida, dependendo do emprego, vai R$ 2 mil a R$ 3,8 mil. "A temporada de fim de ano, além de encantar o público com sua decoração e programação especial, traz a chance de um 2025 ainda mais próspero para quem busca novas oportunidades", disse José Carlos Marcorin. Esse otimismo é compartilhado pela pesquisadora do Observatório PUC-Campinas. "Do ponto de vista econômico, o quadro é positivo e temos tudo para um 2025 com um saldo positivo também na criação de empregos", afirmou Eliane Rosandiski. 

De acordo com ela, os indicadores macroeconômicos, com a inflação sob controle, mercado de trabalho aquecido, aumento da renda e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do esperado, apontam para uma economia em alta no próximo ano. "Apesar de todas as críticas de alguns setores em relação a situação do país, os números não mostram isso de jeito nenhum. Eles são muito bons", afirmou a economista.

Para a pesquisadora do Observatório, o anúncio de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil a partir do próximo ano poderá contribuir para aumentar a renda e o consumo. "Isso influenciará também quem ganha mais, pois a base de isenção será maior", explicou. Atualmente, a isenção é para quem ganha até R$ 2.259,20, com o novo valor incluindo uma grande gama de trabalhadores. De acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), cerca de 79% da população brasileira recebe até três salários mínimo por mês, R$ 4.236. "A equipe econômica fez uma readequação que, ao mesmo tempo, corta os gastos do governo, mas garante transferência de renda, um remanejamento que deve beneficiar o consumo. Esse remanejamento não deve dar aumento real para o salário mínimo, mas a isenção vai garantir o aumento da renda", disse Eliane Rosandiski.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo Correio PopularLogotipo Correio Popular
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por