No primeiro dia de operação com frota reduzida, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), informou que já pediu para o secretário de Transportes e presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Carlos José Barreiro, rever o esquema do transporte público coletivo municipal para os horários de pico. A declaração foi dada na manhã de ontem, em entrevista à rádio CBN Campinas. O chefe do Executivo disse que já foi verificada grande concentração de pessoas em algumas linhas, fato que não lhe agradou. A redução da frota foi uma das medidas adotadas para o enfrentamento da Covid-19. Na última sexta-feira, a Emdec informou queda na ordem de 40%, no total de passageiros, em comparação aos dias normais. No domingo, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp) apontou redução de cerca de 47% para a mesma data. O cenário apresentado, ontem, foi de filas em terminais e ônibus superlotados nos horários de pico, e veículos e pontos praticamente vazios nos demais períodos. Janaína Kopezky, atendente de 43 anos, que trabalha no Mercado Municipal, no Centro, pegou um ônibus da linha 249 (Parque dos Eucaliptos / Shopping Iguatemi) por volta das 7h30, na Vila Padre Manoel de Nóbrega. Para ela, a espera foi acima do normal. Neste horário, esse veículo, comentou, não estava completamente lotado. Moradores de outros bairros dessa região reclamaram da falta de ônibus, porque as linhas 240 (Jardim Garcia / Shopping Parque Dom Pedro) e 241 (Vila Padre Manoel da Nóbrega / Terminal Mercado I) foram tiradas de circulação. A indignação era referente à necessidade de caminhar de alguns pontos até a Avenida Transamazônica ou Av. John Boyd Dunlop para poder embarcar. Perto das 8h30, era grande a quantidade de pessoas em pontos de embarque e desembarque da Avenida Anchieta, na altura do posto de atendimento da CPFL Paulista no Centro. Estava complicado até para entrar no coletivo. Valdir da Silva, administrador de 53 anos, precisa tomar dois ônibus para ir do Parque Jambeiro, onde reside, até o Jardim San Diego, onde trabalha. A redução da frota é necessária, analisa, mas ressalta que a medida automaticamente vai resultar em veículos superlotados em alguns horários. Ele saiu de casa em torno das 9h, e utilizou a linha 408 (Parque Jambeiro / Rodoviária) para ir até a Avenida João Jorge. De lá, pegaria o 410 (Jd. San Diego). Nos terminais urbanos foram afixados cartazes com recomendações sobre cuidados com os fatores de transmissão da Covid-19 e também informações sobre as linhas que estarão em operação durante o período da quarentena. Para saber, em tempo real, a chegada do ônibus no ponto, a população conta com o aplicativo “Busão na Hora”. Outro lado A Emdec informou, em nota, que avalia, em tempo real, a operação do sistema de transporte público coletivo. Na manhã de ontem, confirma que foram detectadas situações pontuais de lotação em algumas linhas, que já seriam corrigidas para os horários de pico da tarde. “Na programação adotada, os moradores dos bairros Jardim Garcia, Jardim Londres, Vila Castelo Branco e Vila Padre Manoel de Nóbrega são atendidos pela linha 249. Há, portanto, o atendimento mínimo à população destas regiões”, diz trecho do texto. A autarquia informou que o momento exige adaptação dos usuários, que pode incluir deslocamento maior em alguns casos. A orientação é que a população tome ônibus apenas em casos de extrema necessidade. “A Emdec reafirma que as medidas para ajustar a frota de ônibus do transporte público são tomadas diariamente, de acordo com a evolução da pandemia, demanda de passageiros e dinâmica da operação”, encerra a nota. Questionada, a autarquia não informou o número de linhas retiradas de operação e também a quantidade de veículos que vai circular.