PROTETORES DAS ÁGUAS

Em Cosmópolis, os rios contam com grupo de fiéis guardiões

Oscip promove limpeza dos mananciais e leva educação ambiental às escolas

Henrique Oliveira/ henrique.oliveira@rac.com.br
03/12/2022 às 09:42.
Atualizado em 03/12/2022 às 09:42
O ambientalista Márcio Roberto Batista: "Acho que já passou do tempo de incluirmos a educação ambiental como disciplina na grade das escolas públicas e privadas brasileiras” (Gustavo Tilio)

O ambientalista Márcio Roberto Batista: "Acho que já passou do tempo de incluirmos a educação ambiental como disciplina na grade das escolas públicas e privadas brasileiras” (Gustavo Tilio)

Há 20 anos, a Organização Cidadãos Transformadores (OCT) trabalha para difundir a conscientização ecológica junto à população de Cosmópolis, cidade vizinha a Campinas. Entre as atividades desenvolvidas ao longo dessas duas décadas está o projeto denominado "Catadão". A ação consiste em promover a limpeza das margens dos rios da cidade, especialmente da represa do Rio Pirapitingui, responsável pelo abastecimento dos 77 mil moradores de Cosmópolis.

A OCT, que hoje é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), é presidida pelo ambientalista Márcio Roberto Batista. De acordo com ele, além de remover o lixo dos rios, a organização também realiza palestras nas escolas, como forma de estimular as crianças a pensarem e agirem na defesa do meio ambiente local. As ações, explica Batista, são feitas de forma coesa e organizada. Cada um dos nove membros da OCT desempenha um tipo de função.

O ambientalista assinala que as atividades desenvolvidas pelo grupo sempre são orientadas pelos princípios da educação. Segundo ele, os temas abordados são variados, mas há maior atenção com a questão da preservação da qualidade da água dos quatro rios presentes na cidade. Além do Pirapitingui, há ainda o Jaguari, o Ribeirão Três Barras e o Córrego do Barreiro Amarelo. "Esse trabalho nasceu em 2002, a partir da nossa preocupação com a situação ambiental do município. Entendíamos, na época, que não existia uma entidade que pudesse refletir sobre essa questão e levar a educação ambiental para o conjunto da população", pormenoriza Batista.

A respeito do Catadão, considerado a iniciativa mais importante da OCT, o ambientalista esclarece que a ação é realizada todos os anos. Na oportunidade, os integrantes da organização, ajudados por alguns moradores, espalham-se por Cosmópolis para recolher o lixo deixado nas margens dos rios e também os dejetos jogados nas ruas, que frequentemente são carregados pela chuva até os mananciais da cidade.

A missão é realizada com os recursos disponíveis, como sacos de lixo, barcos, caiaques e motos aquáticas. "A primeira limpeza do projeto Catadão foi feita na represa. Foi em dezembro de 2003. Foi uma experiência muito gratificante. Até mesmo os banhistas, que frequentam o local aos finais de semana, uniram-se aos voluntários e ajudaram a remover todo o tipo de lixo que encontravam pela frente, como garrafa pet, isopor, etc", relembra, acrescentando que o resultado do trabalho normalmente pode ser mensurado em toneladas de dejetos recolhidos.

Um dado positivo do esforço realizado ao longo do tempo, continua Batista, é que o volume de lixo retirado dos rios pelo Catadão está diminuindo ano a ano, notadamente por causa da conscientização das crianças. "O contato com os estudantes das escolas municipais e estaduais é sempre muito positivo. Nós levamos fotos e vídeos para explicar a eles a situação dos rios que passam por Cosmópolis. Também falamos da situação das matas ciliares e da importância de se dar a destinação adequada ao lixo doméstico, para que ele não acabe no leito do rio e no estômago de um peixe", conta Batista.

Pelos cálculos do ambientalista, esse tipo de conteúdo alcança cerca de 9 mil crianças anualmente. Para reforçar ainda mais a importância do trabalho executado pela OCT, Batista faz questão de mostrar a água da represa do Rio Pirapitingui. "Olha só, ela está limpinha. Nosso esforço tem dado muito resultado, sim. Temos melhores cidadãos", sentencia.

Matas ciliares

Outro projeto tido como relevante pelo ambientalista é o "Ecologia Viva", cujo propósito é difundir a importância da preservação ou recomposição das matas ciliares. "Nosso trabalho é mostrar aos estudantes o quanto é importante a reposição florestal em Áreas de Preservação Permanente na Bacia do Rio Jaguari". Sobre os próximos objetivos da organização, após 20 anos de atuação em Cosmópolis, Batista diz que se sente satisfeito com o que a organização realizou até o momento. Entretanto, admite que ainda há muito trabalho a ser realizado. "Acho que já passou do tempo de incluirmos a educação ambiental como disciplina na grade das escolas públicas e privadas brasileiras. Só vamos eliminar a problemática da destruição da natureza através da educação e conscientização ambiental", defende o ambientalista.

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