O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Francisco Matturro, na cerimônia dos 135 anos do Instituto Agronômico de Campinas (Ricardo Lima)
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Francisco Matturro, afirmou na teça-feira (28) que está descartada qualquer prática da atual gestão estadual em fazer uma reforma geral na área da pesquisa e ciência na pasta da Agricultura como forma de unir institutos de pesquisa e promover um 'enxugamento da máquina'.
A declaração foi dada durante a celebração que comemorou os 135 anos de existência do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que reuniu lideranças da ciência e da agricultura do Brasil, agricultores de diversos setores e representantes da indústria do agro. Da prefeitura, participou a secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Adriana Flosi.
No Estado, vinculados à pasta estadual da Agricultura, existem oito institutos e 18 polos de pesquisa. O IAC é o mais antigo deles. Segundo o secretário, está descartada qualquer manobra que possa unir essas estruturas. A preocupação dos pesquisadores com essa possibilidade surgiu no ano passado a partir da aprovação da lei 17.293, que levou à extinção de entidades ligadas à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, como o Instituto Florestal, Instituto de Botânica e Instituto Geológico.
"Não vamos realizar nenhuma interferência nos institutos de pesquisa, senão incentivá-los a seguir com a pesquisas voltadas à inovação, que já é uma vocação dos institutos muito bem representados pelo IAC. É a pesquisa feita lá atrás que garante o nosso presente. E assim será para garantir o nosso futuro", disse o secretário.
No evento, o secretário ressaltou os investimentos aplicados na pesquisa no Estado. Segundo ele, foram R$ 102 milhões aplicados pela secretaria nos institutos para fomento e desenvolvimento da pesquisa. O IAC foi contemplado com o recurso já executado de cerca de R$ 8 milhões.
Entre as pesquisas apresentadas como destaque nas comemorações de 135 anos do instituto esteve o lançamento da cultivar IAC Citral 1 de Lippia alba, conhecida no Brasil popularmente como erva cidreira. Resultante do melhoramento genético desenvolvido pelo IAC, a nova cultivar inédita no mundo irá atender ao mercado crescente de plantas aromáticas e medicinais, chá e óleos essenciais.
Nas comemorações, o secretário também comentou sobre outra questão apontada por pesquisadores como preocupante, a falta de concursos públicos para compor o quadro de funcionários do IAC.
Segundo pesquisadores, pesquisas importantes poderão ser paralisadas por falta de pesquisadores e profissionais devido muitos já terem se aposentado e outros estão próximos de se aposentar. Como não há contratação de pessoal, o temor é as pesquisas cessarem. Para os pesquisadores a previsão é haver uma redução de 45% dos trabalhadores até 2025 caso não seja autorizada a abertura de concursos e a contratação.
O secretário explicou que os concursos estão suspensos por determinação, mas o estado já avalia a abertura de concursos para o próximo ano. "Assim que for liberado iremos realizar concursos e abrir a contratação para repor as vagas de profissionais que estão deixando a pesquisa", garantiu o secretário.
Representantes da Associação dos Pesquisadores do Estado de São Paulo (APqC), destacaram a defasagem nos salários dos pesquisadores, que segundo eles está menos que a metade de uma bolsa de estudos de pesquisa. Para a classe, é emergencial uma reposição salarial para garantir que o pesquisador siga o caminho da pesquisa nos institutos estaduais.
As comemorações dos 135 anos do IAC ainda contaram com o lançamento de seis cultivares de batatas-doces ornamentais e outras tecnologias, além da entrega do Prêmio IAC, oferecido anualmente a servidores do instituto. Nos últimos 12 meses, o IAC disponibilizou 40 novas cultivares de diversas espécies, o que mostra a força da pesquisa promovida pelo centenário instituto, fundado pelo então imperador do Brasil Dom Pedro I.